Censores e reguladores chineses afirmam que finalizaram as primeiras regras do governo para o uso das novas tecnologias de Inteligência Artificial (IA). A ideia é controlar o rápido crescimento da nova tecnologia e usá-la a favor dos "valores vitais do socialismo". A apuração é dos jornais CNBC e Fox News.

O governo está otimista que a tecnologia seja usada em prol da ideologia do socialismo chinês. A estatal Administração do Espaço Cibernético da China (CAC) afirmou ter trabalhado com diversos outros reguladores para criar a legislação que passará a valer no dia 15 de agosto.

Segundo as diretivas do Partido Comunista Chinês os modelos de IA não podem gerar conteúdos que: 

"Incitem a subversão e a derrubada contra o poder do Estado socialista, ponham em perigo a segurança e os interesses nacionais, firam a imagem do país, incitem a secessão no país, minem a unidade nacional e a estabilidade social, promovam terrorismo, extremismo, ódio a naçao e discriminaçao ética, violência, obscenidade e pornografia," de acordo com a traduçao do jornal the South China Morning Post.

O documento que guia o desenvolvimento da inteligência artificial na China é uma evolução à prévia restrição imposta pela China à tecnologia.

• Quais são os perigos da Inteligência Artificial? O alerta é feito pelo próprio "padrinho da inteligência artificial" e diversos outros empresários, desenvolvedores e analistas de tecnologia.

Todas as firmas que desejarem desenvolver IAs deverão receber autorização do CAC e disponibilizar as tecnologias para o uso do público e o aprimoramento da ferramenta.

Em caso de erros, gerações de imagens ou textos que firam as normas diretivas do partido, o conteúdo deverá ser removido e a linguagem aprimorada.

Diversas companhias chinesas estão desenvolvendo modelos de Inteligência Artificial semelhantes ao ChatGPT da Open AI, grupos como o Alibaba, MIDU e Baidu.

Democracia ou socialismo, o que a IA deve favorecer?

Enquanto a China investe em projetos de inteligência artificial que defendem os valores socialistas, os líderes das nações do G7 se reúnem para definir que a tecnologia deve "estar alinhada aos valores democráticos".

No dia 20 de maio, os líderes se reuniram para sugerir o desenvolvimento e a adoção de padrões técnicos globais para as tecnologias de inteligência artificial.

A avaliação é de que a segurança da tecnologia não acompanhou o seu crescimento, destacou a agência de notícias Reuters.

Embora os líderes do G7, reunidos em Hiroshima, no Japão, reconheçam que as abordagens para alcançar "a visão comum e o objetivo de uma IA confiável possam variar", eles disseram em comunicado que as regras para tecnologias digitais como a IA devem estar "alinhadas com valores democráticos".

O acordo veio depois que a União Europeia, que participa do G7, quase ter aprovado uma legislação para regular a tecnologia de IA, potencialmente a primeira lei abrangente de IA do mundo que poderia abrir um precedente entre as economias avançadas.

Guerra é paz, liberdade é escravidao, ignorância é força!

A icônica frase de George Orwell em seu clássico 1984 convida à reflexão no contexto de avanço de tecnologias como a inteligência artificial. Capaz de gerar ideias e fotos, de ensinar conteúdos, de responder e resolver problemas em questões de segundos, como essa tecnologia pode ser usada para controlar a sociedade?

Orwell escreveu seu livro em 1949, no contexto dos totalitarismos, como o Nazismo, o Fascismo e o Socialismo soviético, mas o autor não previu o imenso avanço tecnológico da atualidade.

Na União Soviética, crianças aprendiam em escolas que deviam denunciar seus pais quando mostrassem sinais de subversão contra o socialismo.

Com uma ideologia oficial sendo imposta, independentemente do partido, como fica o controle da informação e da educação em relação a liberdade de expressão das pessoas?

Uma IA regulada pode mostrar ao usuário apenas o que foi permitido. As consequências podem ser a ocultação de conteúdo ou até mesmo a sua deturpação. Assim, a sociedade pode acabar tendo o escopo de pesquisa limitado por governos e agências. 

Para refletir sobre o assunto, a Brasil Paralelo indica dois grandes filmes disponíveis em sua plataforma:

• 1984 - a adaptação cinematográfica do clássico de Orwell nos convida a refletir: vale a pena trocar a liberdade em prol da segurança?‍
• Blade Runner 2049 - quais são os limites éticos do uso da IA? Como ficam a liberdade e o valor da vida humana diante desses avanços tecnológicos? A sequência do clássico apresenta todas essas questões de forma brilhante e hipnotizante.