O que deveria ser uma palestra na Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba, transformou-se em tumulto.
Nesta terça-feira (9), estudantes contrários à presença do advogado Jeffrey Chiquini e do vereador Guilherme Kilter (Novo-PR) expulsaram os dois do prédio histórico da instituição.
O evento foi marcado por tensão e de gritos como “Recua, fascista”. Após as agressões, Chiquini e Kilter foram conduzidos por seguranças à sala dos professores.
A Polícia Militar foi acionada e enviou reforço da tropa de choque para dispersar o grupo. Houve uso de bombas de efeito moral durante a ação.
O vereador relatou que sofreu “tapas e empurrões” ao tentar entrar no auditório onde a palestra ocorreria. Segundo Kilter, o local já estava ocupado por manifestantes no momento de sua chegada com Chiquini, o que impediu a realização do evento.
Kilter escreveu em sua rede social que, após o ocorrido, vai concentrar seus esforços em recuperar as universidades “sequestradas por comunistas”.
Durante o tumulto, Chiquini fez uma transmissão ao vivo. Ele afirmou que foi agredido e que havia cerca de 500 manifestantes.
“Fui expulso da UFPR porque vim palestrar sobre Estado Democrático de Direito. Eu apanhei de todo lado. Cerca de 500 pessoas nos expulsaram.”
O advogado também rebateu os gritos de “fascista” ouvidos durante o ato: “O Brasil não é de vocês, comunistas. Vocês viraram marionete de um sistema corrupto.”
Anne Dias, advogada e comentarista da Gazeta do Povo, ex-aluna da instituição e convidada a acompanhar a atividade, também foi hostilizada.
“Foi horrível. Uma pessoa me relatou que teve o celular furtado durante a manifestação. Bateram nas pessoas, derrubaram um professor. Não conseguimos fazer o evento, era só um debate sobre o Supremo Tribunal Federal”.
O neurologista Fernando Cabral, ex-aluno da Universidade Federal do Espírito Santo, defendeu a importância de que se mantenha as universidades públicas como espaço de diversidade de ideias:
“A universidade é um local de difusão de ideias, um espaço de conversa entre diferentes, de onde podem surgir novas reflexões. É o centro do conhecimento. Vamos defender as universidades federais, que eu valorizo muito, mas sempre com dignidade e respeito.”
A universidade informou que a palestra havia sido cancelada pouco antes do início da confusão e que os palestrantes tentaram entrar à força no prédio público.
“Contudo, conforme vídeos, um grupo com os palestrantes forçou a entrada, empurrando o Vice-diretor do Setor, o que desencadeou uma série de reações que culminaram em uma resposta desproporcional das forças de segurança pública em relação à comunidade que se manifestava”.
Henrique Lejambre comentou na rede social X que a atitude dos dois palestrantes foi proposital, pois seria usada como pretexto para acusações de censura.
A Universidade Federal do Paraná publicou em seu site oficial uma nota anunciando o cancelamento do evento. No comunicado, reforçou o compromisso da instituição com o Estado Democrático de Direito e com a liberdade de expressão.
“A Direção do Setor de Ciências Jurídicas e a Reitoria da Universidade Federal do Paraná informam que o evento previsto para ocorrer no Salão Nobre, nesta data, foi cancelado pela docente organizadora minutos antes de sua realização.
Contudo, conforme vídeos, um grupo com os palestrantes forçou a entrada, empurrando o Vice-diretor do Setor, o que desencadeou uma série de reações que culminaram em uma resposta desproporcional das forças de segurança pública em relação à comunidade que se manifestava.
O evento foi organizado por uma professora do curso de Direito que tem autonomia para a promoção da atividade.
Diante da repercussão nas redes sociais semanas antes do evento, a Direção do Setor de Ciências Jurídicas da UFPR alertou a professora responsável quanto aos riscos à integridade física da comunidade acadêmica e participantes.
A autorização para uso dos espaços da universidade, quando atendidos os requisitos formais, é concedida de forma isonômica aos solicitantes.
A UFPR, enquanto instituição pública e plural, tem compromisso com a defesa do Estado Democrático de Direito, liberdade de expressão e condena toda forma de violência.
Assinam:
Direção do Setor de Ciências Jurídicas da Universidade Federal do Paraná
Reitoria da Universidade Federal do Paraná”
Hostilidade a ideias divergentes, repressão velada e militância travestida de representação estudantil não são exclusividade de um evento. Para muitos alunos e professores, essa é a rotina dentro das universidades brasileiras.
Há salas com paredes pichadas, banheiros depredados e aulas onde a ideologia pesa mais do que o conteúdo.
Para revelar esse cenário de dentro, a Brasil Paralelo produziu o documentário Unitopia, com relatos inéditos de quem vive sob pressão ideológica nas maiores instituições de ensino do país.
Assista ao primeiro episódio gratuitamente.
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