A formação da personalidade — a busca para ser uma pessoa realizada!
Como a formação da personalidade humana acontece? Conheça o que disseram alguns dos maiores filósofos e psicólogos da humanidade, através do psiquiatra Bruno Lamoglia.
Todo ser humano deseja ser feliz, alcançar a melhor vida possível. Essa é a tarefa principal de qualquer vida humana. Por sorte, homens sábios elaboraram grandes teses sobre o homem ao longo da história. E esses faróis da humanidade são guias para a formação da melhor personalidade possível.
Para saber mais sobre a formação da personalidade, acesse gratuitamente a aula A Formação do Ser, do Dr. Bruno Lamoglia, médico especializado em psiquiatria, que aborda assuntos como as partes constitutivas da mente humana, o caminho para o verdadeiro amadurecimento e muito mais. O artigo foi baseado na aula do Dr. Bruno.
A formação da personalidade é desenvolvida desde a infância até a morte, afirma o Dr. Bruno Lamoglia. A personalidade é o que define cada ser humano, sendo ela a junção de características físicas, psicológicas, sociais e morais.
Os principais fatores da estrutura da personalidade
Etimologicamente, a palavra personalidade tem origem grega e quer dizer máscara. Isso remete ao fato de as máscaras serem usadas nos teatros gregos, onde os atores exerciam um tipo de vida humana possível.
A personalidade é o que define quem a pessoa é. São os comportamentos frequentes, os gostos principais, os valores que norteiam a vida do indivíduo.
Segundo Aristóteles, a finalidade de algo é a definição desse algo. Assim, a finalidade da vida de uma pessoa, seu objetivo principal, é o que lhe define a personalidade.
No caminhar da vida, vários fatores influenciam a formação da personalidade do homem.
Segundo o psiquiatra Bruno Lamoglia, 3 dos principais fatores são:
temperamento;
valores — criação;
formação do imaginário.
Compreender esses fatores na própria vida leva a um esclarecimento geral de quem a pessoa é.
Essa compreensão pode guiar a pessoa a entender qual caminho rumar para ser feliz, para viver uma vida mais realizada.
Tais fatores serão abordados mais adiante. Antes disso, é necessário entender a estrutura do ser humano para que a personalidade seja verdadeiramente formada.
Segundo o psiquiatra Bruno Lamoglia, as principais teorias sobre a estrutura do homem são:
o homem segundo a Filosofia Grega Clássica;
a Constituição Septenária;
as 12 camadas da personalidade.
Filosofia Grega
Os gregos dividiam o ser em três. A primeira parte é o corpo físico. A segunda parte é soma, ou psique, ou a mente humana. A terceira é o nous, vida espiritual, a vida superior.
Entre essas 3 partes, os gregos estabeleceram uma intersecção, tal como na figura abaixo.
Estrutura que forma o Ser, segundo os gregos antigos.
Todas as partes estão conectadas, pois o ser humano é uno. As separações são feitas pela inteligência do homem para compreender melhor cada uma dessas realidades.
A filosofia grega diz que o homem possui um erro original que faz com que sua vida seja desordenada.
Em vez de viver segundo o espírito, muitos homens vivem invertidos, buscando o que há de mais baixo.
Bruno aponta que um dos principais males do mundo contemporâneo é o fato de as pessoas viverem para satisfazer a soma (carne).
O homem moderno tem como objetivo principal conseguir prazer: comidas, carinhos, sexo e drogas são o centro de muitas vidas.
- O que é vício? Fuja da dor, busque o prazer e se torne alguém viciado.
Aristóteles, por exemplo, não enxergava o corpo como algo ruim no homem, mas afirmava que as realizações da psique (alma) são superiores às da soma (corpo).
Para ele, o desenvolvimento da inteligência e o agir que busca o bem (diferente de prazer), realizam mais o homem, guiam-no para o que há de mais elevado, a vida no espírito, afirma no livro Ética a Nicômaco.
Essa visão é mais aprofundada pela próxima teoria.
A Constituição Septenária do homem, teoria de Arthur Powell.
A Constituição Septenária é uma teoria de Arthur Powell baseada na antropologia hindu.
Segundo essa teoria, quando o homem começa a viver segundo a alma (a razão, parte consciente), ele passa a se aproximar das atividades do espírito, parte mais elevada do ser humano.
Powell chama esse estado de manas, uma mente ligada à sabedoria, uma mente que já não vê a fragmentação no mundo, mas sim a totalidade.
Essa é uma mente que começa a entender o todo, começa a perceber que está ligada a outras pessoas e consegue entender um pouco mais sobre uma vida sábia. Neste ponto, entra a sabedoria, que é o mundo das virtudes.
A pessoa começa a viver a vida pelo mundo das virtudes.
É o estado inicial do amor puro.
E o que seria o amor? Onde no homem o amor está localizado?
Segundo essa visão, o amor não está nas emoções. As emoções são a afetividade, algo mais baixo.
Depois que se consegue dominar as emoções, a pessoa consegue calar inclusive a mente.
Muitas visões que surgiram no mundo moderno afirmam que o amor é a produção de ocitocina e conexão para que se tenha mais filhos, ou seja, uma ligação reprodutiva, material.
Para Powell, não. O amor muitas vezes é uma doação em que nada se ganha em troca, nenhum benefício material.
Na mente considerada sábia pela teoria da constituição septenária, o homem já não tem os sofrimentos das partes mais baixas.
Após passar certo tempo sendo sábia, a pessoa começa a entender um pouco mais sobre o mundo das virtudes e chega numa vida de intuições, chamada de buddhi ou vida búddhica.
Isso não tem relação com Buda. Buddhi seria o mundo das intuições.
O que seria a intuição?
Para a ciência moderna, intuição é uma outra coisa.
Para a filosofia, principalmente hindu, é outra.
Na ciência moderna, a intuição seria uma tomada de decisão baseada em memórias inconscientes, conforme os erros e acertos ao longo da vida.
Por exemplo, se alguém estiver diante de uma bifurcação e precisar optar entre direita ou esquerda.
A pessoa pode optar pela direita. Por quê? Porque antigamente ela pode ter optado pela esquerda — ela não se lembra disso, é inconsciente — e deu errado, aconteceram coisas ruins na esquerda.
E então diante dessa bifurcação, ela optou pela direita. Se alguém perguntar o que aconteceu, ela responde: "Eu não sei. Intuitivamente eu fui para a direita".
Essa é a intuição segundo a ciência natural moderna, quando se usa a memória de forma inconsciente, mecanismos pelos quais não se usa a consciência, conforme a doutrina de Sigmund Freud.
Por outro lado, na constituição septenária, a intuição é uma conexão com algo maior, é a busca da verdade.
A verdade é uma concepção das coisas sobre o que elas realmente são e não mais sobre as opiniões pessoais, não mais sobre as interpretações pessoais, mas uma interpretação da própria verdade em si.
É raro atingir tal nível; Por isso a principal representação dessa estrutura é uma pirâmide. A pirâmide quer dizer que quanto mais alto, mais difícil, mais raro.
Sobre isso, o Doutor Bruno comenta:
“Consideramos a vida búddhica até uma vida religiosa, porque é uma vida de aceitação plena.
Eu sei que muita gente fala: ‘Ah, mas eu já aceito tudo na minha vida’. Será que aceita mesmo, de verdade, profundamente?
Provavelmente, não, porque é uma vida quase passiva, que tem essa leitura das coisas que acontecem. É uma visão deliberadamente externa e alheia a si mesmo.”
A última parte da pirâmide é o atma.
Existem diversas interpretações dessa etapa, inclusive dentre as vertentes orientais.