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“Bukele mexicano” é executado por cartel durante celebração do dia dos mortos

Carlos Manzo era conhecido por combater o crime organizado e foi assassinado a tiros em cerimônia tradicional.

Por
Redação Brasil Paralelo
Publicado em
3/11/2025 14:19
CBN

Moradores da cidade de Uruapan participavam da Festa das Velas, uma homenagem local ao Dia dos Mortos, quando o evento se tornou palco de um assassinato

O prefeito da cidade, Carlos Manzo Rodríguez, havia inaugurado a cerimônia e retornou ao local para tirar fotos com crianças fantasiadas. Ele foi atingido por sete disparos e não resistiu

O ataque foi registrado em vídeo pelas pessoas que participavam da celebração, assista uma gravação do momento:

A polícia local conseguiu matar um dos responsáveis pelos tiros e prender outras duas pessoas que estavam envolvidas na ação. 

O caso fez a presidente Claudia Sheinbaum (MORENA) convocar uma reunião de emergência do gabinete de segurança federal.

O secretário de Segurança Pública, Omar García Harfuch, afirmou que a arma usada no ataque já foi ligada a outros dois crimes envolvendo grupos rivais

Imagens de segurança e testemunhos estão sendo analisados por promotores federais enviados à cidade.

O prefeito que desafiava cartéis

Carlos Manzo, apelidado de “El del Sombrero”, foi eleito prefeito de forma independente em 2024, após atuar como deputado federal pelo partido de esquerda MORENA

Ganhou notoriedade por denunciar o poder de organizações criminosas que atuam em Uruapan, incluindo:

  • Cartel Jalisco Nueva Generación, 
  • La Nueva Familia Michoacana e 
  • Los Viagras, todos ativos em Uruapan.

O prefeito defendia uma política mais agressiva e o uso da força contra criminosos, criticando a política nacional de segurança. Isso lhe rendeu o apelido de Bukele mexicano, em referencia ao presidente de El Salvador.

Em setembro, Manzo declarou que "não queria ser apenas mais um prefeito na lista dos executados" durante uma entrevista. Na ocasião, pedia apoio do governo federal para conter o avanço das facções. 

Desde dezembro do ano passado, o prefeito contava com uma escolta da Guarda Nacional. O esquema foi reforçado em maio. 

A segurança estava presente na noite do crime, mas o ataque foi rápido, direto e aconteceu em meio a uma multidão, dificultando a ação dos agentes.

Um país violento

A morte de Manzo não é um caso isolado e acontece em um país devastado pela violência.

O território mexicano abriga algumas das organizações criminosas mais poderosas do mundo e suas cidades que lideram o ranking das mais perigosas.

Entre janeiro e setembro de 2025, foram registrados mais de mil homicídios dolosos no estado de Michoacán.

Desde que o governo mexicana iniciou sua ofensiva antidrogas, em 2006, o país registrou 450 mil assassinatos e o desaparecimento de 100 mil pessoas.

A violência política também tem marcado o país. As eleições do ano passado foram as mais violentas da história, com o assassinato de ao menos 37 candidatos.

O ex-presidente Manuel López Obrador (MORENA) chegou a prometer uma redução da guerra às drogas, chegando a apelidar sua política de “abraços, não balas”. 

A estratégia era que programas sociais poderiam reduzir o número de assassinatos mais do que operações policiais

O plano parece não funcionar, à medida que o país está militarizando o enfrentamento aos carteis sob o comando de Sheinbaum, herdeira política de Obrador. 

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