"Ninguém quer ser o primeiro a ser processado”, disse Lauren Novick.
Sócia de um escritório de advocacia que aconselha empregadores sobre questões de DEI, Novick apontou também que as empresas tendem a revisar suas políticas DEI para garantir que sejam "neutras em termos de raça". Também prevê que mais empresas passem a basear seus programas nas necessidades econômicas dos candidatos, em vez de raça ou gênero.
Pressão dos clientes também gerou recuo
1º de julho de 2024, a Tractor Supply, uma varejista de produtos agrícolas como tratores, produtos para pets e agropecuária em geral, anunciou que estava revertendo sua declaração de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) após enfrentar um boicote de seus clientes.
A empresa inicialmente havia se comprometido a promover práticas de DEI em todas as suas operações, mas decidiu voltar atrás em sua posição devido à pressão dos consumidores. O boicote começou quando a Tractor Supply lançou uma campanha publicitária destacando suas iniciativas de DEI, o que gerou uma reação negativa de parte dos clientes.
Muitos expressaram suas preocupações nas redes sociais, afirmando que a empresa estava se afastando de seus valores tradicionais e se envolvendo em políticas divisivas.
A Tractor Supply voltou atrás e decidiu ouvir seus clientes e prometeu ajustar suas estratégias de comunicação de acordo com suas opiniões. Defensores da política argumentaram que a empresa estava cedendo à pressão e abandonando seus princípios, enquanto outros elogiaram a decisão como um retorno aos valores fundamentais da empresa.
Gigantes da Tecnologia da Informação reduziram ações afirmativas
Outro setor da economia que está limitando o orçamento dedicado a programas de diversidade e inclusão são as gigantes da Tecnologia da Informação. Gigantes como Google e Meta reduziram investimentos em programas DEI.
As duas empresas estariam promovendo corte de gastos em diversos setores para concentrar seu orçamento no desenvolvimento de Inteligência Artificial. Dentre os setores que tiveram seu investimento reduzido está o de programas de apoio a trabalhadores negros e membros de outras etnias.
Empresas afirmam que programas continuam
Um porta-voz da meta afirmou a CNBC que a empresa continua comprometida com as políticas DEI:
“Continuamos a projetar intencionalmente práticas justas e equitativas para impulsionar o progresso em nossos pilares de pessoas, produtos, políticas e parcerias.”
O Google também reforçou através de um porta-voz que os cortes não representam o abandono das políticas, mas uma adequação aos projetos da empresa.
Também destacou o comprometimento de mais de US$ 5 milhões para faculdades e universidades historicamente negras para ajudar a construir um canal mais forte para a indústria de tecnologia para talentos sub-representados, e o lançamento do Google for Startups Women Founders Fund para ajudar mulheres empreendedoras.
“Para ser absolutamente claro, nosso comprometimento com esse trabalho não mudou e investimos em muitos novos programas e parcerias este ano.”
A declaração da Suprema Corte americana de que a raça não pode ser um critério para ingresso em universidades também está gerando medo em alguns empresários. Por outro lado, casos como o Tractor Supply exemplificam a polêmica em torno de ações afirmativas de equidade e igualdade. Resta saber como tais impasses irão impactar programas de DEI daqui em diante.
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