Distopia é um termo que se tornou famoso no mundo literário e no cinema. Filmes e livros como 1984, Exterminador do Futuro e Jogos Vorazes disseminaram o gênero narrativo pelo mundo afora.
Entenda o que é distopia, como surgiu e quais são alguns dos principais significados por trás dessas histórias.
Distopia é o gênero literário que retrata uma sociedade autoritária com condições precárias de vida, uma sociedade que deu errado no nível máximo possível. O termo “distopia” tem origem na língua grega antiga, significando “lugar ruim”, em sua forma literal.
As distopias ganharam força especialmente após o século XX, quando diversos governos passaram a utilizar as novas tecnologias como meio de controle da população. Muitas obras sobre mundos distópicos ficaram famosas, por exemplo:
Cada uma das obras acima apresenta um tipo de distopia. Existem distopias de vários gêneros, alguns deles são:
governos autoritários;
holocausto nuclear;
fim dos recursos naturais;
aliens ou monstros invasores;
oligopólios corporativistas oprimindo a população;
tecnologias que ganham consciência e lutam contra os humanos.
Para entender como surgiu o conceito de distopia é necessário compreender o que é a utopia. A Distopia é, de certo modo, sua inversão.
As características de uma distopia
As principais características de uma distopia são: existência de um governo grande e autoritário; falta de liberdade, especialmente liberdade de expressão; inexistência de um livre mercado; pobreza disseminada, menos entre os líderes do grupo regente.
Principais livros, filmes e jogos
Alguns autores consagrados na literatura mundial apresentaram suas visões sobre a vida em uma sociedade distópica. Para George Orwell, viver em uma distopia é experimentar a falta de liberdade, falta de controle sobre a própria vida.
Cena de uma das adaptações cinematográficas do livro 1984, de George Orwell.
As obras de Orwell surgiram após suas experiências lutando com os comunistas na Guerra Civil Espanhola. O filósofo Olavo de Carvalho explica como surgiu o movimento que baseou os escritos de Orwell sobre distopias:
"Por ocasião da Guerra Civil Espanhola, quando a violência assassina desencadeada pelo comando estalinista contra seus próprios companheiros de trincheira agiu como um toque de alerta sobre muitos esquerdistas, levando-os a compreender que o comunismo era pelo menos tão destrutivo quanto o nazismo. O pacto Ribbentropp-Molotov de agosto de 1939 completou a decepção.
Alguns mudaram de lado completamente, tornando-se conservadores. Outros, renegando toda fidelidade ao governo soviético, embora não à idéia socialista, acabaram se integrando nos partidos trabalhistas e socialdemocratas e tornando-se bons aliados dos conservadores na luta contra o comunismo, continuando a combatê-los no plano das políticas sociais.
George Orwell e o filósofo Sidney Hook são exemplos famosos. O primeiro tornou-se mesmo, com os livros Animal Farm e 1984, um dos grandes criadores da linguagem anticomunista, calculada para parodiar e implodir o jargão comunista. O segundo foi o principal organizador do Congresso pela Liberdade da Cultura, o único empreendimento sério já tentado – em 1949-50, com a ajuda da CIA – para reunir intelectuais anticomunistas e opor alguma resistência à avassaladora ofensiva cultural soviética iniciada trinta anos antes".
Aldous Huxley é outro autor importante do gênero literário distópico. Para ele, viver em uma distopia é ser manipulado para viver conforme os desejos mais animalescos do ser humano.
Veja resumos das obras 1984, de George Orwell, e Admirável Mundo Novo , de Aldous Huxley, consideradas por muitos como alguns dos melhores livros da história. Não deixe de assistir a aula aberta do professor Guilherme Freire sobre a obra de Aldous Huxley:
O filósofo José Ortega y Gasset, em seu livro Rebelião das Massas, descreve a mentalidade por trás das sociedades totalitárias, típicas das distopias:
“Há um fato que, para o bem ou para o mal, é o mais importante na vida atual: a ascensão das massas ao completo poder social. Como as massas, por definição, não são capazes de dirigir sua própria existência, e menos ainda de dirigir a sociedade, esse fato implica que atualmente a Europa está sofrendo a crise mais grave que pode acometer aos povos, nações e culturas. Seu nome é a rebelião das massas.
Massa é o conjunto de pessoas a que podemos denominar 'homem médio'. Massa é quem não se valoriza, que se sente como todo o mundo e que se sente bem sentindo-se idêntico aos demais (Rebelião das Massas, José Ortega y Gasset)".
Diferença entre utopia e distopia
A principal diferença entre distopia e utopia é: a distopia mostra um mundo idealmente ruim, enquanto a utopia apresenta um mundo idealmente bom.
A palavra “utopia” quer dizer “um governo ideal”, segundo a terminologia popular.Para Guilherme Freire, professor de filosofia, o conceito original não foi cunhado com esse sentido.
O termo inicialmente remete à obra de São Thomas More. Mas a utopia criticada pelas distopias não é exatamente a de More.Thomas More desejava fazer uma espécie de Atlântida em seu livro Utopia, semelhante ao que Platão criou em uma de suas críticas.
Significados por trás das distopias
Um dos possíveis significados das distopias é a busca por mostrar o que está errado na sociedade contemporânea do autor,quais são as consequências de certas ideias e políticas selecionadas pelo autor da obra distópica.