O Nepal viveu uma transição política inédita. Após uma semana de protestos que deixaram ao menos 51 mortos e levaram à renúncia do primeiro-ministro K.P. Sharma Oli, a decisão sobre o novo governo ganhou força em um palco inesperado: o Discord.
A plataforma se apresenta como um espaço para conversas por voz, vídeo e texto, usada no dia a dia por comunidades de jogos, estudantes e grupos de amigos. Durante a crise, tornou-se um ‘Parlamento digital’.
Jovens ativistas organizaram uma convenção virtual extraordinária dentro da plataforma. O evento foi transmitido pela TV e por portais locais para escolher o novo líder do governo interino.
“O Parlamento do Nepal agora é o Discord”, disse Sid Ghimiri, criador de conteúdo de 23 anos.
Após debates e votações online, o grupo propôs ao Exército o nome de Sushila Karki, ex-presidente da Suprema Corte, para chefiar o governo de transição.
No dia 12 de setembro, Karki tomou posse como primeira-ministra interina, tornando-se a primeira mulher a ocupar o cargo no país.
O Discord é uma plataforma de comunicação que reúne voz, vídeo e texto em comunidades online.
Criada em 2015, a plataforma foi destinada inicialmente para jogadores, hoje é usada em diferentes contextos, de grupos de amigos a projetos de estudo e debates públicos.
A empresa se apresenta como um espaço digital para conexões significativas. Em seus servidores, os usuários podem criar salas privadas ou abertas, organizadas por temas específicos.
Embora muitos a utilizem para jogos, a plataforma se expandiu para áreas variadas, incluindo educação, cultura, música e até apoio psicológico.
Cada servidor é dividido em canais de voz e de texto, permitindo conversas em tempo real ou de forma assíncrona. Esse modelo facilita encontros virtuais dinâmicos, em que pessoas de diferentes regiões podem interagir entre si.
A própria empresa destaca que o Discord é visto como “um lar para comunidades de todos os tamanhos”, no qual cada usuário decide com quem quer conversar e sobre quais temas.
Foi esse caráter de liberdade e organização colaborativa que atraiu os jovens do Nepal a usar a plataforma como arena política em meio à crise nacional.
O estopim da crise no país foi a decisão do governo de bloquear 26 redes sociais, como Facebook, WhatsApp, YouTube e X. A justificativa oficial foi a falta de registro das plataformas junto ao Estado.
Mesmo após o desbloqueio, a repressão policial manteve a indignação nas ruas. Pelo menos 51 pessoas morreram desde a última segunda-feira (8), e mais de 400 ficaram feridas.
Jovens lideraram os protestos com gritos como: “Punam os assassinos do governo. Parem de matar crianças”.
A crise se agravou com o desemprego entre jovens, que chega a 20% na faixa de 15 a 24 anos, segundo o Banco Mundial, e pelo baixo PIB per capita, de US$1.447 (R$7.800).
A instabilidade também levou a fugas em massa: cerca de 13.500 presos escaparam de cadeias em todo o país. Até quinta-feira (11), apenas 200 haviam sido recapturados, deixando mais de 12 mil foragidos.
Saiba mais sobre a crise no Nepal no canal da Brasil Paralelo.
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