Foto da capa: reprodução do site journal of Democracy.
Mesmo governando um pequeno país a milhares de quilômetros do continente americano, Viktor Orbán vem ganhando as manchetes de diversas notícias no Brasil e no mundo.
Segundo o jornalista americano Tucker Carlson, ele chegou a virar uma obsessão de Washington e do governo americano.
Enquanto muitos o acusam de ser um ditador, inclusive o presidente americano Joe Biden, Orbán se defende afirmando que apenas age em prol dos interesses de seu povo em primeiro lugar, não cedendo ao que ele chama de "liberalismo moderno, o inimigo das tradições do Ocidente".
Conheça agora a biografia, o pensamento e as principais controvérsias de Viktor Orbán.
Viktor Orban é o Primeiro-Ministro da Hungria desde 2010, após um mandato anterior entre 1998 e 2002. Orban também é líder do partido Fidesz (abreviação para União Cívica Húngara), o atual partido majoritário da Assembleia Legislativa do país.
Nascido em 31 de maio de 1963, em Székesfehérvár, Hungria, Orban foi criado em ambiente rural e familiar de classe média, professando a religião de sua família, o calvinismo.
Na vida adulta, formou-se em Direito pela Universidade Eötvös Loránd, em Budapeste, depois de ter prestado serviço militar.
Durante a graduação em Direito, Orbán foi selecionado pela ONG Open Society Foundations para fazer uma pesquisa em ciências políticas na Universidade Pembroke College, uma das instituições da Universidade de Cambridge, na Inglaterra.
O fundador e diretor da ONG é George Soros, o especulador financeiro que viria a se tornar um dos maiores inimigos de Viktor Orbán.
Após a graduação, tornou-se mestre em Direito ao fazer uma pesquisa com o movimento polonês chamado Solidariedade, um dos principais responsáveis pelo fim do comunismo no país.
Um dos focos de sua vida adulta foi dedicar-se aos estudos de ciências sociais conservadoras e ao ativismo anticomunista, tendo feito diversas viagens pelos países do Leste Europeu dominados pelo comunismo soviético.
Orbán fala sobre o ativismo anticomunista da juventude
Comentando sobre o período de ativismo durante o domínio comunista na Hungria, Orbán escreveu em seu site oficial:
"Se acreditarmos na nossa própria força, podemos acabar com a ditadura comunista. Se estivermos suficientemente determinados, poderemos forçar o partido no poder a submeter-se a eleições livres.
Se uma nação não for livre, nenhum dos seus cidadãos será livre. A luta pelo povo húngaro e por um país livre vai para as ruas [em 1989]".
Ativismo anti-comunismo e início da vida política
Orban emergiu no cenário político húngaro no final dos anos 1980 como um dos fundadores do partido Fidesz, um movimento liberal-conservador juvenil contra o regime comunista.
Ele ganhou reconhecimento nacional em 1989, quando fez um discurso no qual exigiu abertamente que as forças armadas soviéticas deixassem a República Popular da Hungria.
Saiba mais sobre o comunismo com a maior produção audiovisual já feita sobre o tema: o Épico História do Comunismo, de VI episódios, produzido pela Brasil Paralelo:
Em 1989, o regime comunista da Hungria chegou ao fim. O país passou a ser uma democracia multipartidária. Nas primeiras eleições livres do país, Orbán foi eleito para a Assembleia Nacional.
Durante sua carreira política, Orbán ficou conhecido internacionalmente pela defesa firme dos valores tradicionais do Ocidente, chegando a ser alvo de controvérsias devido a suas posições e suas políticas.
Políticas e Pensamento de Viktor Orbán
Devido a seus discursos e medidas políticas, Orban ficou conhecido pela mídia internacional como um político conservador, sendo chamado de "extrema-direita" por veículos que o criticam.
O post fixado de Viktor Orbán em sua conta oficial do X, antigo Twitter, resume seu pensamento político:
Não representamos ideias #progressistas, representamos o povo. Somos o pior pesadelo dos burocratas de #Bruxelas. Venceremos as #EleiçõesEuropeias neste mês de junho e #OcuparemosBruxelas!".
Algumas das principais medidas políticas e sociais que fizeram Orban ficar conhecido internacionalmente foram:
Medidas educacionais e culturais para fortalecer o patriotismo húngaro;
Proibição da imigração em massa e condenação as políticas sociais da União Europeia e ao islamismo;
Defesa da família natural e medidas contra o movimento LGBTQIA+;
Conflitos abertos contra George Soros;
Reforma econômica para favorecer a criação de empregos, especialmente para jovens, e reduzir os impostos sobre as empresas.
Patriotismo húngaro na educação e cultura
Em 2016, o governo de Viktor Orbán promoveu uma mudança substancial no sistema escolar da Hungria, noticiou a CNN.
A seção sobre “Multiculturalismo” começa com uma fotografia de refugiados acampados sob uma estação ferroviária de Budapeste. Ao lado da imagem está um discurso proferido pelo primeiro-ministro, Viktor Orban, sobre os perigos da migração:
“Consideramos um valor que a Hungria seja um país homogêneo”.
Os livros criticam a União Europeia e as imigrações ilegais em massa que ocorrem na Europa.
Orbán contra o islamismo
Durante seu 20º discurso nacional, em 2018, Orbán disse:
"Se a imigração continuar do jeito que está, nossas culturas vão deixar de existir. Na Alemanha, muitos alemães são expulsos das cidades grandes.
