Evita Perón foi primeira-dama da Argentina e até hoje é considerada uma das principais personalidades do país. Também foi filantropa e, antes da vida política, trabalhava como atriz e fazia narrações de telenovelas.
Tornou-se popular entre o povo argentino por realizar obras de caridade e também por ser uma figura influente durante o governo de seu marido, Juan Perón.
Liderou a campanha pela legalização do voto feminino no país e participou ativamente das campanhas presidenciais de Juan Perón.
Conheça agora a vida e as realizações de Eva Perón, mais conhecida como Evita Perón.
Evita Perón, Paulo Freire e Oscar Niemeyer são enaltecidos por muitas instituições de ensino e canais de mídia, mas será que essas personalidades são os heróis que parecem? Analisamos a Face Oculta deles e de outras personalidades famosas - toque aqui para o primeiro episódio da 3ª temporada.
Evita Perón nasceu no dia 7 de maio de 1919. A localização exata de seu nascimento é controversa, com registros indicando que teria sido em Los Toldos e outros apontando para a cidade de Junin, como relatado no livro Evita: the real life of Eva Perón, dos autores Nicholas Frases e Marysa Navarro.
As duas cidades são vizinhas e ficam próximas a Buenos Aires. Ao nascer, chamava-se Eva Maria Duarte, filha de uma relação extraconjugal entre Juan Duarte, um estancieiro bem-sucedido, e Juana Ibargurem.
Na Argentina da época, filhos de relações extraconjugais não eram considerados legítimos. Então Eva e seus quatro irmãos não puderam usufruir dos bens do pai após sua morte, já que tudo ficou para a família legítima, que tinha 6 filhos.
A infância de Eva foi marcada pela pobreza e pela marca de ser considerada uma filha ilegítima.
Enquanto crescia e estudava, ela teve contato com o teatro e se interessou pela área. Isso a motivou a se tornar atriz.
Para a escritora Julie Taylor, em seu livro Eva Perón: The Myths of a Woman, as dificuldades enfrentadas na infância incentivaram a sua luta pelas classes menos favorecidas.
Vida adulta de Evita Perón
Eva mudou-se para Buenos Aires quando tinha 15 anos, com o objetivo de investir em sua carreira como atriz. Ela atuou em peças de teatro e também em filmes de orçamento reduzido, de acordo com a obra Evita: the real life of Eva Perón, dos autores Nicholas Fraser e Marysa Navarro.
O auge da sua carreira artística aconteceu quando ela começou a atuar como narradora de radionovelas. Passou boa parte da sua temporada como narradora trabalhando na rádio Belgrano.
Com isso, ela conseguiu certa estabilidade financeira e também alcançou grande popularidade em Buenos Aires.
No artigo The Case of Eva Perón, Marisa Navarro relata que o rádio foi um dos elementos essenciais para a ascensão profissional de Eva Perón.
Evita Perón entra na política
Até então, Eva Perón não tinha envolvimento na vida política, mas isso estava prestes a mudar. Em 1944, durante evento beneficente organizado para vítimas do terremoto que atingiu San Juan, ela conheceu Juan Perón, seu futuro marido.
A aproximação entre os dois foi rápida, dando início a um relacionamento amoroso que se transformou em casamento no ano seguinte.
A partir daí, ela se tornou um dos principais cabos eleitorais de Juan Perón, que à época trabalhava como secretário do Trabalho do governo argentino e também era vice-presidente da República.
Perón era próximo dos sindicatos do país, fazendo com que Eva Perón também se aproximasse dos sindicatos, fortalecendo a sua atuação política.
Entre 1939 e 1941, Perón foi agregado militar da Argentina na Itália de Mussolini, tornando-se entusiasta do fascismo italiano.
Inspirado na Carta Del Lavoro, de Mussolini, também desenvolveu os ideais trabalhistas que guiaram suas ações como Secretário do Trabalho e Segurança Social.
Em aliança com o movimento sindical argentino, criou tribunais do trabalho, estendeu benefícios previdenciários e de verbas rescisórias, entre outros mecanismos de proteção estatal.
Esse rápido crescimento de Juan Perón despertou animosidade entre os militares do país, que decidiram prendê-lo, mesmo já sendo vice-presidente da Argentina no momento.
A reação popular foi imediata, levando trabalhadores e sindicalistas às ruas no dia 17 de outubro de 1945. Até hoje, uma das maiores mobilizações sociais do país. Evita Perón liderou a marcha pedindo a soltura de Juan Perón.
Perón foi solto e tornou-se presidente da República um ano depois, com participação ativa de Evita Perón em sua campanha presidencial.
De acordo com Julie Taylor, em sua obra Eva Perón: The myths of a woman, mesmo antes da eleição de Perón, Eva começou a fazer discursos, primeiro a favor de seu marido, e depois a seu favor.
Após a eleição, ela seguiu com seus esforços para garantir que seu marido fosse visto como o patrono dos trabalhadores na Argentina.
Para Marysa Navarro, no livro Evita. Mitos y Representaciones, a influência de Eva Perón na campanha presidencial de 1946 transcende sua mera presença nos eventos políticos. Ela se tornou um símbolo de esperança e transformação para muitos argentinos
A Face Oculta de Eva Perón
Mas o foco do peronismo ia além do bem estar da população argentina, indicando a vontade de se consolidarem no poder.
Para entender como Juan Perón e Evita Perón se aliaram para permanecer no poder e convencer os argentinos, assista A Face Oculta de Evita Perón, programa original da Brasil Paralelo:
O crescimento de sua popularidade
Ao se tornar primeira-dama da Argentina, Evita Perón ganhou notoriedade no país e usou o seu palanque político para realizar ações que a tornaram ainda mais popular.
Tudo o que Evita fazia se tornava destaque na mídia e recebia atenção da população. Desde as roupas que usava, a viagem pela Europa e sua atuação ativa nos sindicatos.
Ela usou o seu poder de influência para duas ações que geraram resultados para ela e também para seu marido, Juan Perón.
Evita participou ativamente da campanha pelo sufrágio feminino, ou seja, o direito de as mulheres poderem votar nas eleições argentinas.
Durante o governo de Perón, a Lei 13.010 foi aprovada, tornando legal a participação de mulheres na política argentina.
Isso ajudou Perón em sua campanha de reeleição à presidência, em 1951, angariando muitos votos de mulheres, sendo eleito com 63% dos votos válidos.
Obras de caridade
A segunda ação realizada por Evita a gerar resultados expressivos para a sua popularidade foi o trabalho voluntário e as obras de caridade.
Ela teria tentado se juntar à principal instituição de caridade argentina, a Sociedad de Beneficencia. Tradicionalmente, eles nomeavam a primeira-dama como presidente da instituição.
Com Evita isso não aconteceu. Ela não era bem vista pelos integrantes da instituição e o motivo seria pelo seu passado de pobreza. Com isso, ela criou a sua própria instituição de caridade.
A Fundação Eva Perón focou em permitir o acesso de jovens à educação, construção de escolas, hospitais, orfanatos e asilos e também a distribuição de presentes e alimentos a pessoas em necessidade.
Todo esse trabalho fez com que ela ficasse conhecida pelo povo como “nossa senhora da esperança”. Perón foi ainda mais longe, criando o feriado de “Santa Evita”.