A arte brasileira perdeu hoje um de seus maiores nomes. Francisco Cuoco, ator que atravessou gerações com sua voz grave, olhar marcante e uma presença que impunha respeito nas telas, morreu aos 91 anos. Ele estava internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde vinha tratando problemas de saúde. A causa da morte não foi divulgada.
Nascido em 29 de novembro de 1933, no tradicional bairro do Brás, em São Paulo, Francisco Cuoco foi filho do feirante italiano Leopoldo Cuoco. Sua origem humilde nunca o impediu de sonhar alto. Nos anos 1950, trocou os bancos da faculdade de Direito pelos palcos do teatro — decisão que selaria seu destino com as artes.
Cuoco fez sua estreia profissional no teatro em 1958, atuando ao lado de Fernanda Montenegro e Sérgio Britto (1923–2011). Na peça A Muito Curiosa História da Virtuosa Matrona de Éfeso, dirigida por Alberto D'Aversa, ele interpretava um gladiador que já aparecia morto no palco. Seu papel não tinha falas.
Seu primeiro grande papel veio em 1961, quando interpretou Werneck na peça “O Beijo no Asfalto”, de Nelson Rodrigues, sob direção de Fernando Torres. Ali nascia um protagonista. A transição para a televisão não demorou. Em 1964, estreou como protagonista na novela “Renúncia”, escrita por Walther Negrão, na TV Record.
Com o passar dos anos, Cuoco se tornou um rosto familiar e querido pelo público, integrando o panteão de atores que moldaram a identidade da teledramaturgia brasileira. Seus papéis em novelas como Selva de Pedra (1972), O Astro (1977), O Clone (2001), América (2005) e Cobras & Lagartos (2006)marcaram época e conquistaram audiências estratosféricas, sempre com personagens que transbordavam carisma, força e complexidade.
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Também deixou sua marca no cinema, atuando em obras como Cafundó, Gêmeas e Traição, além de participações cômicas com Renato Aragão, em filmes como Um Anjo Trapalhão.
Mesmo com o sucesso na televisão, jamais renegou suas raízes teatrais. Depois de anos afastado dos palcos, retornou em 2004 com a peça Três Homens Baixos, reencontrando o prazer do contato direto com o público.
Na vida pessoal, viveu relações discretas, mas marcantes. Casou-se com a atriz Carminha Brandão e, depois, com Gina Rodrigues, com quem teve três filhos. Em 2013, surpreendeu ao assumir um relacionamento com Thaís Almeida, 54 anos mais jovem — romance que chegou ao fim em 2017.
Nos últimos anos, lutava contra problemas de saúde como ansiedade e obesidade. Chegou a pesar 130 kg, o que o afastou dos holofotes. Sua última aparição na televisão foi em Salve-se Quem Puder, de 2020.
Francisco Cuoco parte deixando uma lacuna irreparável na dramaturgia nacional. Foi um dos poucos artistas capazes de atravessar décadas mantendo a relevância, o respeito e a admiração do público.
Seus olhos se fecharam nesta quinta-feira, mas a imagem de Francisco Cuoco segue viva na memória de milhões de brasileiros. Sua trajetória é prova de que a televisão pode ser lugar de arte e permanência — e seu nome, agora, está entre os que fizeram história.
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