Militares aliados e manuais de guerra
As investigações revelam que parte do conhecimento técnico veio de dentro das Forças Armadas. A Polícia Federal prendeu Rian Maurício Tavares Mota, militar da Marinha, acusado de auxiliar o Comando Vermelho na adaptação dos drones.
Em mensagens interceptadas pela PF, Rian orientava os criminosos sobre o uso de um “dispensador”, dispositivo que segura a granada e libera o pino no momento do lançamento.
O interlocutor do militar era Edgar Alves de Andrade, conhecido como Doca, preso na operação desta terça-feira. Ele é apontado como um dos chefes do Comando Vermelho na Penha.
À época das conversas, os dois planejavam ataques contra grupos milicianos e facções rivais em favelas dominadas pelo CV.
O aprendizado pela internet
Investigações anteriores mostram que o avanço da tecnologia não exigiu importação de equipamentos militares. Os traficantes utilizam drones de uso comercial, do tipo FPV, vendidos livremente pela internet.
Esses aparelhos custam entre R$3 mil e R$10 mil e suportam cargas de até meio quilo, o suficiente para carregar uma granada de mão.
Confrontos e vítimas
As autoridades afirmam que, durante a operação desta terça-feira (28), quatro suspeitos foram mortos, entre eles dois da Bahia e um do Espírito Santo.
Um policial civil morreu baleado durante a operação. Outros quatro PMs e um delegado ficaram feridos.
Três civis também foram atingidos por balas perdidas:
- um homem em situação de rua, baleado nas costas e levado ao Hospital Estadual Getúlio Vargas;
- uma mulher atingida enquanto se exercitava em uma academia;
- e um homem ferido em um ferro-velho da região.
Ao todo, 25 suspeitos foram presos, cinco deles internados sob custódia após serem baleados. A polícia apreendeu 10 fuzis, 2 pistolas e 9 motos usadas por traficantes durante os confrontos.
A ação contou com o apoio de helicópteros, 32 blindados, veículos de demolição e ambulâncias do Grupamento de Salvamento e Resgate.
Foram mobilizados agentes de todas as delegacias especializadas, do Departamento de Combate à Lavagem de Dinheiro e da Subsecretaria de Inteligência.
Por causa dos confrontos:
- 45 escolas municipais suspenderam as aulas;
- cinco clínicas da família interromperam o atendimento externo;
- 12 linhas de ônibus foram desviadas.
De acordo com a polícia, entre os presos está o operador financeiro Edgard Alves de Andrade, o “Doca”, apontado como integrante da cúpula do Comando Vermelho na Penha.
A Operação Contenção faz parte de uma série de ofensivas contra o grupo e busca enfraquecer a base logística e financeira da facção, que mantém ligações com o tráfico internacional e redes de lavagem de dinheiro.