Pense no seguinte cenário: você viu uma ação do governo que discorda e decidiu comentar em seu perfil no Twitter. Um dia depois, você perdeu 100 pontos sociais, alcançando um nível de crédito que não te permite mais continuar no seu emprego.

Essa é a realidade de grande parte da população chinesa que é vigiada pelo sistema de crédito social chinês.

Utilizando ferramentas modernas, o Partido Comunista Chinês conseguiu fazer com que os cidadãos sigam sua ideologia para conseguirem viver bem.

Entenda o crédito social chinês e como ele afeta a vida dos cidadãos.

O que é o Crédito Social da China?

O Sistema de Crédito Social Chinês é um mecanismo criado pelo Partido Comunista Chinês para avaliar o comportamento dos cidadãos. Cada cidadão ganha ou perde pontos de acordo com suas ações e crenças.

De acordo com o governo chinês, o objetivo é garantir a segurança da população. A fase de testes começou em 2014, com apenas alguns governos locais aderindo ao sistema de crédito social. 

O sistema ainda não funciona em todo o país, mas o governo já declarou que busca disseminar o programa em nível nacional, noticiou o jornal Poder 360. 

Como ele afeta a vida dos chineses?

O sistema de crédito social é obrigatório e afeta a capacidade dos cidadãos conseguirem empregos, acessar a internet e viajar, com base na maneira como o governo considera seu comportamento. 

Alguns cidadãos aprovam o uso do sistema e consideram que usá-lo os influenciou a serem melhores membros da sociedade. Dizem que são mais conscientes sobre seu comportamento em público e a maneira como tratam os outros.

Outros veem no sistema uma alegoria à distopia 1984, escrita por George Orwell. Para estes, o sistema de crédito social chinês é um tipo de obediência social gamificada, isto é, com pontuações que permitem o controle social autoritário por parte do governo.

A percepção dos outros também importa, porque terceiros podem influenciar sua nota. As pessoas podem se vigiar, auto policiar e denunciar, ampliando o sistema de avaliação sem tanto esforço do governo. 

As consequências positivas e negativas variam de acordo com o comprometimento do cidadão com o Partido Comunista da China.

Consequências da pontuação baixa

Algumas das principais consequências de ter uma baixa pontuação são:

• Indeferimento de licenças, permissões e acesso a alguns serviços sociais;
• Exclusão de reservas de voos e viagens de trem;
• Menor acesso ao crédito;
• Acesso restrito aos serviços públicos;
• Inelegibilidade para empregos governamentais;
• Zero acesso a escolas privadas;
• Embaraço público: exposição online ou em TVs. 

Consequências da pontuação alta

Algumas dos principais prêmios para os bons cidadãos, especialmente aqueles que agradam a ideologia do governo, são:

• Prioridade em vagas de escolas e emprego;
• Acesso mais fácil a empréstimos e crédito;
• Aluguel de bicicletas e carros livre de caução;
• Academias gratuitas;
• Transporte público mais barato;
• Menor tempo de espera em hospitais;
• Promoções no trabalho;
• Saltar a fila de espera para a habitação popular;
• Incentivos fiscais.

Como as pessoas são monitoradas na China?

O governo comunista utiliza três principais meios de monitoramento:

• Fontes tradicionais: registros governamentais, cartórios, escolas;
• Internet: histórico de pesquisa, compras eletrônicas, redes sociais;
• Sistema de reconhecimento facial.

O governo possui um sistema de vigilância praticamente onisciente: são milhões de câmeras que reconhecem a face de cada cidadão. As imagens são enviadas para um banco de dados universal, onde estão os dados de cada cidadão. O sistema evolui à medida que a máquina aprende cada vez mais. 

O Sistema Dang’an mantém um dossiê exclusivo sobre cada cidadão chinês ao longo de toda sua vida.

Os cidadãos não podem ver o arquivo sobre eles mesmos, compilado ao longo dos anos pelo governo. Acessar esses dados é uma grave violação da lei, desobedecer o partido e colocar em risco a própria posição como cidadão.

• O canal South China Morning Post fez uma reportagem mostrando a vida dentro de uma intendência de censura. Confira:

Chineses só acessam o que o Partido permite

Os cidadãos da China não conseguem acessar livremente a internet. Ela é controlada pelo firewall chinês, uma espécie de programa que controla e rastreia toda a rede chinesa. Bloqueando sites, pesquisas, transmissões e determinados conteúdos.

Os sites bloqueados são:

• YouTube
• Twitter
• Google
• Facebook
• Wikipédia.

Todas as transmissões ao vivo que começam na China são monitoradas. O firewall chines é administrado por um órgão censor.

Os funcionários controlam o conteúdo exibido com um método de atraso e captura de tela. Qualquer irregularidade faz a transmissão ser suspensa de imediato.

O mecanismo de reconhecimento facial também é aplicado. Se o usuário é de alto risco, há um monitoramento mais cuidadoso.

Desde a Lei de Segurança Nacional, os chineses são impedidos de promover qualquer manifestação contra o partido comunista chinês. Qualquer manifestação neste sentido é considerada traição.

• O uso de câmeras nas ruas com reconhecimento facial para controle da população, lembra a política promovida pelo Grande Irmão no livro 1984, de George Orwell. Saiba mais sobre o livro.

Termos banidos na internet chinesa

Alguns dos principais termos banidos da internet chinesa são: 

• Tiananmen Square — artigos do incidente de 1989 sequer aparecem nos resultados;
• Imperador;
• Censura;
• 1984.

Os termos não podem nem ser digitados na maioria dos sites da China.

Campos de "reeducação"

A China aprisiona mais de um milhão de dissidentes religiosos em prisões chamadas Centro de Treinamento Vocacional. Algumas províncias já realizam coleta de DNA para controlar os cidadãos.

• Somente Estados totalitários chegam ao ponto de controlar seu povo com câmeras, coletas de DNA e impressões digitais.

Aqueles que seguem religiões desaprovadas pelo governo são enviados para esses campos, onde aprendem a seguir o socialismo ateu da China.

Controle da Economia

É o Estado que controla quase todas as empresas do país que administram os recursos naturais.

Ele também é oficialmente o proprietário de toda a terra. Embora, na prática, as pessoas possam ter propriedades privadas, é o governo que chancela quem pode adquirir propriedade ou não.

• No capítulo III da nossa série “O Fim das Nações”, abordamos a fundo o caso chinês e a forma como seu regime vem se impondo com base no controle social e no medo. Assista agora, gratuitamente.

E o Estado também controla o sistema bancário, decidindo quem pode tomar empréstimos.

Até as empresas privadas chinesas devem passar por inspeções estatais e ter "comitês partidários'' que possam influenciar a tomada de decisões.

Desde que foi eleito indiretamente em 2013, Xi Jinping deu uma amostra do seu poder e da eficiência da política chinesa: expurgou opositores de dentro do partido e criminalizou mais de cem mil oficiais.

Entendendo a ideologia por trás da China

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O sistema de crédito chegou ao Ocidente?

Jornalistas como Paul Joseph Watson afirmam que o sistema de crédito social já está sendo aplicado no Ocidente. O documentário Os Cancelados, disponível no streaming da Brasil Paralelo, mostra essa realidade. 

Adam Carolla, comediante e autor de um dos podcasts mais baixados do mundo, e Dennis Prager, fundador da Prager University, fizeram uma dupla improvável para analisar a história da liberdade de expressão nos Estados Unidos e no Ocidente e as restrições e cancelamentos que vem sofrendo.

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