No final da tarde de ontem (26/06), um grupo de militares liderado pelo general Juan José Zúñiga tentou tomar o poder na Bolívia. O presidente do país descreveu o episódio como “uma tentativa de golpe de estado”. Luis Arce destituiu Zúñiga do posto de chefe do exército no dia anterior. A alegação era de que o militar ofendeu o ex-presidente Evo Morales, afirmando que ele não poderia mais ser presidente do país.
“Se for necessário, não permitirei que ele pise na Constituição, desobedeça ao mandato do povo”, teria declarado Zúñiga em entrevista a uma TV local, segundo a BBC Brasil. A afirmação teria sido uma ameaça a Morales.
Zúñega teria se revoltado com a situação e reuniu um grupo de militares para tentar invadir a sede do governo boliviano na capital La Paz. Numa entrevista divulgada nas redes sociais, o ex-comandante do Exército afirmou que a atitude era uma resposta ao grito do povo, que estaria cansado das elites que estariam “destruindo a pátria”.
Ao entrar na sede do governo boliviano, Juan José Zúñiga foi preso por militares. Imagens divulgadas em redes sociais mostram o militar discutindo com o chefe do executivo, afirmando ter colocado tanques nas ruas acatando ordens do presidente.
"No domingo (23/06), eu me reuni com o presidente no colégio La Salle. Ele me disse que a situação estava muito ‘ferrada', e que esta semana seria crítica. Então seria preciso preparar algo para levantar sua popularidade", alegou Zúñiga enquanto estava sendo preso.
A BBC Brasil informou hoje pela manhã que movimentos sociais e cidadãos que apoiam o presidente foram às ruas para protestar contra a ação dos militares. O presidente se pronunciou em cadeia nacional de televisão.
Luis Arce ressaltou que o governo estava firme para enfrentar quaisquer tentativas de golpe e agradeceu aos cidadãos que se manifestaram em seu apoio. No discurso, Arce saudou organizações sociais e convidou as pessoas a “mostrar mais uma vez a democracia ao povo boliviano”.
Os acontecimentos de ontem (26/06) repercutiram ao redor do mundo. Aliados do mandatário boliviano manifestaram apoio ao governo de Luis Arce e classificaram a atitude dos militares como antidemocráticos.
O presidente Lula afirmou que o governo brasileiro condena quaisquer formas de golpe de Estado na Bolívia e chamou o país de irmão.
Dentre os representantes de países que se opõem ao regime em vigor na Bolívia, a chanceler argentina Diana Mondino se manifestou em sua conta no X. A diplomata afirmou que as formas de governo devem ser alteradas apenas por decisão nas urnas. O clima na região ainda é incerto e até o momento não se sabe quais os próximos passos do governo boliviano.
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