Na tarde de quarta-feira, 10 de setembro de 2025, um tiro interrompeu a primeira parada da American Comeback Tour no campus da Utah Valley University, em Orem, no estado de Utah.
Charlie Kirk, 31 anos, fundador da organização estudantil Turning Point USA e aliado próximo de Donald Trump, discursava diante de estudantes quando foi atingido no pescoço. Imagens registradas por celulares mostram o momento em que ele leva a mão à ferida e cai.
A polícia local, o FBI e o Departamento de Álcool, Tabaco e Armas de Fogo (ATF) assumiram a investigação, tratando o caso como possível ato de violência política. As imagens do suspeito foram divulgadas.
Pouco antes de ser atingido, Kirk havia publicado no X: “Estamos de volta. A Utah Valley University está animada e pronta para a primeira parada de volta da American Comeback Tour.”
A morte de Kirk foi anunciada pelo presidente Donald Trump. O episódio soma-se a uma série de ataques, alguns fatais, que marcaram os últimos anos em diferentes partes do mundo.
Em 6 de setembro de 2018, o então candidato à Presidência do Brasil, Jair Bolsonaro, participava de um ato de campanha em Juiz de Fora (MG).
Carregado nos ombros por apoiadores, foi atingido por uma facada no abdômen. O autor do ataque, Adélio Bispo de Oliveira, foi detido imediatamente pela Polícia Federal.
As investigações concluíram que Adélio agiu sozinho, sem cúmplices ou mandantes. Ele declarou ter agido “a mando de Deus” e depôs de modo confuso.
Laudos apontaram transtorno mental, e a Justiça o considerou inimputável. Desde então, Bispo permanece internado em um presídio federal de segurança máxima, em ala psiquiátrica.
O atentado provocou forte comoção nacional e repercutiu intensamente no cenário político, às vésperas do primeiro turno.
Bolsonaro passou por seis cirurgias para conter hemorragias e reparar lesões no intestino delgado e em uma veia abdominal. Sobreviveu ao ataque, seguiu na campanha e venceu as eleições semanas depois.
Desde sua entrada na política, Donald Trump foi alvo de diferentes tentativas de assassinato, que envolveram ataques armados em público e até cartas envenenadas. Algumas falharam de imediato, outras chegaram a colocar sua vida em risco.
Durante um comício em Butler, Pensilvânia, em 13 de julho de 2024, Trump foi alvo de disparos feitos por Thomas Matthew Crooks, 20 anos, que havia subido em um telhado próximo ao palco com um rifle de assalto.
Um dos tiros atingiu de raspão sua orelha, provocando sangramento. Um espectador, Corey Comperatore, morreu ao tentar proteger a família. Outras duas pessoas ficaram gravemente feridas. Crooks foi morto por agentes do Serviço Secreto.
O episódio foi classificado como a tentativa mais grave contra um presidente ou ex-presidente desde o atentado a Ronald Reagan, em 1981.
Dois meses depois, em 15 de setembro de 2024, Trump sofreu outro atentado. Durante uma partida de golfe em seu clube em West Palm Beach, Flórida, Ryan Wesley Routh, 58 anos, foi visto escondido entre arbustos com um rifle de precisão.
Agentes do Serviço Secreto reagiram com disparos, mas o suspeito conseguiu fugir. Ele acabou preso após perseguição e foi indiciado por tentativa de assassinato de um ex-presidente e porte ilegal de arma.
Os episódios de 2024 não foram os primeiros. Em 18 de junho de 2016, durante um comício em Las Vegas, o britânico Michael Steven Sandford, 20 anos, tentou pegar a arma de um policial para atirar contra Trump. Foi imobilizado no local e, em interrogatório, disse que planejava a ação havia um ano. Recebeu pena de um ano de prisão nos EUA e, após cumpri-la parcialmente, foi deportado para o Reino Unido.
Ainda em 2017, em Mandan, Dakota do Norte, Gregory Lee Leingang roubou uma empilhadeira e tentou usá-la para interceptar a limusine presidencial. Segundo a procuradora-assistente Brandi Sasse Russell, o objetivo era capotar o carro e matar o presidente.
Antes de chegar à comitiva, a máquina apresentou falhas e Leingang fugiu a pé, sendo preso em seguida. Ele foi condenado a 10 anos de prisão pelos incêndios que havia provocado em prédios públicos na mesma ocasião e recebeu mais duas penas de cinco anos, uma pelo roubo da empilhadeira e outra por um arrombamento.
Outras tentativas ocorreram por meio de correspondências envenenadas. Em 2018, envelopes com ricina, substância altamente tóxica, foram enviados à Casa Branca e ao Pentágono. O Serviço Secreto interceptou as cartas.
