Uma menina de 2 anos foi escolhida para ser adorada como Kumari, a “deusa virgem” do Nepal.
Aryatara Shakya recebeu o título durante o festival Dashain, em Katmandu, e passou a residir no Kumari Ghar, o palácio-templo onde cumprirá o papel sagrado até a puberdade, quando deixa de ser considerada divina.
Ela assumiu o posto em uma procissão na qual foi carregada pelo pai e por familiares desde um beco até o palácio.
Aryatara foi recebida por fiéis que tocaram a testa em seus pés, gesto máximo de respeito na cultura local, e ofereceram flores e dinheiro.
O pai da criança, Ananta Shakya, celebrou que a filha será vista como uma figura sagrada e revelou pressentir que ela seria especial desde a gravidez.
“Ontem ela era apenas minha filha, mas hoje ela é uma deusa… Minha esposa, durante a gravidez, sonhou que ela era uma deusa e sabíamos que ela seria alguém muito especial.”
Pela tradição, as Kumaris são escolhidas entre os clãs Shakya da comunidade Newar, nativa do vale de Katmandu, e são veneradas por hindus e budistas.
A seleção ocorre entre meninas de 2 e 4 anos e exige critérios rígidos, como:
A vida da Kumari é reclusa, ela só sai do palácio em alguns festivais por ano, como o Indra Jatra, quando é conduzida em carruagem.
Nos últimos anos, houve flexibilizações, como acesso a televisão e aulas com professores particulares dentro do templo.
Ao deixar o posto, ex-Kumaris recebem do governo uma pequena pensão mensal de US$110, o equivalente a R$588 na cotação atual. O valor está pouco acima do salário mínimo estipulado pelo governo.
A nova deusa substituirá Trishna Shakya, hoje com 11 anos, que ocupou o posto desde 2017 e, no mês passado, participou do Indra Jatra antes de se despedir do palácio.
A família da Kumari ganha elevado prestígio social dentro do clã, mas, para as antigas deusas, a transição pode ser difícil.
A adaptação à vida comum normalmente é muito complicada, além disso, existe a lenda de que homens casados com ex-Kumaris morrem jovens, o que ajuda a explicar por que muitas permanecem solteiras.
Nos próximos dias, Aryatara já exercerá o papel central do culto, abençoando devotos e autoridades, incluindo o presidente do país.
A Kumari não é o único posto religioso para o qual são escolhidas crianças. No budismo tibetanos, por exemplo, o Dalai Lama também passa por um processo semelhante.
Quando um deles morre começa a procura pela sua “reencarnação”, a criança selecionada para substituí-lo viverá reclusa em um templo, se preparando para ser um líder espiritual.
Entenda melhor o processo com o especial da Brasil Paralelo. Assista completo abaixo:
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