Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Suspendisse varius enim in eros elementum tristique. Duis cursus, mi quis viverra ornare, eros dolor interdum nulla, ut commodo diam libero vitae erat. Aenean faucibus nibh et justo cursus id rutrum lorem imperdiet. Nunc ut sem vitae risus tristique posuere.
Um juiz aposentado de São Paulo viveu por mais de quatro décadas sob uma identidade falsa de nobre inglês.
A defesa de José Eduardo Franco dos Reis, que se apresentava como Edward Albert Lancelot Dodd Canterbury Caterham Wickfield, mostrou um laudo psiquiátrico que o diagnosticou com transtorno de personalidade esquizoide (TPE).
Os advogados alegam insanidade e argumentam que a identidade falsa foi uma tentativa de "renascer" por "vergonha de sua história e de seu nome".
O documento sugere que uma "decepção pessoal marcante" na juventude teria desencadeado o transtorno.
Fracasso nos EUA pode ter motivado o juiz a mudar a identidade
Reis teria retornado ao Brasil após tentar uma nova vida em Boston aos 18 anos, nos Estados Unidos.
Ele teria sido abandonado por um amigo que tinha prometido apoiar a tentativa de mudar de país.
Isso teria causado um profundo sentimento de fracasso e vergonha. Nesse contexto de "angústia e desnorteamento existencial", José Eduardo abandonou sua identidade e criou o nome inglês.
Ele teria sido incentivado por um colega de pensão e se inspirou em personagens da literatura.
“Queria morrer e renascer outra pessoa. Tinha vergonha da minha história e do meu nome", Reis teria dito ao psiquiatra.
A defesa argumenta que o juiz não agiu com a intenção de prejudicar ninguém ou obter vantagem indevida com a identidade falsa.
Escolhas têm o poder de mudar completamente a vida de alguém. Quem você seria se tivesse tomado escolhas diferentes? A série Contraparte aborda essa questão em uma trama de suspense e ficção científica imperdível. A produção será lançada no streaming da Brasil Paralelo no dia 3 de junho. Clique aqui e garanta seu acesso por 15 dias sem pagar nada.
Eles solicitaram à Justiça a possibilidade de um Acordo de Não Persecução Penal (ANPP), alegando que não havia nenhuma intenção de cometer crime.
Além disso, eles destacam que a documentação falsa nunca teria sido usada para prejudicar outras pessoas. A Justiça paulista ainda não se pronunciou sobre os pedidos da defesa.
Juíz foi descoberto após tentar falsificar seu RG
A história da vida dupla de José Eduardo Franco dos Reis veio à tona em outubro de 2024.
Ele foi ao Poupatempo da Sé para fazer uma nova via de sua carteira de identidade com o nome de Edward Wickfield.
O sistema de identificação biométrica cruzou suas impressões digitais com as de seu registro original, como José Eduardo Franco dos Reis, emitido em 1973.
O alerta de duplicidade acionou o setor antifraude do Instituto de Identificação, que iniciou uma investigação.
Ao ser chamado para depor na Polícia Civil, ele se apresentou como José Eduardo, e disse que Edward era seu irmão gêmeo adotado por uma família britânica.
A carreira de sucesso do falsificador
Segundo a promotoria, Reis obteve o primeiro RG falso em nome de Edward Wickfield em 1980.
Com essa identidade ele também teria conseguido outros documentos, como certificado de reservista, título de eleitor e passaporte.
Sob a identidade de Edward Albert Lancelot Dodd Canterbury Caterham Wickfield, José Eduardo construiu uma carreira completa: cursou Direito na USP e se formou em 1992.
Em 1995, foi aprovado em concurso público e se tornou juiz do Tribunal de Justiça de São Paulo.
Em dezembro de 1995, logo após a aprovação no concurso, chegou a conceder uma entrevista ao jornal Folha de S.Paulo como "Edward".
Ele afirmou ser descendente de "nobres britânicos" e ter vivido na Inglaterra até os 25 anos, onde teria estudado matemática e física.
Por 23 anos, atuou na magistratura, proferindo sentenças, comandando audiências e exercendo a autoridade do cargo, até sua aposentadoria em 2018.
O Ministério Público de São Paulo (MP/SP) denunciou José Eduardo Franco dos Reis pelos crimes de:
falsidade ideológica,
uso de documento falso e
fraude em concurso público.
A Justiça aceitou a denúncia, e o transformou em réu. Como consequência imediata, o TJ-SP determinou a suspensão do pagamento de sua aposentadoria como magistrado.
A Justiça terá o desafio de analisar as alegações de insanidade mental e a ausência de dolo levantadas pela defesa.
O jornalismo da Brasil Paralelo existe graças aos nossos membros
Como um veículo independente, não aceitamos dinheiro público. O que financia nossa estrutura são as assinaturas de cada pessoa que acredita em nossa causa.
Quanto mais pessoas tivermos conosco nesta missão, mais longe iremos. Por isso, agradecemos o apoio de todos.
Seja também um membro da Brasil Paralelo e nos ajude a expandir nosso jornalismo.