Nós somos aqueles que acreditamos que o Cristianismo é a última esperança do Ocidente. Somos o último bastião contra a islamização da Europa.
Foi aberto o caminho para o declínio da cultura cristã e a expansão islâmica, [...][mas] nossa administração evitou que o mundo islâmico nos inundasse a partir do sul”.
No pensamento de Orbán, permitir imigrações em massa como a Holanda, França e Alemanha fizeram é uma medida negativa para a sobrevivência da cultura original dos países, disse em entrevista ao jornalista Tucker Carlson.
Na Holanda, mais de 60% dos jovens marroquinos foram presos por crimes violentos. As estatísticas mostram que a maioria dos criminosos da Holanda não são holandeses, mas imigrantes.
Fonte: Instituto Central de Estatística do governo da Holanda (Centraal Bureau voor de Statistiek).
O aumento nos crimes foi precedido pelo maior aumento do fluxo de imigrantes da história recente da Holanda, ressaltou um dos líderes do parlamento holandês, Geert Wilders.
Fonte: Instituto Central de Estatística do governo da Holanda (Centraal Bureau voor de Statistiek).
Livros escolares da Hungria
Um cartoon presente em um dos livros escolares mostra a Alemanha como uma porca gigante alimentando leitões representando a Grécia, Espanha, Bélgica e Portugal. Segundo os livros, a Alemanha moderna é uma das principais chefes da União Europeia.
O mesmo cartoon mostra um leitão destacando-se dos demais: o leitão húngaro é representado mastigando alegremente sua própria grama.
O livro de geografia, no capítulo sobre “Declínio da População e Migração”, mostra outra tirinha pró-Hungria. Nessa arte, um rapaz e uma moça húngaros são apresentados com a legenda:
“O número daqueles que pensam que a Hungria é o melhor lugar para viver aumentou significativamente”.
Segundo o livro escolar, 67% dos jovens só conseguem imaginar o seu futuro na Hungria. Ainda:
“Um em cada quatro jovens vive num casamento ou numa relação permanente e 68% dos que não vivem, gostariam de viver", conclui a pesquisa.
A mudança dos livros escolares busca dar foco para autores húngaros e louvar as conquistas históricas do país. O novo sistema escolar da Hungria também busca apresentar a herança cristã histórica como uma das principais bases da nação.
As escolas paroquiais recebem mais fundos do governo do que escolas seculares húngaras, afirma o jornalista Dr. Steve Turley. Essas políticas escolares também reverberam nas políticas sociais da Hungria, como a forma de lidar com casamento e família.
Políticas contra a agenda LGBT nas escolas e na sociedade
O governo húngaro nunca aprovou o casamento de pessoas do mesmo sexo. Diante dessa realidade, Viktor Orbán e seus aliados no parlamento atuaram para não deixar a agenda LGBT entrar em seu país com outras pautas.
Em 2020, Viktor Orbán e o parlamento húngaro aprovaram uma lei para proibir a adoção por pessoas do mesmo sexo. Em 2021, o governo aprovou uma lei que proíbe a reprodução de conteúdos que façam referência à homossexualidade nas escolas e nos programas de televisão dirigidos a menores.
No mesmo ano, o governo de Orbán também proibiu trangêneros de mudarem seus nomes legalmente no país.
Defesa da família natural
Segundo o ordenamento jurídico da Hungria, família é apenas a união de um homem, uma mulher e seus filhos.
Para promover o crescimento da taxa de natalidade da Hungria, que está caindo, Orbán anunciou que o governo realizará empréstimos sem juros para famílias. Quanto mais filhos um casal tiver, maiores serão os benefícios.
Segundo Viktor Orbán:
“Nós não precisamos de números. Nós precisamos de crianças húngaras”, noticiou o site R7.
O pacote de Orbán ainda oferece os seguintes benefícios para famílias numerosas:
famílias com pelo menos duas crianças terão empréstimos para ajudar a construir casas e subsídios para compra de carros com 7 lugares;
mulheres com quatro filhos ou mais não precisarão mais declarar imposto de renda;
novos berçários e creches serão criados para receber as crianças gratuitamente;
mulheres que tiverem débito estudantil terão o saldo pendente reduzido em 50% quando der à luz dois filhos, e toda a dívida é perdoada caso ela tenha três;
mulheres com menos de 40 anos que se casarem pela primeira vez serão elegíveis a um empréstimo subsidiado de 10 milhões de florins (cerca de R$ 140 mil), que será quitado caso ela tenha 3 filhos.
O governo também criou um instituto de pesquisa de estudos demográficos para pensar em novas formas de aumentar a população do país.
Para promover uma cultura tradicional na Hungria, Viktor Orbán também se dedica a combater instituições que ele acredita que ameaçam a visão de mundo da população. Ele afirma que um dos principais inimigos da Hungria são os globalistas, especialmente o especulador financeiro George Soros.
Segundo Orbán, a disputa contra Soros foi responsável pela atual fama internacional do país.
A ONG Open Society Foundation é um dos principais investidores em pautas progressistas da atualidade. A organização possui ligações com Greta Thunberg e faz doações para diversos projetos de esquerda, como a Mídia Ninja, do Brasil, e ONGs e Partidos desarmamentistas e socialistas.
Diante dessas pautas, Viktor Orbán iniciou uma cruzada contra Soros.