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Leonel Brizola — vida e carreira de um dos nomes mais importantes da esquerda brasileira

Política
História do Brasil
Biografia
Leonel Brizola
Foto de Leonel Brizola.
Redação Brasil Paralelo

Leonel Brizola é um nome de referência para a esquerda brasileira. Nascido numa pequena cidade do interior do Rio Grande do Sul, desde pequeno sentiu-se chamado à vida política.

Em sua trajetória, apoiou movimentos de esquerda que tentaram tomar o poder no Brasil e foi o responsável por um dos maiores problemas do Rio de Janeiro. Conheça sua biografia e qual foi seu impacto no governo do Rio.

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Vida de Leonel Brizola

No dia 22 de janeiro de 1922 nasceu Leonel de Moura Brizola, em Carazinho, município do interior do Rio Grande do Sul. Filho de camponeses que haviam migrado de Sorocaba para sua cidade natal.

Seu nome oficial de batismo é Itagiba Moura Brizola. O nome Leonel é fruto de uma homenagem que fez a seu pai e a um líder dos maragatos na Revolução de 1923, Leonel Rocha. A opção pela troca de nome marca como a vida de Itagiba se voltaria às questões políticas, segundo dizem os biógrafos Kenny Braga, João B. de Souza, Cleber Dioni e Elmar Bones no livro Parlamentares Gaúchos: Leonel Brizola

Na Revolução de 1923, seu pai foi assassinado pelas forças leais ao presidente da Província do Rio Grande do Sul, Borges de Medeiros.

Em sua infância, Brizola gostava de brincar interpretando Leonel Rocha. Este chegou a lutar contra os assassinos de seu pai.

Como não gostava do seu nome, um dia resolveu adotar àquele em definitivo. Itagiba virou Leonel, Leonel de Moura Brizola.

Alfabetizado pela mãe antes de ingressar no ensino primário, Brizola chegou a Porto Alegre em 1936. Concluiu o ensino fundamental em 1942.

Três anos depois foi aprovado no vestibular da instituição que mais tarde seria parte da atual Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Graduou-se engenheiro civil em 1949.

Em março de 1950, casou-se com Neusa Goulart, irmã do então deputado estadual e futuro presidente da República João Goulart. Tiveram dois filhos: José Vicente e João Otávio Brizola.

Início da carreira política

leonel-brizola
Foto antiga de Leonel Brizola.

Leonel Brizola trabalhou como engenheiro por um breve período. A política logo tornou-se seu foco e Brizola dedicou toda sua vida a ela, conforme escreveu o biógrafo João Trajano Sento-Sé. Com 23 anos de idade, foi um dos fundadores do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), no Rio Grande do Sul.

Dois anos depois, foi eleito deputado estadual. Reeleito em 1950, disputou a prefeitura de Porto Alegre em 1952, mas foi derrotado. Impossibilitado de assumir tal cargo, Brizola foi nomeado secretário de obras de seu estado natal.

Em 1954, elegeu-se deputado federal com o recorde nacional de 103.033 votos. Em 1956, voltou a comandar a prefeitura da capital gaúcha. Venceu as eleições com o slogan “Nenhuma criança sem escola”.

Sua gestão aumentou o número de escolas construídas e a oferta de vagas na rede municipal. Além disso, pela primeira vez, a cidade ofereceu à população ensino em dois turnos.

As obras de infraestrutura e saneamento nos bairros da periferia e no entorno do rio Guaíba foram intensificadas.

Com uma carreira política de sucesso, aos 36 anos de idade Leonel Brizola foi eleito governador do Rio Grande do Sul, época em que iniciou um projeto de construção de seis mil escolas públicas no seu estado.

Foi durante seu mandato de governador que o Presidente Jânio Quadros renunciou inesperadamente ao cargo.

Brizola e o Governo Militar

João Goulart deveria assumir o cargo que Jânio deixou vacante, mas seu alinhamento à esquerda, em um cenário de Guerra Fria, preocupava toda a população. Jango era declaradamente socialista.

Quando ocorreu a renúncia de Jânio, João Goulart estava em missão diplomática na China, país que já era governado pelo comunismo naquela época. O desgaste de Jango aumentava.

Houve uma grande articulação nacional para impedir a posse de Jango. Nesta época, Leonel Brizola liderou a Campanha da Legalidade, que defendia o direito de Jango tomar posse como novo presidente.

leonel-parlamentarismo
Brizola na campanha contra o Parlamentarismo.

Foi um dos momentos mais turbulentos da história política brasileira. Com o apoio das Forças Armadas regionais, Brizola organizou comitês paramilitares e incentivou a resistência da população com armas.

Brizola se opunha à troca do presidencialismo pelo parlamentarismo, conforme exigiam os militares. Após doze dias sob a ameaça de uma guerra civil, Goulart aceitou a proposta e assumiu a presidência da república.

O apoio incondicional à João Goulart e a mobilização armada que promoveu selaram seu destino em 1964. Com a tomada do poder pelos militares, Brizola foi exilado.

Em 1962, Leonel Brizola se mudou para o Rio de Janeiro e foi eleito deputado federal. O país enfrentava um dos cenários mais conturbados de sua história.

Em março de 64 houve o ápice da agitação nas ruas, das greves e da crise em que o país se encontrava. Junto com Prestes, grupos comunistas e militares insubordinados, João Goulart organizou comícios em todo Brasil pressionando o Congresso a aprovar as reformas de base.

