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Atualidades
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O recado do novo papa aos jornalistas: “Rejeitem a guerra de palavras”

Leão XIV propôs uma comunicação sem ideologia ou agressividade e defendeu a dignidade dos que arriscam a vida pela verdade. Leia seu discurso na íntegra.

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Publicado em
12/5/2025 9:28
Foto: REUTERS/Guglielmo Mangiapane

Na manhã desta segunda-feira (12), o papa Leão XIV concedeu sua primeira conferência para veículos de imprensa na Sala Paulo VI, no Vaticano.

Representantes da mídia de diversos países acompanharam o evento, que teve como tema central a importância da comunicação como instrumento de paz.

Logo no início do discurso, o papa recordou as palavras de Jesus no Sermão da Montanha: "Bem-aventurados os pacificadores".

A partir dessa bem-aventurança, exortou os profissionais da comunicação a se comprometerem com um estilo de atuação que rejeite o consenso a qualquer custo, o uso de palavras agressivas e a lógica da competição.

“A paz começa com cada um de nós, com a maneira como olhamos para os outros, ouvimos os outros, falamos sobre os outros”, afirmou.

Segundo o pontífice, a comunicação deve ser instrumento de diálogo e não de confronto, evitando “a guerra de palavras e imagens”.

O papa manifestou solidariedade aos jornalistas presos ou perseguidos por buscarem a verdade.

O pontífice fez um apelo direto pela libertação de jornalistas presos:

“Permitam-me então reiterar hoje a solidariedade da Igreja para com os jornalistas presos por buscar e relatar a verdade. E com essas palavras, pedir a libertação desses jornalistas que estão presos.”

Leão XIV destacou ainda que a Igreja reconhece nesses profissionais, especialmente os que atuam em zonas de guerra e em contextos hostis, a coragem daqueles que defendem a dignidade humana, a justiça e o direito dos povos à informação:

“Somente povos informados podem fazer escolhas livres.”

O pontífice afirmou que o sofrimento desses jornalistas “desafia a consciência das nações e da comunidade internacional”, e reforçou o dever de proteger a liberdade de expressão e de imprensa.

Leão XIV fez menção ao avanço da inteligência artificial

No discurso, abordou o potencial positivo da tecnologia, mas alertou que ela exige responsabilidade e discernimento.

"Considerando a evolução tecnológica, essa missão se torna ainda mais necessária. Penso, em particular, na inteligência artificial, com seu imenso potencial, que exige responsabilidade e discernimento para orientar suas ferramentas para o bem comum, de forma que tragam benefícios à humanidade".

Na parte final do discurso, o pontífice retomou uma mensagem deixada por seu antecessor, o papa Francisco:

“Vamos desarmar a comunicação de todo preconceito, rancor, fanatismo e ódio.”

Pediu que os profissionais escolham “com consciência e coragem” o caminho da comunicação de paz, capaz de escutar os mais fracos e contribuir para um mundo mais justo.

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Íntegra do pronunciamento do papa Leão XIV à imprensa, em 12 de maio de 2025


