Quem é Salman Rushdie
O escritor nasceu em uma família de muçulmanos bem-sucedidos na cidade de Mumbai, Índia.
Ainda criança o autor foi estudar na Inglaterra, onde concluiu sua formação, graduando-se em história no ano de 1968.
O primeiro livro de Rushdie, Grimus, foi publicado em 1975, o sucesso literário, no entanto, foi alcançado apenas seis anos depois, com a obra Os filhos da meia-noite.
O escritor publicou outras obras de sucesso, mas ganhou a notoriedade internacional em 1988, ao lançar a obra Os versos satânicos.
Os versos satânicos
O livro conta a história de dois atores indianos e muçulmanos que moram no Reino Unido, o bem sucedido Gibreel Farishta e o fracassado Saladin Chamcha.
Em um trecho, os dois estão em um avião que viaja de Mumbai para Londres quando terroristas sikh explodem o avião.
- Sikh é o nome que se dá aos membros de um grupo étnico-religioso original da região de Punjab na Índia.
Enquanto estão caindo no mar, Gibreel começa a alucinar. Em meio aos sonhos, vê-se como o arcanjo Gabriel. A partir dali, inicia-seinicia uma reinterpretação da história de Maomé.
Segundo a tradição islâmica, Maomé teria recebido uma visita do anjo Gabriel, que lhe revelou que ele era o último profeta de Alá, Deus em árabe. A partir dali, Maomé começou a pregar e formar sua religião.
Na história, Gabriel se encontra com Mahmoud, um empresário que se transforma no profeta. O nome Mahmoud era um apelido desrespeitoso para Maomé criado pelos cristãos medievais.
Mahmoud começa a repassar os ensinamentos do anjo com algumas mudanças que o favorecem, enquanto as palavras são registradas pelo escriba Salman, o persa.
Para os críticos, a obra estaria afirmando que as palavras do profeta estariam repletas de mentiras e maquinações utilizadas para possibilitar ganhos pessoais.
Além disso, a obra menciona em um dado momento que as prostitutas de um bordel alteram seus nomes para os mesmos das esposas de Maomé.
O texto é uma releitura de uma lenda antiga que afirmava que algumas de suas pregações em Meca foram inspiradas pelo demônio e depois retiradas pelo profeta.
A história é amplamente criticada e considerada falsa pelos estudiosos e historiadores muçulmanos.
Reações
Assim que foi publicada, em setembro de 1988, a obra começou a gerar revolta na comunidade muçulmana inglesa. Poucos tempo depois foi banida da Índia.
Logo, uma série de países replicaram a medida e proibiram que a publicação fosse traduzida e publicada em seus territórios.
A empresa que publicou a primeira edição do livro, Viking Press, começou a receber cartas com ameaças de morte.
No final daquele ano, mais de 7 mil pessoas se reuniram na cidade de Bolton, Inglaterra, para incinerar cópias em praça pública e exigir que o país se juntasse à lista de nações que baniram o livro.
No início do ano seguinte, uma multidão revoltada com a obra tomou as ruas da capital paquistanesa, Islamabad, para exigir o banimento mundial do livro e a morte de Rushdie.
Os revoltosos atacaram um centro cultural americano e o protesto resultou em seis mortos e mais de 80 feridos.
No mês seguinte, o líder da revolução iraniana e ditador do país, Aiatolá Ruhollah Khomeini, editou uma fatwa conclamando todos os muçulmanos a matar o autor, editores e o tradutores da obra .
- Uma fatwa é um decreto emitido por um sábio islâmico que representa sua opinião sobre um determinado assunto.
Impactos na vida do autor
A vida de Rushdie mudou completamente. O autor começou a ter de andar com escolta policial. Precisa também mudar de endereço constantemente.
Um pedido de desculpas público e o fim da comercialização da obra nas grandes livrarias ocidentais não foi o suficiente para acalmar a fúria do mundo muçulmano.
