Qual a motivação dos protestos no México?
Os protestos ocorridos no domingo (2) são uma reação do povo ao assassinato de Manzo, ocorrido durante uma celebração do Dia dos Mortos, um dos eventos mais icônicos do país. 
Os focos de protestos foram em duas cidades, Morelia e Uruapan, onde Manzo era prefeito. Nos distúrbios, manifestantes acusavam o governador de Michoacán, Alfredo Ramírez Bedolla, de ter sido quem deu a ordem de assassinar Manzo.
“O governo o matou!” gritavam durante a marcha.
O povo também acusou negligência e omissão diante da escalada de assassinatos de prefeitos em Michoacán.
Por volta das 18h, um grupo mais radical invadiu o Palácio de Governo e arrombou as portas do edifício, destruíram imóveis e atearam fogo no interior.
Pouco tempo depois, as forças de segurança retomaram o controle do local. Nenhum manifestante ficou gravemente ferido, segundo informações oficiais, embora o prédio tenha sofrido grandes danos materiais.
Quem foi Carlos Manzo, o “Bukele mexicano”? 
Carlos Manzo, foi eleito prefeito de forma independente em 2024, após atuar como deputado federal pelo partido de esquerda MORENA. 
Manzo ganhou popularidade após denunciar o domínio do crime organizado sobre Uruapan.
O prefeito defendia uma política anti-crime radical, o que fez com que apelidaram ele de “Bukele”, em referência ao presidente de El Salvador, conhecido pelas suas políticas de segurança.
Em setembro, Manzo declarou que "não queria ser apenas mais um prefeito na lista dos executados" durante uma entrevista. Na ocasião, pedia apoio do governo federal para conter o avanço das facções. 
Michoacán: o estado dominado pelo crime
Michoacán é um dos estados mais ricos e perigosos do México. Conhecido como o “berço do abacate”, a região é responsável por grande parte das exportações da fruta para os Estados Unidos. 
O privilégio financeiro da região atraiu os interesses do narcotráfico, que agora controla plantações, extorque produtores e domina rotas comerciais.
Sob o governo de Alfredo Ramírez Bedolla, sete prefeitos foram assassinados em diferentes municípios. Um oitavo continua desaparecido desde 2021. Em muitos casos, as vítimas haviam denunciado ameaças de facções criminosas.
Michoacán é um pequeno reflexo da crise de segurança do México. Desde que o governo mexicano iniciou a guerra contra o tráfico, em 2006, o país registrou quase meio milhão de assassinatos e 100 desaparecidos.
A escalada de conflitos contra o crime organizado é um fenômeno regional que vai além das fronteiras brasileiras.
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