
Uma nova polêmica tomou conta de Portugal neste fim de semana. Cartazes da candidatura de André Ventura à Presidência da República foram espalhados em cidades como Moita e Montijo, com frases que provocaram indignação e acusações de xenofobia e racismo.
Em um dos outdoors, lia-se “Isto não é o Bangladesh”. Em outro, a frase “Os ciganos têm de cumprir a lei”. As mensagens, afixadas em áreas públicas, rapidamente viralizaram nas redes e geraram reações políticas e diplomáticas.
O presidente da Câmara Municipal da Moita, Carlos Albino, confirmou em entrevista que os cartazes estão espalhados por várias localidades, inclusive perto da piscina municipal. Para ele, o conteúdo é “atentatório à lei da não discriminação”.
“Quando se fala que certas pessoas têm de cumprir a lei, todos temos de cumprir a lei, sejamos alentejanos, beirões, lisboetas ou moitenses. A lei é para todos, a começar por André Ventura”, afirmou o autarca.
Albino defendeu que a Câmara não apresentará queixa, mas que o Ministério Público deve agir por conta própria, já que os atos são públicos e configurariam possíveis crimes de xenofobia e racismo.
“Isto não pode ficar impune”, declarou o presidente da Câmara.
Ventura respondeu às críticas em suas redes sociais, reafirmando o conteúdo dos outdoors.
“Qual é o problema de dizer que Portugal não é o Bangladesh? Querem que seja? Gostariam de viver num país assim? Se é isso que querem, é só apanhar o avião e não voltar. Nós não vamos deixar Portugal apodrecer!”, escreveu o candidato.
O caso ganhou contornos diplomáticos após a Embaixada de Bangladesh reagir oficialmente nas redes sociais, pedindo calma à comunidade imigrante e garantindo que as autoridades portuguesas foram acionadas.
O jornalista Farid Patwary, natural de Bangladesh e residente em Portugal há dez anos, também criticou o teor das mensagens.
“Às vezes enfrentamos esse tipo de coisa online. Mas quando há um cartaz na rua, a maldade é maior”.
Farid afirmou que sempre considerou Portugal “um país seguro e acolhedor” e cobrou uma resposta firme do governo:
“Portugal não deve ficar em silêncio. Se alguém brinca com o nome do país, eu também não vou gostar. Eu vivo aqui.”
A polêmica gerou discussões em Portugal sobre os limites da liberdade de expressão e o uso de mensagens provocativas em campanhas eleitorais.
O episódio também rendeu debates sobre o tratamento dado a comunidades ciganas e imigrantes, em meio ao aumento do número de trabalhadores vindos de Bangladesh, Índia e Nepal nos últimos anos.
Nos últimos dias, André Ventura publicou um vídeo em suas redes sociais mostrando um tiroteio entre grupos ciganos e comparando o país a um faroeste.
Ventura é deputado e líder do partido Chega, criado em 2019. A legenda ganhou destaque na política portuguesa com pautas de viés conservador e apoio de eleitores insatisfeitos com os partidos tradicionais.
A candidatura presidencial de Ventura é tema de análise jurídica e política após a divulgação dos cartazes, e o Ministério Público português avalia se abrirá uma investigação formal sobre o caso.
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