Aproximação com a Rússia
Em setembro, Washington e Londres acusaram o Irã de estreitar sua cooperação militar com o governo de Vladimir Putin. Segundo as denúncias, o regime dos aiatolás estaria fornecendo mísseis balísticos à Rússia, em apoio à guerra contra a Ucrânia, e recebendo tecnologia militar em troca.
Durante visita ao Reino Unido, Antony Blinken comentou o assunto:
"A Rússia está compartilhando a tecnologia que o Irã deseja. É uma via de mão dupla, que inclui questões nucleares e informações espaciais."
Embora os detalhes dessa parceria ainda sejam pouco claros, analistas alertam que o auxílio russo pode acelerar significativamente o programa nuclear iraniano.
Terremoto e suspeitas de teste nuclear
No dia 5 de outubro, um tremor de magnitude 4,4 atingiu a província de Semnan, no norte do Irã. A notícia gerou especulações nas redes sociais sobre a possibilidade de o terremoto estar relacionado a um teste nuclear subterrâneo.
A localização do epicentro contribuiu para aumentar os rumores. A Foundation for Defense of Democracies afirma que o regime iraniano construiu, no início dos anos 2000 — antes da atual doutrina de segurança —, instalações para testes subterrâneos em Semnan. As informações teriam sido obtidas por meio de documentos sigilosos apreendidos pela inteligência israelense.
O Ministério das Relações Exteriores do Irã negou a existência dessas estruturas e acusou a fundação de promover uma campanha de desinformação com fins políticos:
"O objetivo da Fundação é produzir e disseminar mentiras, encorajar, consultar, fazer lobby e realizar campanhas de propaganda negativa contra a República Islâmica, com o intuito de impor e intensificar sanções econômicas."
Apesar da negativa, Teerã admite que há, na região, um centro de lançamentos espaciais e um quartel-general de mísseis. No entanto, especialistas apontam que a profundidade do tremor foi rasa demais para ser compatível com um teste nuclear. Além disso, Semnan é uma região de intensa atividade sísmica, o que reforça a hipótese de um terremoto natural.
Conflito e guerra por procuração
O Irã mantém fortes ligações com milícias e grupos terroristas espalhados pelo Oriente Médio. Ao financiar essas organizações, o regime aumenta sua influência na região e ataca adversários sem recorrer a confrontos diretos — estratégia conhecida como “guerra por procuração”.
Entre os grupos apoiados estão o Hamas e o Hezbollah, ambos em conflito com Israel desde outubro do ano passado. Em resposta à morte do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, o Irã lançou mísseis contra território israelense em 1º de outubro.
Israel ainda não retaliou, mas autoridades militares discutiram possíveis ataques a refinarias ou usinas nucleares iranianas. O presidente dos EUA, Joe Biden, comentou o cenário em entrevista ao Boletim de Cientistas Atômicos:
"Acredito que um ataque reforçaria a determinação do Irã em obter armas nucleares, sem eliminar permanentemente sua capacidade. Provavelmente, expulsariam os inspetores e tentariam enriquecer urânio altamente concentrado para fins militares."
A declaração de Biden está alinhada à fala do ex-chanceler Kamal Kharrazi, conselheiro do líder supremo do Irã, feita em maio:
"Ainda não decidimos fabricar uma bomba nuclear, mas, se a existência do Irã estiver em risco, teremos de reconsiderar nossa doutrina. Se o regime sionista atacar nossas instalações, nossa postura de dissuasão vai mudar."
Na manhã de hoje, 15 de outubro, o governo de Benjamin Netanyahu anunciou que eventuais represálias israelenses se limitarão a alvos militares. A decisão parece afastar, ao menos por ora, a possibilidade de o Irã abandonar sua doutrina defensiva e acelerar a produção de armas nucleares.
Apesar disso, a tensão no Oriente Médio segue elevada. Israel continua enfrentando ofensivas de grupos armados patrocinados por Teerã.
Para compreender a complexidade da guerra entre Israel e Irã, a Brasil Paralelo enviou uma equipe ao Oriente Médio. O documentário resultante traz entrevistas com intelectuais, militares e sobreviventes dos confrontos.
Mais de 2,8 milhões de pessoas já assistiram ao filme até o dia 14 de outubro. A estreia, transmitida ao vivo em 7 de outubro, contou com audiência superior a 100 mil pessoas.
Assista gratuitamente ao documentário no YouTube pelo link abaixo:
🎥 https://www.youtube.com/watch?v=tZS80Dfhqd4