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História
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A Crise argentina – Entenda como a Argentina deixou de ser um país rico e hoje vive na pobreza

Entenda porque a Argentina está em crise, por que o país quebrou, o peso desvalorizou e como está a Argentina atualmente.

Por
Redação Brasil Paralelo
Publicado em
1/9/2021 22:40

A crise argentina é um sinal de alerta. Se um país que já foi uma das potências econômicas mundiais atingiu elevados índices de pobreza, por que outros países estariam ilesos? As escolhas dos governantes, a corrupção, a desvalorização da moeda e todos os detalhes são abordados neste artigo.

A Queda Argentina é mais uma produção inédita da Brasil Paralelo. Assista-a gratuitamente e entenda melhor por que a Argentina foi à falência. Não é impossível que aconteça em nosso país o que aconteceu no país vizinho.

O paradoxo argentino

Antes um gigante econômico, a Argentina se tornou a pior economia da América Latina depois da Venezuela, e hoje é considerada uma das mais frágeis do mundo entre os países emergentes.

  • No início do século XX, a Argentina era um dos países mais ricos do mundo. Chegou a ter um PIB (Produto Interno Bruto) per capita maior que o da Alemanha e da França. Superou o Canadá e a Austrália em população, renda total e per capita. Hoje, vive uma crise econômica.
  • Italianos, espanhóis, franceses e alemães constituíam a maior parte dos imigrantes que buscavam melhores salários em terras argentinas. Hoje, os jovens buscam oportunidades em outros países.
  • Foi outrora um centro de excelência acadêmica e intelectual. Hoje, está abaixo do Brasil nos testes do Programa de Avaliação Internacional de Estudantes.

A expressão riche comme une argentine (rico como um argentino) já foi popular. Aristocratas britânicos faziam planos de casar suas filhas com argentinos ricos. A crise na Argentina faz com que não pareça que o país já passou por tempos de riqueza, principalmente explorando as terras férteis dos pampas.

Alemanha, França, Bélgica e majoritariamente a Grã-Bretanha foram as nações que mais investiram na Argentina de forma livre e diversificada. O capital estrangeiro foi responsável por ferrovias e indústrias.

Agora, a Argentina é um dos países menos confiáveis para os investimentos estrangeiros.

A explicação para a crise argentina envolve anos de história, resumidos neste artigo.

O que você vai encontrar neste artigo?

As origens da crise argentina

A estabilidade econômica da Argentina começou a mudar com a Grande Depressão nos EUA, que afetou suas exportações. A instabilidade política levou a um golpe militar. Entre 1930 e 1983, foram 6 golpes de Estado, 5 dos quais resultaram em ditaduras. Uma essência foi mantida: o nacionalismo.

Sucessivamente, esses governos adotaram políticas protecionistas e de substituição de importações. O objetivo era tornar a Argentina autossuficiente.

Mas a troca das importações pelas produções locais trouxe consequências. As indústrias nacionais não eram competitivas. A população era forçada a pagar mais caro em produtos do próprio país e as indústrias eram impedidas de importar maquinário para aumentar e aprimorar a produtividade.

Em 1946, Juan Domingos Perón assumiu a presidência da Argentina e acrescentou o populismo ao nacionalismo. Perón quis compensar os problemas sociais argentinos aumentando os gastos públicos.

  • Perón foi semelhante a Getúlio Vargas em várias de suas ações. Já temos um artigo que explica a Era Vargas para que você entenda melhor este período da história brasileira.

Ele governou por sindicatos, instituiu direitos trabalhistas e aumentou amplamente as garantias aos trabalhadores. Os salários subiram 46% na década de 40.

Isso fez de Perón um líder aclamado. Mas o país entrou em uma espiral inflacionária e as pensões aumentadas pelo presidente chegaram a um total de 29% das riquezas produzidas na Argentina.

A experiência protecionista terminou oficialmente em 1976. Naquele ano, a junta militar comandada por Jorge Rafael Videla abriu um pouco a economia. Entretanto, as indústrias argentinas, acostumadas ao protecionismo, não conseguiram se manter diante da concorrência externa.

O governo teve que assumir as dívidas. Para fazer isso, imprimia mais dinheiro e gastava desmedidamente. As medidas populistas para aumentar os salários elevaram a inflação de preços, que chegou a 800% ao ano.

Em fevereiro de 1981, a taxa de inflação anual mais baixa era de 82%.

Em 1982, o endividamento argentino aumentou com a entrada do país na guerra das Ilhas Malvinas contra a Inglaterra.

Em dezembro de 1983, a ditadura militar terminou e Raúl Alfonsín foi eleito.

Os problemas econômicos no governo de Raúl Alfonsín

Presidente-argentino-Raul-Alfonsin

Raul Alfonsín assumiu a presidência e já no ano seguinte, 1984, a inflação chegou a 700%. Em 1985, o FMI (Fundo Monetário Internacional) e outras instituições de crédito bloquearam os novos créditos para o país. Era a falência argentina.

Foi neste cenário que o Ministro da Economia renunciou e Alfonsín foi à televisão anunciar um plano econômico para tentar conter a crise argentina.

O que foi o Plano Austral?

O Plano Austral consistia na criação de uma nova moeda para conter a alta inflação. A moeda chamada austral foi criada em 1985.

Isso foi feito com o governo congelando preços das tarifas públicas e da cesta básica e controlando rigidamente os salários do setor privado.

No ínício, os preços estavam sob controle e a popularidade de Alfonsín aumentou. A melhor fase registrou uma inflação anual de preços de 50%. Paralelamente, a impressão de dinheiro continuou. Quando os preços começaram a descongelar, todo o problema anterior voltou.

Grupos de interesse tiraram vantagem da instabilidade política para disputar o poder. O funcionalismo público nas províncias cresceu. Em La Rioja, por exemplo, o número de funcionários públicos passou de doze para mais de quarenta mil entre 1983 e 1989.

Os sindicatos controlados pelos peronistas também dificultaram o governo do país. Durante a presidência de Alfonsín, o país foi paralisado por 13 greves gerais e mais de mil outras paralisações. Todos os esforços de Alfonsín em direção à austeridade fracassaram, e a nova moeda, o austral, entrou em queda.

O governo Alfonsín não só contraiu dívidas com o FMI, mas também comprou dólares usando o austral. O primeiro empréstimo do FMI à Argentina ocorreu em 1959, e desde então o país já recorreu 21 vezes à entidade monetária.

A prática de imprimir dinheiro tornou-se recorrente na Argentina, tornando necessária a importação de  cédulas, além do aumento da compra de papel para impressão. Isso levou a uma hiperinflação que chegou a 200% ao mês, em julho de 1989. Este mesmo ano foi encerrado com uma inflação de 5.000%.

Em maio de 1989, com uma inflação de 764%, o povo saiu às ruas em uma onda de saques e destruição. 14 pessoas morreram em confrontos com a polícia. No dia 29 de maio,ds o governo declarou estado de sítio por 30 dias, e a instabilidade política levou à renúncia de Raúl Alfonsin.

Cabia agora ao seu sucessor resolver os problemas.

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