Basicamente, o marco define que a demarcação das terras indígenas no Brasil respeita os limites definidos pela Constituição de 1988.
Com a queda do marco, abre-se a possibilidade da reivindicação de terras ocupadas pelos povos originários antes das demarcações em 88.
Os dados apontam:
- os indígenas representam 0,83% da população e ocupam 13,75% do território brasileiro;
 - existem 621 terras indígenas demarcadas;
 - 120 áreas estão em estudo para serem viabilizadas pelos povos indígenas;
 - 487 terras são reivindicadas pelos povos indígenas.
 
Caso todas as terras em disputa sejam demarcadas, os indígenas podem deter 28% do Brasil. A queda do marco permitiria tal expansão.
Hoje, boa parte dos povos indígenas vivem sob a tutela de ONGs. Muitos desejam viver sem a influência dos grupos ambientalistas.
A Câmara dos Deputados já aprovou o PL do marco temporal
A proposta já havia sido aprovada pela Câmara dos Deputados em maio, com o respaldo da bancada ruralista e do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).
Segundo o jornal Conexão Política, a jogada foi parte de uma estratégia do Congresso para confrontar o STF.
Nesta quarta-feira, o projeto obteve a aprovação da CCJ com 16 votos favoráveis e 10 contrários, mas ainda requer passar pelo plenário do Senado.
O relator do projeto na Casa, Marcos Rogério (PL-RO), manteve o texto aprovado pela Câmara dos Deputados e rejeitou todas as sugestões de modificação. O deputado defendeu apenas a exclusão de pontos que extrapolam a tese do marco temporal, como o contato com povos indígenas isolados.
Rogério justificou sua posição argumentando que qualquer alteração substancial retornaria o projeto à Câmara, potencialmente gerando mais incertezas e tensões no país.
Nas últimas semanas, senadores contrários ao marco temporal reconheceram a dificuldade em obstruir a aprovação do texto, especialmente considerando outras discussões em curso no STF, como as relacionadas a drogas, aborto e imposto sindical.
O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), afirmou que o debate foi ideologizado e evitou antecipar o resultado no plenário. Ele destacou que, em caso de aprovação, Lula terá a oportunidade de fazer ajustes no projeto, eliminando disposições controversas e preservando apenas o trecho que estabelece o marco temporal.
Jaques Wagner também ressaltou a falta de recursos suficientes para indenizar produtores rurais que adquiriram terras indígenas de maneira legal. Ele apontou que a situação fiscal do país é desafiadora e que qualquer pagamento de indenizações teria impactos nas finanças públicas.