Beata Anna Sperczyńska chegou à Itália em 1993, vinda de uma pequena vila na região de Opole, no sul da Polônia.
Viajava acompanhada do namorado, com quem planejava trabalhar temporariamente antes de iniciar a universidade em seu país.
O proprietário do local comentou que conhecia uma família que procurava uma babá para o neto e foi assim que Beata recebeu o convite para cuidar de um menino chamado Carlo Acutis.
Durante três anos, ela acompanhou o crescimento de Carlo, dos dois aos cinco anos de idade.
“Senti que ele me escolheu. Fui a primeira pessoa a lhe falar sobre Deus. Carlo não sabia quem era Jesus e desde então, nunca mais deixou de procurá-Lo”, contou Beata em entrevista.
Foi com ela que o menino aprendeu sua primeira oração, o Anjo de Deus, em polonês: “Aniele Boży, stróżu mój...” (“Anjo de Deus, meu guardião...”).
“Ele a recitava todas as noites como se fosse uma canção de ninar. Depois adormecíamos no mesmo quarto, e eu sentia que o Céu nos olhava”.
O vínculo entre os dois cresceu em meio a hábitos simples: as refeições, as caminhadas e os passeios pelo bairro.
Em um desses passeios, Beata o levou à igreja de Santa Maria Segreta, em Milão, a mesma onde anos mais tarde seria celebrado o funeral de Carlo. Lá, acenderam uma vela e ela contou ao menino quem era Jesus.
“Quando voltamos, Carlo falou tudo aos pais, que ficaram apreensivos, eles ainda não eram praticantes. Disse a eles que não faríamos mais isso”.
No dia seguinte, o menino insistiu: “Bea, eu não posso deixar de visitar o meu amigo. Esse será o nosso segredo.”
O segredo não durou. Carlo voltou para casa animado, contando o que havia feito. A partir desse dia, não passou um só dia sem entrar em uma igreja, de acordo com Beata.
A jovem o levava diariamente aos jardins de Pagano, em Milão. Lá, caminhavam descalços na grama molhada.
“Eu dizia a ele que a natureza é um presente de Deus e que andar descalço nos lembra de que fazemos parte da criação.”
À noite, rezavam juntos. Carlo usava um pequeno terço de dez contas e adormecia com ele nas mãos.
“De manhã eu o encontrava no travesseiro”.
Um episódio marcante aconteceu em uma festa infantil. Beata usava o rosário no pescoço e ouviu outras mães rirem. Envergonhada, o escondeu na blusa.
“Carlo percebeu e disse: ‘Bea, é o colar mais lindo do mundo! Não o esconda nunca.’”
Beata revelou que apesar da pouca idade o garoto “demonstrava clareza nas coisas em que acreditava”.
Beata deixou a casa da família em 1996, ao se casar.
“Foi doloroso. Ele chorou muito. Eu também. Mas o amor entre nós permaneceu.”
Seguiu próxima da família e visitava Carlo com frequência. Durante esses encontros, o menino passava horas brincando com seu filho, Konrad.
“Ele cresceu, mas não mudou. Continuava alegre, curioso e cheio de vida.”
Hoje, Beata vive em Nova York, onde trabalha como diretora de uma agência criativa. Ao relembrar o período em que cuidou do menino, diz que a experiência moldou seu olhar sobre o mundo:
“Quando o conheci, eu era uma menina. Com ele, aprendi a ser mulher.”
Carlo morreu em 2006, aos 15 anos. Desde então, Beata afirma que o recorda com frequência.
“Logo depois da morte, comecei a perceber coincidências. Um dia encontrei, por acaso, o professor de educação física dele. Quando soube quem eu era, me trouxe uma orquídea. Disse que Carlo falava muito sobre mim.”
Anos mais tarde, durante uma visita ao santuário de Nossa Senhora de Częstochowa, na Polônia, uma freira comentou com ela, sem saber sua identidade:
“Acabou de chegar uma relíquia de Carlo Acutis. Você já ouviu falar dele?”
“Eu sorri e contei minha história. Foi uma surpresa para todas.”
Beata testemunhou o início de algo que não compreendia à época. Hoje, observa à distância a devoção mundial em torno de Carlo, reconhecido pela Igreja Católica como santo em setembro de 2025.
“Carlo faz parte da minha vida e eu o agradeço todos os dias. A canonização é o começo de algo maior que todos nós.”
Em sua lembrança, o menino que aprendeu a rezar com ela continua o mesmo: simples, curioso e determinado.
“A santidade de Carlo começou nas pequenas coisas. No sorriso. Na oração antes de dormir. Na amizade com Jesus.”
Beata Anna Sperczyńska não fala em milagres. Apenas descreve o cotidiano de um menino que a escutava com atenção e fazia perguntas sobre Deus.
Entre histórias, risadas e orações, Beata acompanhou o início de uma relação com a fé que, anos depois, se tornaria conhecida em todo o mundo.
Conheça a vida de Carlo Acutis no canal da Brasil Paralelo.
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