Uma milícia palestina chamada Forças Populares está atuando na Faixa de Gaza com o objetivo de combater o Hamas.
O grupo liderado por Yasser Abu Shabab conta com pouco mais de 300 membros e afirma ser apoiado pelo governo israelense.
Entre as promessas da organização estão objetivos como proteger a ajuda humanitária da "pilhagem, corrupção e roubo” organizados pelo Hamas.
"Não somos combatentes profissionais, nem somos uma milícia, uma vez que não utilizamos táticas de guerrilha", o grupo afirmou ao jornal Euronews.
O porta-voz da organização contou à publicação europeia que o grupo terrorista tem assassinado membros:
"O Hamas matou mais de 50 dos nossos voluntários, incluindo membros da família do Comandante Yasser, enquanto estávamos a guardar comboios de ajuda"
No entanto, a iniciativa enfrenta ceticismo e críticas por causa do passado criminoso de seu líder.
O líder das Forças Populares tem um extenso histórico criminal e já chegou a ser preso pelo Hamas.
As acusações contra ele incluem crimes como tráfico de drogas e contrabando ilegal de cigarros.
Membros de sua própria família afirmam que ele usava túneis e passagens na fronteira com Israel e Egito para entrar em Gaza com produtos ilegais.
Abu Shabab foi libertado com a maioria dos presos no início da guerra, após o atentado terrorista do dia 7 de outubro de 2023.
Rami Abou Jamous, um jornalista palestino que fundou a GazaPress, comparou Abu Shabab ao megatraficante colombiano Pablo Escobar:
"Imaginem que Pablo Escobar se torna presidente da Colômbia. É exatamente o que isto é: um traficante de droga a colaborar com um exército de ocupação contra o seu próprio povo."
O jornalista afirma que a organização não é tão poderosa quanto busca parecer:
"Não devemos chamá-los de 'força… São algumas dezenas de pessoas de um clã chamado Asalamu Alaykum, inicialmente envolvido no desvio de ajuda humanitária".
Para Jamous, o grupo não tem capacidade de proteger a ajuda humanitária e apenas busca construir uma boa imagem no exterior:
"Ele afirma que está a proteger os camiões ou a ONU, mas isso é como alguém que filma na sua própria casa e diz que está a proteger o seu cão - se o cão se for embora, ele não pode fazer nada… O que ele está a fazer agora é propaganda - uma bolha criada para consumo internacional".
As Forças Populares afirmam ter assistência das Forças de Defesa de Israel, mas não recebem apoio em suas operações.
No mês passado, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu anunciou que estava armando clãs que se opõem ao Hamas dentro da Faixa de Gaza.
Em um vídeo divulgado em suas redes sociais, ele disse que "ativou clãs em Gaza que se opõem ao Hamas" e alegou que a medida foi tomada "sob a orientação de agentes de segurança".
A atitude do governo tem sido criticada por militares e veteranos israelenses. Um deles é o historiador militar das FDI e perito em Hamas, Guy Aviad, entrevistado pela Euronews.
Para ele, há um grande risco desses grupos se voltarem contra israel, como já aconteceu no passado:
"Penso que os serviços de segurança e também o governo israelita não conheciam suficientemente a história militar. Penso que o grupo Abu Shabab, no sul da Faixa de Gaza, não será um fator de mudança na guerra entre Israel e o Hamas".
Ele também destaca que o governo israelense apoiou o braço da Irmandade Muçulmana que atuava na Palestina.
O objetivo era minar a influência da Organização de Libertação da Palestina (OLP) no território, porém o grupo passaria a se envolver em questões políticas.
Em 1987, durante a primeira intifada, uma onda de protestos violentos contra Israel, o grupo formou o Hamas.
“Na altura, Israel pensava que o principal adversário na Faixa de Gaza era, obviamente, a OLP, por isso apoiou a Irmandade Muçulmana, mas em retrospectiva, vemos que foi um grande erro", afirma Aviad.
O ex-ministro da Defesa e rival de Netanyahu, Avigdor Liberman, comentou sobre a situação para o Canal 12 News, de Israel.
Ele disse que a operação é uma “completa loucura” e acusou o governo de estar armando famílias criminosas.
Liberman também comparou o grupo a extremistas e levantou a hipótese deles se voltarem contra Israel no futuro:
"Estamos falando do equivalente ao Estado Islâmico em Gaza… Ninguém pode garantir que essas armas não serão direcionadas a Israel".
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