O humorista Léo Lins publicou um vídeo em seu canal no YouTube com seu primeiro pronunciamento após ser condenado a mais de 8 anos de prisão.
Ele iniciou o vídeo fazendo uma distinção fundamental para entender a comédia, mas que teria sido ignorada pela Justiça: a diferença entre a pessoa e a "persona cômica".
O humorista declarou que seu trabalho no palco é uma forma de ficção e não refletem opiniões pessoais:
"Talvez nem todos saibam, mas o humorista num palco interpreta um personagem, uma persona cômica. Na construção do texto, nós utilizamos figuras de linguagem, hipérbole, metáfora e ironia, numa licença estética. E, portanto, uma análise literal desse texto não se aplica na estrutura do cômico."
Ele criticou o que considerou uma falta de embasamento teórico da sentença, afirmando que a juíza teria utilizado a Wikipédia como uma de suas fontes:
“Sabe qual foi um dos embasamentos teóricos da juíza que me condenou a mais de 8 anos de cadeia? A Wikipedia e isso não é uma piada… A Wikipédia tem um aviso informando que não é fonte primária de informação e não substitui uma pesquisa acadêmica.”
Para o humorista, a sociedade vive hoje uma inversão de valores e se transformou em um espaço de luta constante:
"Eu sei que muitos estão indignados com a minha condenação, alguns estão felizes, porque é isso que virou a nossa sociedade, um coliseu romano, onde cada grupo vibra quando um suposto adversário [...] cai ou é empurrado aos leões. Enquanto a plebe se mata, os imperadores assistem do camarote invioláveis e intocáveis."
Ele também relatou um episódio ocorrido durante seu julgamento, no qual teria questionado o promotor de justiça sobre o tratamento dado às minorias.
Ao ser indagado se as pessoas de grupos minoritários que o defendiam não seriam uma "minoria dentro da minoria", ele rebateu, questionando a lógica do argumento:
"Mas o objetivo desse processo não é justamente o respeito às minorias? Você tá me dizendo então que essa minoria é tão pequena que não merece respeito? Em que momento a nossa régua moral e jurídica passou a ser baseada em um número do IBGE?"
Outro argumento do humorista foi que não se pode culpar a arte ou o humor pelos atos de quem os consome.
Segundo ele, punir a piada em vez do eventual crime que alguém possa cometer inspirado nela é "nivelar a sociedade pelo idiota".
Concordar com a sentença, para ele, é infantilizar a sociedade e assumir a necessidade de um "Estado falando do que você pode rir, o que você pode ouvir, o que você vai poder comer, o que você vai poder falar e até o que você pode pensar".
Ao final do vídeo, o humorista agradeceu o grande apoio que tem recebido de fãs, colegas comediantes, juristas e jornalistas.
Léo Lins encerrou seu pronunciamento com um alerta:
"Se rir virou crime, o silêncio virou regra."
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