Obrigado por esta recepção neste primeiro encontro. Muito obrigado por este aplauso. Irmãos e irmãs, dou-lhes as boas-vindas, representantes da mídia de todo o mundo. Agradeço pelo trabalho que fizeram e estão fazendo neste tempo, que para a Igreja é essencialmente um tempo de graça.
No Sermão da Montanha, Jesus proclamou: "Bem-aventurados os pacificadores!" Essa é uma bem-aventurança que nos desafia a todos e que lhes diz respeito de perto, chamando cada um ao compromisso de promover uma comunicação diferente — que não busque o consenso a todo custo, que não se revista de palavras agressivas, que não adote o modelo da competição, que nunca separe a busca pela verdade do amor com o qual humildemente devemos buscá-la.
A paz começa com cada um de nós, com a maneira como olhamos para os outros, ouvimos os outros e falamos sobre os outros. Nesse sentido, a forma como nos comunicamos é de fundamental importância. Devemos dizer não à guerra de palavras e imagens. Devemos rejeitar o paradigma da guerra. Permitam-me, então, reiterar hoje a solidariedade da Igreja com os jornalistas presos por buscar e relatar a verdade.
Com essas palavras, peço a libertação dos jornalistas que estão detidos. A Igreja reconhece nesses profissionais, especialmente os que cobrem zonas de guerra, mesmo ao custo de suas vidas, a coragem de quem defende a dignidade, a justiça e o direito dos povos à informação. Somente povos informados podem fazer escolhas livres.
O sofrimento desses jornalistas desafia a consciência das nações e da comunidade internacional, convocando todos nós a proteger o bem precioso da liberdade de expressão e de imprensa. Obrigado, queridos amigos, por seu serviço à verdade.
Vocês estiveram em Roma nessas semanas para contar sobre a Igreja, sua variedade e, ao mesmo tempo, sua unidade. Acompanharam os ritos da Semana Santa e relataram a tristeza pela morte do papa Francisco — vivida, no entanto, sob a luz da Páscoa. Essa mesma fé pascal nos introduziu no espírito do conclave, no qual estiveram particularmente envolvidos em dias intensos.
Também nesta ocasião, vocês conseguiram narrar a beleza do amor de Cristo que nos une a todos e nos torna um só povo, guiado pelo Bom Pastor. Vivemos tempos difíceis — a serem percorridos e narrados — que representam um desafio para todos nós e do qual não devemos fugir. Pelo contrário, exigem que cada um de nós, em nossas funções e serviços, não se renda à mediocridade.
A Igreja deve aceitar os desafios do tempo. Da mesma forma, não pode haver comunicação ou jornalismo fora de seu tempo e da história. Santo Agostinho nos lembra: "Vivamos bem, e os tempos serão bons. Nós somos os tempos."
Obrigado, portanto, por saírem dos estereótipos e clichês com os quais muitas vezes se tenta ler a vida da Igreja. Obrigado por captarem o essencial do que somos e transmitirem isso, com todos os meios, ao mundo inteiro.
Hoje, um dos maiores desafios é promover uma comunicação capaz de nos tirar da torre de Babel — dessa confusão de linguagem sem amor, muitas vezes ideológica ou sectária. Por isso, o serviço de vocês, com as palavras que escolhem e o estilo que adotam, é importante.
A comunicação não é apenas transmissão de informação, mas criação de cultura, de ambientes humanos e digitais que se tornam espaços de diálogo e confronto. Considerando a evolução tecnológica, essa missão se torna ainda mais necessária.
Penso, em particular, na inteligência artificial, com seu imenso potencial, que exige responsabilidade e discernimento para orientar suas ferramentas para o bem comum, de forma que tragam benefícios à humanidade. Essa responsabilidade diz respeito a todos, de maneira proporcional à idade e aos papéis sociais.
Queridos amigos, vamos nos conhecer melhor com o tempo. Vivemos, podemos dizer, dias muito especiais. Nós e vocês os compartilhamos por meio de todas as formas de comunicação — TV, rádio, internet, redes sociais. Gostaria que cada um de nós pudesse dizer que esses dias revelaram algo do mistério da nossa humanidade e nos deixaram com o desejo de mais amor e mais paz.
Por isso, repito hoje a vocês o convite feito pelo papa Francisco em sua última mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais: desarmemos a comunicação de todo preconceito, rancor, fanatismo e ódio. Vamos purificá-la da agressividade. Não precisamos de uma comunicação estrondosa ou agressiva, mas de uma comunicação capaz de escutar, de acolher a voz dos mais fracos, dos que não têm voz.
Vamos desarmar as palavras — e assim contribuiremos para desarmar o mundo. A comunicação desarmada permite que compartilhemos uma visão diferente do mundo e ajamos de forma coerente com a nossa dignidade humana.
Vocês estão na linha de frente, narrando conflitos e esperanças de paz, situações de injustiça e pobreza, e o trabalho silencioso de muitos por um mundo melhor. Por isso, peço a vocês que escolham, com consciência e coragem, o caminho de uma comunicação de paz.
Muito obrigado.”

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