Uma investigação parlamentar trouxe à tona denúncias alarmantes contra o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do MST, a quinta desse tipo, expôs relatos de uma suposta "lei paralela" em acampamentos do movimento. Segundo a deputada federal Caroline de Toni, que visitou diversos acampamentos pelo Brasil, existem regras internas rigorosas e condições de vida que levantaram preocupações.
Segundo De Toni, até mesmo João Pedro Stédile, uma das figuras mais proeminentes do MST, teria admitido a existência dessas normas, com punições que incluíam a expulsão de quem as desrespeitasse. No entanto, nenhuma declaração pública de Stedile confirmando isso foi encontrada em registros oficiais.
Os depoimentos de ex-integrantes do movimento intensificaram as acusações. Nelcilene Reis, que viveu em um acampamento entre 2016 e 2019, descreveu um cenário de manipulação.
Ela afirmou que famílias eram tratadas como "massa de manobra", forçadas a trabalhar sem remuneração e submetidas a punições severas, como a destruição de seus abrigos caso resistissem à expulsão.
Joviniano José Rodrigues e Noemia José dos Santos, ex-membros de acampamentos Goiás, foram ainda mais longe, acusando o MST de desviar recursos, transformar acampamentos em "cativeiros" e praticar violência física.
Os relatos pintaram um quadro de controle rígido. Moradores estariam sob vigilância constante, obrigados a seguir regras estritas e a participar de formações ideológicas, muitas vezes em espaços que deveriam ser usados para produção agrícola. A falta de saneamento básico e o acesso limitado a serviços essenciais também foram apontados como problemas crônicos.
Uma denúncia particularmente alarmante envolveu a existência de "mercadinhos" internos, onde produtos seriam vendidos a preços inflados, prendendo os assentados em um ciclo de endividamento.
Para conhecer os relatos de quem vive essas histórias na pele, a Brasil Paralelo investigou as origens, as ações e foi até algumas das maiores ocupações do MST visando compartilhar informação de qualidade com os brasileiros.
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Enquanto as acusações ecoavam no Congresso, o MST se preparava para se defender. Em comunicados oficiais, o movimento negou veementemente as denúncias, chamando-as de frágeis e sem provas. Para líderes como João Paulo Rodrigues e João Pedro Stedile, a CPI não passava de uma manobra política para desviar a atenção dos crimes do agronegócio, como desmatamento e trabalho análogo à escravidão. Eles insistiram que o MST é guiado por princípios de organização coletiva, visando a democratização do acesso à terra, e não por práticas autoritárias.
O movimento encontrou apoio em diversos setores da sociedade. Em uma nota contundente, o MST afirmou que a investigação era parte de uma ofensiva maior para enfraquecer o governo Lula e criminalizar a luta pela reforma agrária.
Em 27 de setembro de 2023, após meses de audiências acaloradas, a CPI chegou ao fim sem cumprir seu objetivo principal.
O relatório final, elaborado por Ricardo Salles, não foi votado, e um pedido de prorrogação foi rejeitado.
Embora o documento tenha sido enviado informalmente à Procuradoria-Geral da República, sua falta de aprovação oficial deixou as denúncias sem validação. Para o MST, foi uma derrota, para os opositores do movimento, uma importante vitória.
No Brasil, o debate continua.
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