Em agosto do mesmo ano, um terrorista morreu quando a bomba que pretendia utilizar para matar o escritor explodiu em um hotel de Londres.
O responsável pela explosão foi sepultado como “o primeiro mártir a morrer na missão de matar Salman Rushdie”.
Tradutores e editores que ajudaram a levar “Os Versos Satânicos" a seus países também foram vítimas de ataques realizados por extremistas islâmicos.
Dois anos depois de Khomeini assinar a fatwa, o tradutor da obra para o idioma japonês, Hitoshi Igarashi, foi assassinado a facadas no campus da Universidade de Tsukuba.
No mesmo ano, o tradutor da obra para o italiano, Ettore Capriolo, foi esfaqueado em seu apartamento na cidade de Milão. Apesar dos ferimentos graves, Capriolo sobreviveu ao ataque.
O editor do livro para o idioma noruegues foi baleado três vezes enquanto deixava sua casa em Oslo, em 1993. O atirador acreditou ter matado William Nygaard e deixou o local. O editor sobreviveu.
Outro que quase morreu por causa do livro foi o turco Aziz Nesin. Na época que iniciava a tradução do livro, um hotel onde o turco se hospedava foi cercado e incendiado por extremistas. Um total de 37 pessoas morreram, mas Nesin conseguiu sair com vida da situação.
Em 1998, o presidente do Irã, Mohammad Khatami, declarou durante discurso na Assembleia Geral da ONU que os muçulmanos “deveriam considerar a questão Salman Rushdie completamente acabada”.
Posteriormente, o ministro das Relações Exteriores do país, Kamal Kharrazi, afirmou que o governo iraniano “não tem a intenção e não tomará nenhuma ação” no sentido de ameaçar a vida do escritor.
As declarações aconteceram em um contexto onde a República xiita buscava se aproximar do ocidente.
Pouco tempo depois, o Reino Unido anunciou que poderia restabelecer sua embaixada no Irã.
Apesar disso, líderes religiosos do país afirmaram que as falas do presidente e do ministro não tinham nenhuma importância, já que uma fatwa só poderia ser cancelada pela pessoa que a declarou e Khomeini havia morrido ainda em 1989.
Rushdie se mudou para a cidade de Nova York no início do ano 2000 e vive lá desde então.
Em 2001 o autor voltou a publicar seus livros e no ano seguinte começou a fazer algumas aparições públicas pontuais.
O autor seguiu sua vida publicando seus livros e participando de palestras. Grupos religiosos iranianos, entretanto, mantiveram uma grande recompensa financeira pela morte do escritor.
Em 2012 a recompensa foi aumentada de US$2,7 milhões para US$3,3. Quatro anos depois, o valor aumentou novamente em US$600 mil.
Após a última tentativa de assassinato contra Roushdie em 2022, o ministro das Relações Exteriores iraniano, Nasser Kanaani, afirmou que “ninguém tem o direito de fazer acusações contra o Irã pelo ataque”.
Kanaani também afirmou que os únicos que deveriam ser condenados na ocasião eram o autor e seus fãs:
"Durante o ataque a Salman Rushdie, não consideramos ninguém, além dele e de seus apoiadores, digno de reprovação e condenação"
O regime iraniano é conhecido por patrocinar e apoiar grupos terroristas como Hamas e Hezbollah.
Essas organizações têm tomado os noticiários por causa da guerra que tem travado contra Israel.
From the River to the Sea busca entender a realidade da guerra a partir de entrevistas com pessoas que vivem o conflito na pele.
São autoridades religiosas, militares, civis e professores, tanto da Palestina quanto de Israel, escutados pela produção.
Essa é uma oportunidade para você aprender sobre uma das guerras mais complexas da história, que ainda hoje faz milhares de vítimas.
Clique no link abaixo e garanta que você será avisado sobre o lançamento gratuito no dia 07 de outubro de 2024:
Quero assistir From the River to the Sea.