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Política
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Como foi o processo de Desarmamento no Brasil? Entenda por que a legislação atual divide opiniões

O Estatuto de Desarmamento no Brasil foi elaborado em 2003. Desde 2019 ele vem passando por uma flexibilização. Entenda o debate em curso.

Por
Redação Brasil Paralelo
Publicado em
28/2/2022 16:11

Até 2003, era comum o cidadão brasileiro portar armas por onde ia. Era um bem fácil de adquirir, além de pouco regulamentado. Em apenas dois anos, uma legislação criou uma burocracia e condições bem restritivas para se obter armas. Entenda o processo do Desarmamento no Brasil.

O que você vai encontrar neste artigo?

O que é o Estatuto do Desarmamento?

O Estatuto do Desarmamento é uma política de controle de armas que entrou em vigor no Brasil por meio de lei no dia 22 de dezembro de 2003. Ele foi sancionado com o objetivo de reduzir a circulação de armas e estabelecer penas mais rigorosas para crimes relacionados. 

O desarmamento no Brasil, previsto na Lei nº 10.826/2003, foi sancionado pelo então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. No dia 1 de junho de 2004, houve a regulamentação por meio de um decreto.

  • O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito representante do Partido dos Trabalhadores. Ele é também um dos membros fundadores do Foro de São Paulo. Entenda o intuito dessa organização.

O então presidente Lula definiu novas regras, mais restritivas, para a compra e o porte de armas no país, bem como penas mais duras para o porte ilegal e a posse de armas não registradas.

O estatuto também criou a Campanha do Desarmamento. Quando um cidadão entrega voluntariamente aos órgãos de segurança pública alguma arma pessoal, seja ela registrada ou não, ele é recompensado com valores que variam de R$ 150 a R$ 450.

Ao todo, o Ministério da Justiça realizou duas campanhas. Uma em 2004 e outra entre 2008 e 2009. Os cidadãos eram incentivados a entregar suas armas à Polícia Federal.

As mobilizações já recolheram cerca de 570 mil armas. Outras 500 mil foram regularizadas só na segunda edição.

O que estabelece o Estatuto de Desarmamento?

O Estatuto estabelece regras para a compra, venda e posse ou porte de armas, além de prever infrações para os que desrespeitarem as regras.

Compra de armas

O estatuto não proibiu a comercialização de armas de fogo e munições no país, mas aumentou o rigor para que uma pessoa possa adquiri-los legalmente. Ele determina que os seguintes requisitos devem ser cumpridos:

  • realizar curso para manejar a arma;
  • ter idade mínima de 25 anos;
  • ter ocupação lícita e residência;
  • não estar respondendo a inquérito policial ou processo criminal;
  • não ter antecedentes criminais nas justiças Federal, Estadual (incluindo juizados), Militar e Eleitoral;
  • comprovar efetiva necessidade de ter a arma.

Porte de armas

O porte é o documento que dá o direito de portar, transportar, comprar, fornecer, emprestar ou manter uma arma ou munições sob guarda.

Para caminhar na rua levando uma arma junto ao corpo ou para usá-la para caçar, é necessário ter porte de arma.

Um grupo seleto de pessoas pode adquirir o documento que permite o porte de armas:

  • integrantes das Forças Armadas;
  • policiais militares, policiais civis e oficiais na ativa;
  • guardas municipais de capitais ou cidades com mais de 500 mil habitantes;
  • guardas municipais de cidades entre 50 mil e 500 mil quando estão em serviço;
  • promotores e juízes;
  • agentes penitenciários;
  • funcionários de empresas de segurança privada e de transporte de valores.

Além de se enquadrar nos critérios, é necessário passar por testes psicológicos para obter o porte. Ele serve para verificar se o portador tem características violentas ou problemas com controle emocional e até mesmo constatar se algo está sendo omitido na avaliação.

Crimes e penas para infrações contra o estatuto

  • Possuir ou manter sob guarda arma de fogo, acessório ou munição irregular. Tem como pena a detenção de 1 a 3 anos, com multa.
  • Portar arma, acessório ou munição sem autorização ou em desacordo com a determinação legal. Tem como pena de dois a quatro anos de prisão, com multa.

O estatuto ainda define penas para os crimes de comércio ilegal de arma de fogo, tráfico internacional e posse ou porte ilegal de arma de uso restrito.

  • A questão do desarmamento no Brasil está relacionada com o problema de segurança pública que o país vive. O próximo documentário da Brasil Paralelo, Entre Lobos, irá apresentar uma investigação inédita sobre a insegurança no Brasil. Será o maior documentário sobre segurança pública produzido no país. Cadastre-se no link para assistir.

Antes do Estatuto do Desarmamento, a compra e venda de armas era bem mais flexível.

Como era o porte de armas antes de 2003?

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Cartão postal representando antiga loja de armas no bairro da Lapa, em São Paulo.

Antes de 2003, havia pouca burocracia para obter armas. Qualquer pessoa com mais de 21 anos podia andar armada. Não havia muitas restrições de ambientes. Na rua, em bares, parques ou shoppings era possível andar armado sem desrespeitar a lei.

Pistolas eram vendidas em lojas de artigos esportivos, na seção de caça. Muitas lojas ofereciam até registro grátis para os compradores e parcelavam o pagamento em três vezes sem juros.

  • Na história do Brasil, outros governantes tentaram impedir a posse de armas para o cidadão comum. Getúlio Vargas foi um deles.

Quando o estatuto foi discutido nas instâncias políticas, a população não se mostrou favorável ao que ele estabelecia.

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