No Salão Oval, Donald Trump interrompeu a coletiva para dar uma notícia. “Nos últimos minutos, literalmente atiramos em um barco que transportava drogas”, disse o presidente, descrevendo uma operação que acabara de acontecer no sul do Caribe.
“Muitas drogas naquele barco. Vocês verão e lerão sobre isso.”
Instantes depois, o senador Marco Rubio confirmou a ação em publicação no X. Chamou-a de “ataque letal” e afirmou que a embarcação partiu da Venezuela, operada por uma organização narcoterrorista.
O Departamento de Defesa reforçou que se tratou de um “ataque de precisão”, planejado para atingir o alvo sem margem de erro.
O episódio elevou ainda mais as tensões. Em Caracas, Nicolás Maduro acusou os EUA de buscarem “mudança de regime por meio de ameaça militar”.
Do outro lado do mundo, a China classificou o reforço da presença americana no Caribe como interferência em assuntos regionais.
Trump, por sua vez, insistiu que o país continuará de prontidão. Segundo ele, “muitos barcos carregados de drogas estão saindo da Venezuela” e serão interceptados antes de chegarem ao mercado americano.
“No início desta manhã, sob minhas ordens, as Forças Militares dos EUA realizaram um ataque cinético contra narcoterroristas identificados positivamente no Trem de Aragua, na área de responsabilidade do SOUTHCOM. A TDA é uma Organização Terrorista Estrangeira, operando sob o controle de Nicolás Maduro, responsável por assassinatos em massa, tráfico de drogas, tráfico sexual e atos de violência e terror nos Estados Unidos e no Hemisfério Ocidental. O ataque ocorreu enquanto os terroristas estavam em águas internacionais transportando narcóticos ilegais com destino aos Estados Unidos. O ataque resultou na morte de 11 terroristas em ação. Nenhum membro das Forças Armadas dos EUA foi ferido neste ataque. Por favor, que este aviso sirva para qualquer pessoa que esteja pensando em trazer drogas para os Estados Unidos da América. CUIDADO! Agradecemos a sua atenção a este assunto!!!!!!!!!!!”
A iniciativa faz parte da estratégia de Trump de classificar cartéis latino-americanos como organizações terroristas estrangeiras. Em fevereiro, ele incluiu o grupo venezuelano Tren de Aragua, seis facções mexicanas e a gangue MS-13, de El Salvador, nessa lista.
Além dos três navios, USS Gravely, USS Jason Dunham e USS Sampson, foram deslocados aviões espiões, um submarino de ataque e outros recursos militares para o Caribe.
O objetivo é impedir que drogas, como o fentanil, cheguem aos EUA.
“Para uma operação voltada a prender ou até eliminar Maduro. Em resumo, trata-se de eliminar politicamente Maduro e preparar uma mudança de regime, com uma transição controlada e, de preferência, eleições conduzidas internamente”, afirmou o cientista político Adriano Gianturco.
Além de convocar as milícias bolivarianas, criadas por Hugo Chávez em 2005, Maduro anunciou que vai distribuir armas e mísseis a trabalhadores e camponeses.
Também suspendeu o uso de drones no país, medida adotada após a tentativa de assassinato sofrida em 2018, quando um equipamento carregado de explosivos explodiu próximo ao palanque presidencial.
O governo venezuelano afirma que a acusação de narcotráfico feita por Washington é uma forma de justificar “ameaças e agressões” contra o país.
As relações entre EUA e Venezuela estão rompidas desde 2019, quando Trump deixou de reconhecer a legitimidade das eleições de Maduro e apoiou o opositor Juan Guaidó. Desde então, Caracas foi alvo de sanções por Washington.
Neste mês, a Casa Branca dobrou para US$50 milhões, cerca de R$274 milhões, a recompensa pela captura de Maduro, acusado de chefiar o chamado Cartel dos Sóis, ligado ao tráfico internacional de cocaína.
O Departamento de Justiça dos EUA afirma que foram apreendidos cerca de R$3,83 bilhões em bens de Maduro, incluindo mansões, jatos e contas bancárias.
Apesar da escalada, analistas consideram improvável uma interveção militar direta. Trump não sinalizou intenção de promover uma mudança de regime.
No entanto, deixou aberta a possibilidade caso Maduro provoque novos incidentes, como a disputa territorial com a Guiana pelo Essequibo.
Para Gianturco, o país precisará de apoio internacional para escapar do regime autoritário:
“A população sozinha não consegue remover Maduro. É necessário apoio externo. Mas esse apoio precisa ser o mais brando possível, porque quanto maior a intervenção, mais visível ela se torna e maiores os problemas que pode gerar”.
O impasse mantém a região em alerta. De um lado, os Estados Unidos ampliam a pressão com presença militar e sanções econômicas. Do outro, Maduro aposta na mobilização interna para reforçar seu controle.
O desenrolar dos próximos dias mostrará se a escalada se limita à retórica ou se evoluirá para um confronto mais direto.
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