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Publicado em 09/05/2024 - Atualizado em 14/05/2024 às 15:01.
Maria da Silva, 62 anos, é uma professora aposentada, natural de Sinimbu. Há 30 anos, mudou-se para Porto Alegre, onde foi morar em um apartamento no bairro Menino Deus. Há três dias, tornou-se uma ``refugiada climática``, termo cuja definição desconhece. Na quarta-feira (08/05), na casa de Dona Maria, a água bateu na cintura. Ela, contudo, se recusa a sair do lugar em que viveu nas últimas três décadas, onde criou os filhos e “plantou as esperanças.
Em meio à tragédia, a mobilização do povo brasileiro é um exemplo para todo o mundo. Há dias, aeronaves de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e outros estados prestam assistência ao povo gaúcho. Vários governadores enviaram equipes técnicas para atuar em variadas frentes. Importante também é a oferta do auxílio com o abastecimento de água.
Imagem: UOL.
O apoio da corrente do bem
A união da sociedade civil tem o objetivo de amenizar a dor das vítimas. Voluntários de quase todos os estados brasileiros e até do exterior se empenham nas operações de resgate.
Na cidade de Canoas, no hospital Nossa Senhora das Graças, cinco médicas paulistas ajudam a equipe local a cuidar dos mais de 280 pacientes internados. Lá, 50% dos funcionários tiveram algum tipo de perda. Mesmo assim, escolhem superá-la para continuar na linha de frente.
Na região do Sinimbu, onde nasceu Dona Maria, cidadãos comuns se unem a servidores públicos em esforços que vão desde a limpeza de farmácias e igrejas até a reconstrução estrutural.
Em Porto Alegre, voluntários trabalham há dias nos resgates. Em cima de botes, esforçam-se para retirar pessoas de áreas de risco, mesmo aquelas que preferem permanecer. Há também os que organizam donativos, acolhem os desabrigados e preparam alimentos para quem perdeu tudo.
Médicos e psicólogos prestam serviços sem cobrar. Quem não pode atuar de modo presencial, enviar donativos, dinheiro ou bens de consumo.
Na internet as ações campanhas em prol das vítimas protagonizam os debates.
Há dias, influenciadores empenham seus máximos esforços em assistir o local. O humorista Badin Colono, natural da Serra Gaúcha, organizou a campanha que resultou na maior arrecadação de toda a internet. Até a quinta-feira (09/05), já havia arrecadado mais de 69 milhões de reais. Não foi a primeira vez que Colono, que é natural da Serra Gaúcha, conduziu uma campanha assim. No ano passado, o humorista também empenhou seus esforços para auxiliar o estado, diante da crise causada também por chuvas torrenciais. Isso permitiu que ele construísse a credibilidade que o transformou em um dos mais importantes voluntários este ano.
O historiador Thomas Giulliano já arrecadou quase R$2 milhões. Enquanto realizava uma live com a equipe da Brasil Paralelo, empresa que tem o ``DNA gaúcho``, Giuliano aumentou o volume de doações em R$200 mil.
A Faz Capital, empresa da economista Renata J. Barreto, cuja sede fica localizada no Rio Grande do Sul, na quarta-feira (09/05) havia arrecadado mais de R$2 milhões. Alguns sócios da empresa estão pessoalmente empenhados na organização da assistência às vítimas.
Outra instituição que tem recebido muitos recursos é o Instituto Cultural Floresta. Desde sua fundação, em 2018, o instituto tem organizado ações de impacto social significativo no Rio Grande do Sul. Devido ao seu alto nível de credibilidade, ele é recomendado para doações por perfis distintos, como o ex-jogador de futebol Alexandre Pato, o cientista político Fábio Ostermann e a organização Brasil Paralelo.