João Goulart e Leonel Brizola ainda discursavam em público contra a Constituição e a favor de um plebiscito para a dissolução do Congresso.

Jango estava no Rio de Janeiro quando as forças comandadas pelo General Olímpio Mourão Filho se aproximaram.

Ele foi para Brasília e depois para Porto Alegre, onde se encontrou com o Brizola, que o encorajava a enfrentar a mobilização militar. Mas ele estava com medo, porque sabia que haveria derramamento de sangue.

Leitura recomendada: 1964, ditadura militar no Brasil.

O país estava a um passo de entrar em uma guerra civil. Com a tomada do poder pelos militares e o controle das tensões iniciais, Brizola foi para o exílio no Uruguai.

Em 1977, a ditadura brasileira pediu a expulsão de Brizola do país vizinho e ele foi deportado para os Estados Unidos. No ano seguinte, foi para Portugal se juntar a outros exilados até voltar para o Brasil em 1979, permitido pela Lei da Anistia.

No mesmo ano, foi um dos fundadores do Partido Democrático Trabalhista (PDT) e retomou sua vida política no Brasil.

Em 1982, Leonel Brizola alcançou um feito ainda inigualado na história política do Brasil: foi eleito governador em um segundo estado, o Rio de Janeiro.

Como Brizola contribuiu para a organização do crime no Rio de Janeiro?

Leonel Brizola, que já havia sido prefeito de Porto Alegre e governador do Rio Grande do Sul, muda-se para o Rio de Janeiro e, em 1983, torna-se governador do Rio de Janeiro com uma promessa: tratar o morador da favela de igual para igual com o morador da área central da cidade.

Sua visão era a de que a polícia era truculenta apenas nas favelas e a discriminação era a verdadeira responsável pelos crimes na capital carioca, conforme os pesquisadores Clóvis Brigagão e Trajano Ribeiro no livro Brizola.

Um nacionalista com ideário populista herdado do ditador Getúlio Vargas, Brizola foi governador nos últimos anos da ditadura, quando ela ainda enfrentava focos da guerrilha armada.

Um dos principais presídios a abrigar criminosos da ditadura foi o Presídio Cândido Mendes, na Ilha Grande. Muitos de seus presidiários cometiam violentos crimes de guerrilha, mas costumavam vir da classe média, inclusive com formação universitária e ideais de esquerda.

Brizola e seu igualitarismo aprofundou uma crise que já havia começado nos anos 70: a união entre os criminosos comuns e os presos políticos da ditadura.

Os primeiros davam armas, coragem e violência às vanguardas de esquerda. Os segundos ensinaram os traficantes a terem organização política e hierárquica, além de um discurso social.

Ao contrário do que esperava, a violência no Rio não diminuiu com as políticas sociais de Brizola. Pelo contrário: o crime então era organizado, tinha até mesmo estrutura jurídica, era defendido como uma ferramenta revolucionária por professores universitários e, o principal, tinha armamentos mais pesados e a proteção territorial das favelas, financiados com o dinheiro do narcotráfico.

Toda essa profissionalização do crime do Rio de Janeiro e muito mais será apresentado na nova produção da Brasil Paralelo: Entre Lobos.

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Brizola e as disputas eleitorais na nova República

Em 1985, o governo militar chegou ao fim, com a volta das eleições diretas para presidente. Brizola entrou na disputa pelo cargo principal da política brasileira, o de presidente da república.

Disputou as eleições de 1989 e foi o terceiro candidato mais votado, ficando atrás de Collor e Lula, que disputaram o segundo turno. Brizola apoiou Lula, mas Collor foi o vencedor no pleito eleitoral.

Brizola disputou outra vez o governo do Rio de Janeiro, em 1990. Conquistando sua segunda eleição para governador.

Em 1994, ele tentaria novamente a eleição para presidente, só que sua carreira política ficou abalada ao apoiar o Presidente Fernando Collor. Ele sofreu impeachment após a descoberta dos atos de corrupção em seu governo.

O prestígio de Brizola estava em decadência, sua votação foi pouco expressiva naquele ano.

Nas eleições de 1998, foi vice-presidente na chapa liderada por Lula, mas Fernando Henrique Cardoso venceu e conseguiu sua reeleição.

Deste ano em diante, a carreira política de Brizola só colheria derrotas até sua morte. Foi derrotado nas eleições de 2000 para prefeito do Rio de Janeiro e nas eleições de 2002 para uma vaga no Senado.

Após os fracassos políticos na sua última década de vida, Leonel Brizola continuou envolvido com a política, porém com menos expressão que antes.

Morte de Leonel Brizola

Depois de uma viagem para sua fazenda no Uruguai, retornou ao Brasil com infecção intestinal e uma forte gripe, um quadro bastante delicado que o deixou debilitado. Sua situação piorou e o forçou a ser internado.

Exames foram feitos, mas nada anormal foi encontrado. Quando Brizola estava entrando no elevador para deixar o hospital, sofreu um infarto agudo do miocárdio e faleceu.

Brizola morreu na noite de 21 de junho de 2004, no Rio de Janeiro. Foi velado no Palácio da Guanabara, no Rio de Janeiro, e também em Porto Alegre.

Seu corpo foi enterrado em São Borja, Rio Grande do Sul, no Cemitério Jardim da Paz, onde estão sepultados sua esposa Neusa e os ex-presidentes da República, Getúlio Vargas e João Goulart.

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