A participação de jovens entre 18 e 24 anos em sindicatos caiu 73% nos últimos dez anos. Nos últimos 10 anos, a forma de comunicação evoluiu de modo significativo. As redes sociais se transformaram em importante ferramenta de comunicação e passaram a ser usadas inclusive para que os jovens comuniquem suas demandas trabalhistas. De acordo com dados do IBGE, nesse período, as reivindicações trabalhistas passaram a ser mobilizadas pelas redes sociais.
Essa mudança de comportamento inclui utilizar as redes para mobilizar a sociedade em prol de alguma pauta importante para a categoria, por exemplo . Um dos grupos que têm utilizado o potencial das redes sociais para mobilizar as pessoas em prol de causas é o Vida Além do Trabalho (VAT). A instituição foi fundada em 2023 pelo ex-atendente de farmácia Rick Azevedo.
A causa era a luta pelo fim da escala de trabalho 6 X 1 (seis dias de trabalho e um de folga). Em nove meses, o movimento acumulou 125 mil seguidores no Instagram, 16 mil no TikTok, 1.934 no Telegram e centenas no WhatsApp, além de obter mais de 1,1 milhão de assinaturas em uma petição online.
A viralização estimulou parlamentares do Congresso Nacional a aprovar um pedido de audiência pública para discutir suas propostas, após solicitação da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP).
A parlamentar também propôs uma emenda à Constituição (PEC) para reduzir a jornada semanal sem impacto no salário. Ela acredita que as redes sociais podem ampliar o debate e incentivar a organização política dos jovens.
A participação em sindicatos caiu de 16,1% em 2012 para 8,4% em 2023, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2023. Pesquisadores do IBGE afirmam que, à medida que mais pessoas entram no mercado de trabalho, menor é o percentual que escolhe se filiar a sindicatos . A análise do Instituto atribui a tendência à reforma trabalhista, que tornou a contribuição sindical facultativa.
Cristiana Paiva Gomes, secretária da juventude da Central Única dos Trabalhadores, reconhece o desinteresse dos jovens, atribuindo-o à estrutura antiga dos sindicatos e à falta de diálogo sobre temas relevantes para a juventude. Ela também aponta a taxa sindical como um obstáculo à adesão.
Ruy Braga, Chefe do Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo, observa que a baixa adesão dos jovens aos sindicatos não é uma novidade, mas sim um fenômeno histórico.
Braga explica que tanto os jovens quanto os sindicatos se afastam uns dos outros. Essas pessoas por vezes consideram as estruturas dos sindicatos arcaicas e inflexíveis, enquanto muitos sindicalistas os enxergam como ameaça à sua autoridade e estabilidade.
Braga afirma que isso resulta em uma desconexão que impede a renovação e a modernização das práticas sindicais, afastando ainda mais os jovens que buscam formas mais dinâmicas e diretas de lutar por seus direitos.
Outro exemplo de mobilização digital é o Breque dos Apps, que surgiu em 2020 para melhorar as condições de trabalho dos entregadores de aplicativo. Um dos líderes do movimento destaca que mesmo sem apoio sindical, o grupo conseguiu mudanças. Uma delas foi a implementação do código de confirmação de recebimento no iFood.
O jornalismo da Brasil Paralelo entrou em contato com o iFood para saber mais sobre suas políticas de apoio ao parceiro, mas até o momento do fechamento desta reportagem não obteve retorno.
À medida que a importância das redes sociais aumenta nas vidas das pessoas, os benefícios da utilização das redes sociais para reivindicações trabalhistas se tornam cada vez mais evidentes.
O fundador do movimento VAT, Rick Azevedo,acredita que os sindicatos reconquistem filiados necessitam mudar sua forma de trabalho e se adequem às novas gerações:
"Os sindicatos ficaram fixados na política média, retrógrada. O VAT tem sucesso porque é um movimento aberto, que os jovens acompanham instantaneamente", afirmou em entrevista.
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