Daryl Davis conseguiu fazer com que mais de 200 membros da Ku Klux Klan (KKK) deixassem suas visões de ódio.
O pianista começou sua jornada após um encontro em 1983, em um bar de estrada em Maryland.
Ele era o único negro presente e estava se apresentando com uma banda que tocava música country.
Depois do show, um homem se aproximou para elogiá-lo, mas falou de maneira racista:
“Cara, eu gosto muito do seu piano. Esta é a primeira vez que ouvi um negro tocar piano como Jerry Lee Lewis… Eu nunca ouvi nenhum homem negro tocar assim, exceto você”.
Davis explicou que Lewis havia aprendido com músicos negros, mas o homem não acreditou.
Os dois continuaram conversando e em um momento o homem comentou que nunca tinha conversado tanto com um negro:
“Sabe, essa é a primeira vez que me sentei e tomei uma bebida com um homem negro… Sou membro da Ku Klux Klan”
O grupo é uma sociedade secreta criada para preservar a supremacia branca por meio de intimidações e violência.
Os membros são conhecidos como "cavaleiros" e usam vestes brancas, capuzes e símbolos como a cruz em chamas para espalhar o medo.
A partir daquele encontro, Davis decidiu escrever um livro sobre a organização e marcou uma série de entrevistas.
Ele passou a se aproximar e até fazer amizade com os integrantes, tentando persuadi-los a repensar suas crenças racistas:
“As pessoas devem parar de se concentrar nos sintomas do ódio, é como colocar um curativo no câncer. Temos que tratar até os ossos, o que é ignorância. A cura para a ignorância é a educação. Você conserta a ignorância, não há nada a temer. Se não há nada a temer, não há nada a odiar. Se não há nada a odiar, não há nada ou ninguém a destruir”
Davis conta que primeiro os deixava apresentar seus argumentos e pedia que explicassem incongruências, sem se exaltar:
"Claro que alguns ficam bravos, mas já espero por isso. Mas também sei que as pessoas conseguem se dar bem. Precisamos disso para ter uma sociedade produtiva."
Assim, o músico começou a adentrar na organização, participando de comícios e até se tornando amigo de alguns dos membros.
Para ele, essa proximidade foi capaz de mudar a forma como essas pessoas viam o mundo:
"Você pode passar cinco minutos com seu pior inimigo e descobrir que têm ao menos uma coisa em comum. Eles começaram a perceber isso e, com o tempo, repensaram sua ideologia - e alguns até se tornaram grandes amigos meus."
Dessa forma, Davis conseguiu fazer com que centenas de membros da organização abandonassem suas visões supremacistas:
“Meu objetivo nunca foi convertê-los. Mas mais de 200 deixaram isso, porque eu tenho sido o ímpeto para isso. Eu lhes dou informações. Eles pensam, processam e tomam sua própria decisão, preciso mudar minha maneira de pensar aqui. Eles se converteram. Eu sou apenas o canal para levá-los nessa direção”
Muitas das pessoas que deixaram a organização por causa dele o presentearam com capuzes, bandeiras e outras coisas referentes ao grupo.
Ele diz que guarda tudo e não quer se livrar de sua “coleção” por acreditar que é uma parte importante da história americana:
"por mais vergonhosos que sejam, não se destrói a história do país… A Klu Klux Klan é tão americana quanto o beisebol, a torta de maçã e a Chevrolet".
Um dos homens que entregou seu manto para Davis foi Roger Kelly, então “mago imperial”, nome dado à liderança nacional da Klan.
Em 1996, Kelly disse que guardava muito respeito por Davis durante um discurso do Klan em Clairmont, Maryland:
“Eu acompanharia aquele homem até o inferno porque eu acredito no posicionamento dele… Nós não concordamos em tudo, mas pelo menos ele me respeita o suficiente para se sentar e escutar, e eu o respeito.”
Apenas três anos depois, ele deixou a organização e se isolou por causa da vergonha por seu passado.
Em um momento ele viu Davis em um programa do Discovery Channel e buscou retomar o contato:
“Ele estendeu a sua mão… Disse que estava disposto a me ajudar, então eu comecei a ver que o problema não era a cor. O problema era eu.”
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