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O Resgate: as histórias dos que viveram a maior tragédia do Rio Grande do Sul

Um advogado e uma enfermeira contam como foi explicar aos filhos que teriam que deixar a casa em que viviam.

Por
Redação Brasil Paralelo
Publicado em
31/7/2024 15:22
Produção Brasil Paralelo

Para salvar a esposa grávida e os seis filhos, o advogado Victor Hugo Pereira precisou retirá-los de casa. O bairro de Niterói, em Canoas, também foi alvo das enchentes. Em entrevista exclusiva ao portal Brasil Paralelo, ele e a esposa descreveram a situação como um cenário de guerra:

“Gente andando, gente colocando colchão em cima do carro. Desesperador."

Victor Hugo e Daliane Perereira são missionários. Mineiros, eles não têm parentes na região. Enquanto os vizinhos já haviam saído, não sabiam para onde ir. Daliane se recorda do diálogo com o marido no quintal de casa. 

“Ele me olhou e perguntou: para onde vamos? Eu disse: não sei”. 

Pouco depois, encontraram um lugar. Um apartamento para se abrigar com outra família que tem sete filhos.

A família não teve tempo para nada além de tirar os documentos e poucas roupas. Daliane relata que o jeito que encontrou para explicar a situação foi compará-la aos personagens de livros.  Os mais velhos tinham acabado de ler “O Diário de Anne Frank”, o que a ajudou na analogia. 

Disse às crianças que, como a família Frank, eles tinham que sair para sobreviver. A diferença era que, se descobertos, os judeus seriam mortos, enquanto Deus já lhes havia preparado um lugar seguro. 

A fé foi fundamental para a família. Daliane descreve a situação como uma oportunidade de receber o amor de Jesus Cristo através do outro. 

“Não dá pra escolher. A gente vai aonde for possível ficar vivo. Não importa sua religião, nesse momento importa saber que uma vida humana vale”. 

Para ela, saber que conseguiram comprar comida e ver as crianças bem aliviou qualquer dor maior. 

“A gente foi preservado, porque tem gente que perdeu as pessoas.”
Victor Hugo, Daliane e os filhos Davi, Maria, Lucas, Teresa, Cecília, Catarina e Ester na barriga.

Medo da água e medo da fome

Victor relatou que na cidade de Eldorado do Sul as pessoas não tinham como receber alimentos. Ele ouviu em rádio local que era preciso lembrar da cidade. Quem estava lá não ia morrer afogado, mas de fome e falta de assistência médica. 

“A mulher falava: as pessoas que moram aqui fazem controle de diabetes. Não tem gelo, não tem remédio, não tem nada”. 

O olhar de uma criança

Perguntados sobre como seus filhos reagiram à situação, o casal relatou que eles experimentaram o valor da vida. Um dos filhos, que tem 8 anos, fez uma oração que tocou o coração dos pais.

“O Lucas disse: Olha, Senhor, por aqueles que perderam tudo. E obrigado por eu não estar ali.”

Histórias de quem viu tudo de perto

Depois da chuva, a grande tragédia é o esquecimento. O esquecimento das vidas que se foram, das perdas materiais, dos heróis, da solidariedade. Depois da chuva, o Rio Grande do Sul nunca mais será o mesmo.

Cidades foram devastadas, vidas interrompidas, e sonhos  destruídos. A devastação foi imensa, mas a grande catástrofe é permitir que as histórias se apaguem, que as vozes se calem, e que a dor se torne apenas uma lembrança distante, sem deixar aprendizados. Por isso, a Brasil Paralelo irá lançar O Resgate

Um tributo àqueles que, em meio ao caos, encontraram força para seguir em frente. Aos que perderam tudo, mas não deixaram de ter esperança. Aos heróis anônimos que pararam suas vidas e mostraram que a solidariedade é uma das maiores virtudes.

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Assista abaixo o trailer oficial.

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