A crise continua nos próximos dias
A união desses esforços reduz um pouco os efeitos da tragédia, impossibilita a vida cotidiana do povo gaúcho. Em todo o estado, várias regiões padecem com falta de alimento e restrição do acesso à luz, que, na segunda-feira (07/05) atingia mais de 440 mil pessoas em todo o estado. Na quarta-feira (08/05), 134 mil moradores da Capital permaneciam sem luz
“Não dá pra ficar exigindo neste momento plano de trabalho, não dá para ficar exigindo burocracia, tem de colocar o dinheiro na ponta logo…``, afirmou em entrevista coletiva.
Leite ainda esclareceu que as famílias vulneráveis já terão acesso a ao pagamento de R$ 50 milhões no programa Volta Por Cima, em parcela única de R$2,5 mil para os atingidos pelo desastre. Anunciou ainda o repasse de R$40 milhões para a recuperação e desobstrução das estradas atingidas, R$10 milhões para os hospitais com necessidades emergenciais e R$30 milhões de aluguel social, que devem beneficiar 75 mil famílias.
``É um cenário de guerra``, enfatizou Leite.
Em suas redes sociais, ele também se pronunciou sobre a polêmica relacionada às doações recebidas pelo governo do estado por meio de PIX. Afirmou que o plano oficial de reconstrução será financiado com recurso do próprio Rio Grande do Sul e ajuda da União, que no momento, está em negociação. O valor total recebido via PIX já superou R$70 milhões de reais e será administrado por uma instituição privada.
O agravamento da criminalidade
Neste segundo momento da tragédia, outro problema que se agrava é a segurança pública.
Há registros do aumento da incidência de crimes nas cidades atingidas, e esta é uma das principais razões pelas quais vários cidadãos, como Dona Maria, recusam-se a deixar suas casas. Dona Maria é uma entre as 339.927 pessoas desalojadas no Rio Grande do Sul. Desses, 71.398 estão vivendo provisoriamente em abrigos ( dado do sábado, 11/05).
Na quarta-feira (08/05), veículos de imprensa divulgaram a prisão de 47 pessoas por cometerem crimes. Deste total, 41 em flagrante. Há sete suspeitos da prática de violência sexual contra menores nos abrigos do estado. O secretário de Segurança Pública local, Sandro Caron de Moraes, enfatizou que tais delitos já vinham ocorrendo e persistiram nas instituições. Os detidos têm laços familiares com as vítimas. Para proteger a integridade das quase 12 mil pessoas que atualmente se encontram nesses locais, a prefeitura contratou seguranças particulares.
O governador Eduardo Leite manifesta que proteger a segurança do cidadãos é uma de suas maiores preocupações.
``Recebi a informação de que o nosso pedido pela Força Nacional para reforçar o policiamento foi atendido. A partir de amanhã, começa a chegada desse importante apoio, inicialmente com 100 homens e, em seguida, com mais 300``, revelou Leite em suas redes sociais.
O Secretário de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, Sandro Caron enfatizou que grande número de agentes da Polícia Civil e da Brigada Militar têm usado embarcações para realizar o policiamento ostensivo nas ruas alagadas e nos imóveis inundados. `
``Essas medidas resultaram em redução na ocorrência de saques``, afirmou.
Caron também revelou que até sábado (11/5), a Secretaria irá habilitar 1 mil reservistas da Brigada Militar, contratados por meio do Programa Mais Efetivo, para realizar policiamento, com foco nos abrigos.
“Temos este foco agora muito direcionado para os abrigos. Em alguns deles, já temos, permanentemente, integrantes da Brigada Militar e da Polícia Civil. Aqueles poucos que ousaram cometer crimes, especialmente dentro dos abrigos, serão presos”, garantiu Caron, em entrevista à BBC Brasil.
Maior do que a dor causada pela tragédia é o comprometimento de todo o Brasil com o auxílio para a reconstrução do Rio Grande do Sul. É a corrente de solidariedade que se formou que fundamenta a certeza da reconstrução do estado, honrando a tradição de seu povo resiliente.
É nessa coragem que se planta a esperança de que a população gaúcha reconstruirá a terra em que criou seus filhos, realizou seu trabalho e fincou cada sonho.