O prefeito que desafiava cartéis
Carlos Manzo, apelidado de “El del Sombrero”, foi eleito prefeito de forma independente em 2024, após atuar como deputado federal pelo partido de esquerda MORENA.
Ganhou notoriedade por denunciar o poder de organizações criminosas que atuam em Uruapan, incluindo:
- Cartel Jalisco Nueva Generación,
- La Nueva Familia Michoacana e
- Los Viagras, todos ativos em Uruapan.
O prefeito defendia uma política mais agressiva e o uso da força contra criminosos, criticando a política nacional de segurança. Isso lhe rendeu o apelido de Bukele mexicano, em referencia ao presidente de El Salvador.
Em setembro, Manzo declarou que "não queria ser apenas mais um prefeito na lista dos executados" durante uma entrevista. Na ocasião, pedia apoio do governo federal para conter o avanço das facções.
Desde dezembro do ano passado, o prefeito contava com uma escolta da Guarda Nacional. O esquema foi reforçado em maio.
A segurança estava presente na noite do crime, mas o ataque foi rápido, direto e aconteceu em meio a uma multidão, dificultando a ação dos agentes.
Um país violento
A morte de Manzo não é um caso isolado e acontece em um país devastado pela violência.
O território mexicano abriga algumas das organizações criminosas mais poderosas do mundo e suas cidades que lideram o ranking das mais perigosas.
Entre janeiro e setembro de 2025, foram registrados mais de mil homicídios dolosos no estado de Michoacán.
Desde que o governo mexicana iniciou sua ofensiva antidrogas, em 2006, o país registrou 450 mil assassinatos e o desaparecimento de 100 mil pessoas.
A violência política também tem marcado o país. As eleições do ano passado foram as mais violentas da história, com o assassinato de ao menos 37 candidatos.
O ex-presidente Manuel López Obrador (MORENA) chegou a prometer uma redução da guerra às drogas, chegando a apelidar sua política de “abraços, não balas”.
A estratégia era que programas sociais poderiam reduzir o número de assassinatos mais do que operações policiais.
O plano parece não funcionar, à medida que o país está militarizando o enfrentamento aos carteis sob o comando de Sheinbaum, herdeira política de Obrador.