“O bebê estava chorando”
O pai da criança afirma que a gestante foi internada com sangramento e os médicos decidiram induzir o parto, pois ela estava com cinco meses de gravidez.
Pouco depois, os médicos declararam o bebê morto e o encaminharam ao necrotério, embalado em um saco plástico.
A família passou a noite preparando o funeral. Na manhã seguinte, durante o velório no Cemitério Morada da Paz, a tia da criança pediu para ver o rosto do sobrinho e percebeu que ele se mexia e chorava.
“Disseram que a criança nasceu sem vida, colocaram num saco e levaram para o necrotério. A gente estava indo pro enterro. Quando abri o caixão, ele estava chorando. Isso é muita negligência, e a gente quer justiça”, disse Maria Aparecida, tia do bebê.
Em pânico, os parentes levaram o recém-nascido de volta para a maternidade, onde ele foi atendido às pressas pela equipe de plantão.
Estado grave e investigação
A pediatra Mariana Collodetti, responsável pelo atendimento, informou que o bebê nasceu com 23 semanas e cinco dias, pesando 520 gramas, em um quadro de prematuridade extrema.
“É uma situação crítica. O bebê está entubado, com suporte total na UTI neonatal. Ele está em estado grave, porém estável”, explicou a médica.
Segundo o primeiro laudo emitido na sexta-feira, a causa da morte havia sido hipóxia intrauterina, falta de oxigenação do feto durante a gestação.
O caso agora é investigado pela Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre) e pelo Ministério Público Estadual (MP-AC). A Polícia Militar também foi acionada.
O tenente Israel, responsável pela ocorrência, afirmou que o boletim será encaminhado à Delegacia de Polícia Civil para apurar se houve negligência médica.
“Coletamos depoimentos de testemunhas e familiares. É necessário verificar se houve falha nos procedimentos da maternidade”, disse o policial.
O que diz a Secretaria de Saúde
Em nota, a Sesacre informou que os protocolos de reanimação foram seguidos e que o bebê foi declarado sem sinais vitais após o parto. A pasta anunciou uma apuração interna e reforçou que o recém-nascido permanece em estado gravíssimo na UTI.
O MP-AC, por meio da 1ª Promotoria Especializada de Defesa da Saúde, também requisitou informações à Sesacre e à maternidade.
O órgão disse que atua para garantir que “todas as circunstâncias sejam esclarecidas e eventuais responsabilidades apuradas”.
Segundo relatos encaminhados ao MP, uma funerária particular chegou a recolher o corpo para o enterro quando a tia percebeu o choro. O bebê foi imediatamente retirado do caixão e levado de volta ao hospital.
Situação do bebê
Até a última atualização, o bebê permanecia internado em estado gravíssimo, com suporte intensivo e vigilância médica constante. A família afirmou que seguirá com ações judiciais para responsabilizar os envolvidos e pede que o caso sirva de alerta.
“Ele nasceu para viver. Se fosse enterrado, ninguém saberia o que aconteceu. A gente só quer que investiguem e que isso nunca mais aconteça com ninguém”, disse o pai, Marcos Fernandes.