O autor foi identificado como William Clyde Allen III, veterano da Marinha, que afirmou ter agido para “mandar um recado”.
Dois anos depois, em 2020, a canadense Pascale Cécile Véronique Ferrier enviou uma carta com ricina diretamente a Trump, acompanhada de mensagens em que pedia sua desistência da candidatura.
A correspondência foi detectada antes da entrega. Ferrier tentou entrar nos EUA armada com uma pistola, mas foi presa. Em 2023, foi condenada a quase 22 anos de prisão.
Na manhã de 8 de julho de 2022, o ex-primeiro-ministro japonês Shinzo Abe, 67 anos, discursava em Nara quando foi atingido por dois disparos, que acertaram o pescoço e o coração. Ele foi levado ao hospital, mas não resistiu.
O atirador, Tetsuya Yamagami, 41 anos, ex-integrante das Forças de Autodefesa, usou uma arma caseira feita de tubos de metal e fita adesiva. Em sua residência, a polícia encontrou outras armas artesanais e explosivos, indicando planejamento prévio.
Yamagami afirmou que não tinha motivação política direta contra Abe. Disse ter agido por ressentimento contra a Igreja da Unificação, à qual sua mãe teria feito grandes doações, causando dificuldades financeiras. Ele associava Abe à organização, embora não houvesse vínculo formal comprovado.
O caso gerou comoção nacional e abriu debate sobre a segurança de líderes no Japão. A popularidade do primeiro-ministro Fumio Kishida caiu, e parte de seu gabinete foi reformulada após revelações sobre laços entre políticos do PLD e a seita.
Yamagami foi considerado apto a julgamento e indiciado por homicídio e violação da lei de armas em janeiro de 2023.
Na noite de 7 de junho de 2025, o senador colombiano Miguel Uribe Turbay, 39 anos, participava de um comício em Fontibón, na região metropolitana de Bogotá. Ele foi baleado por um adolescente de 15 anos, que teria recebido uma pistola de terceiros pouco antes do ataque.
Uribe era pré-candidato à Presidência de 2026 e vinha se destacando como opositor do governo de Gustavo Petro, com críticas a grupos criminosos. Socorrido em estado crítico, passou por cirurgias, incluindo um procedimento neurológico. Morreu em 11 de agosto de 2025, dois meses após o atentado.
O autor foi julgado na justiça juvenil, confessou o crime e recebeu pena de sete anos de internação, o máximo previsto para menores de idade na Colômbia.
A arma usada havia sido comprada legalmente no estado do Arizona, em 2020, levantando suspeitas de tráfico internacional. A investigação segue para identificar os possíveis mandantes.
A morte de Uribe provocou protestos em Bogotá e homenagens no Congresso colombiano. O episódio foi tratado como símbolo da persistência da violência política no país, que já perdeu outros candidatos à Presidência em atentados anteriores.
Em 9 de agosto de 2023, o candidato à Presidência do Equador Fernando Villavicencio, 59 anos, foi morto a tiros ao deixar um comício em Quito, a 11 dias da eleição.
Homens armados dispararam contra ele quando se dirigia ao carro, acompanhado por seguranças. Um dos suspeitos foi morto no local. Horas depois, seis colombianos apontados como executores foram presos, mas acabaram assassinados dentro de presídios no mês seguinte, em outubro de 2023.
A investigação atribuiu o crime à facção Los Lobos, e em 2024 uma corte condenou dois integrantes do grupo, incluindo um de seus líderes, a 34 anos de prisão, além de outras penas a cúmplices.
Villavicencio era jornalista e ex-deputado, conhecido por denunciar esquemas de corrupção e a atuação do narcotráfico na política. Antes do ataque, relatara ameaças de morte e citara nomes de líderes de facções.
O governo do presidente Guillermo Lasso decretou estado de emergência por 60 dias e três dias de luto nacional. Apesar do atentado, as eleições foram mantidas para 20 de agosto.
Os episódios recentes ocorreram em contextos distintos, mas compartilham um ponto em comum: todos os alvos eram líderes ou candidatos identificados com posições conservadoras ou de direita em seus países.
De atentados frustrados a assassinatos consumados, essas ações colocaram em risco a vida de figuras centrais e, em alguns casos, encerraram suas trajetórias.
A sucessão de ataques em diferentes continentes reforça a percepção de que a violência contra lideranças políticas se tornou um desafio presente em diversas democracias.
A violência e a perseguição política estão se espalhando ao redor do mundo. Saiba mais com o especial da Brasil Paralelo:
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