Relatório do governo do Rio
O texto, intitulado “Análise Estratégica: Inclusão do Comando Vermelho nas listas de sanções e designações dos EUA”, foi elaborado pela Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro.
O documento defende que a “sofisticação, transnacionalidade e brutalidade” da facção justificam a medida.
Entre os pontos destacados, o relatório cita:
- bloqueio de ativos e empresas de fachada associadas ao CV;
 - extradição facilitada de chefes da facção que atuam no exterior;
 - cooperação internacional ampliada com agências de inteligência;
 - acesso a fundos internacionais de combate ao narcotráfico.
 
De acordo com o documento, a iniciativa fortaleceria o combate à lavagem de dinheiro e à circulação de armas ilegais, “permitindo ação coordenada contra redes de financiamento criminoso”.
Castro também pretende incorporar o tema ao projeto de lei antifacção que o Palácio do Planalto deve enviar ao Congresso ainda neste mês.
O que diz o ministro da Justiça?
Anteriormente, Ricardo Lewandowski afirmou que o governo não pretende classificar facções criminosas como organizações terroristas.
“Da parte do governo federal, não temos nenhuma intenção de fazer uma mescla desses dois tipos de atuação”, declarou.
Lewandowski explicou que o terrorismo envolve motivações ideológicas e políticas, enquanto as facções buscam lucro por meio de atividades ilícitas.
“Equiparar os dois criaria confusão jurídica e atrapalharia o trabalho das forças de segurança”.
Negociações diretas com os EUA
Desde agosto de 2024, a Secretaria de Segurança do Rio mantém negociações com o Departamento de Estado americano para incluir o Comando Vermelho em listas de organizações internacionais.
A iniciativa partiu de relatórios da Polícia Militar, que identificaram operações transnacionais da facção e recomendaram o envio de informações de inteligência aos EUA.
Em maio de 2025, o assessor do Departamento de Estado David Gamble visitou o Brasil para discutir o tema, mas não foi recebido pela Polícia Federal, órgão responsável por representar a União em acordos desse tipo.
Poucos dias depois, Cláudio Castro viajou a Nova York e visitou o escritório da DEA, buscando um acordo direto com autoridades estaduais, algo que só pode ser feito pela União, conforme a legislação brasileira.
Segundo nota oficial da Secretaria de Segurança Pública, o objetivo seria “ampliar a cooperação internacional no combate à lavagem de dinheiro e ao tráfico de armas”.
Posição mantida em Brasília
A resistência do governo Lula não é nova. Em maio de 2025, o secretário nacional de Segurança Pública, Mário Sarrubbo, já havia informado aos EUA que o Brasil não considera o PCC e o CV organizações terroristas.
“As facções não atuam em defesa de uma causa ou ideologia. Elas buscam lucro através de atividades criminosas”, disse Sarrubbo.
O ministro Lewandowski reforçou que o marco legal brasileiro já permite o combate ao crime organizado e que qualquer mudança nesse sentido “misturaria o campo penal com o político-ideológico”.
A reação dos países vizinhos
A movimentação de Castro ocorre em meio à mudança de postura regional após a megaoperação no Rio, que deixou 121 mortos e mais de 110 prisões nos complexos da Penha e do Alemão.
Nos dias seguintes à operação, Paraguai e Argentina classificaram as facções brasileiras PCC e Comando Vermelho como organizações terroristas internacionais.
O Paraguai publicou decreto após uma investigação que confirmou a presença operacional das facções no país.
Já a Argentina, sob o governo de Javier Milei, decretou “alerta máximo” na fronteira, elevou a fiscalização e firmou acordos de cooperação com o FBI.
Entre as medidas estão:
- reforço militar nas fronteiras;
 - monitoramento financeiro de grupos suspeitos;
 - expulsão imediata de foragidos brasileiros.
 
A inclusão do Comando Vermelho na lista americana de organizações narcoterroristas poderia abrir espaço para ações internacionais e sanções econômicas ao Brasil.
Enquanto o governo federal vê na proposta risco à soberania nacional, aliados de Castro afirmam que a medida fortaleceria o combate às facções e ampliaria o apoio internacional à segurança pública.
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