Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Suspendisse varius enim in eros elementum tristique. Duis cursus, mi quis viverra ornare, eros dolor interdum nulla, ut commodo diam libero vitae erat. Aenean faucibus nibh et justo cursus id rutrum lorem imperdiet. Nunc ut sem vitae risus tristique posuere.
Medicina na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). A decisão é do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5).
O processo tinha sido suspenso por decisões anteriores da Justiça Federal. Mas foi liberado após o voto do desembargador Fernando Braga Damasceno, que considerou legal o edital e os critérios de seleção diferenciados.
Anunciado em setembro de 2025, o programa oferece 80 vagas exclusivas para assentados da reforma agrária, quilombolas, educadores e integrantes do MST.
A seleção não usa o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) nem o Sisu (Sistema de Seleção Unificada).
Os candidatos foram avaliados pelo histórico escolar (peso 4) e por uma redação presencial (peso 6) sobre saúde no campo, educação agrária e reforma agrária.
As aulas começam em 2 de dezembro, no campus da UFPE em Caruaru, a 130 km do Recife.
Gostaria de receber as principais notícias do dia diretamente em seu E-mail, todos os dias e de graça? Assine o Resumo BP, a newsletter de jornalismo da Brasil Paralelo. Clique aqui e aproveite.
Financiamento e estrutura
A universidade afirma que as vagas são suplementares, não interferem no sistema regular, e serão custeadas com recursos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), via Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera).
O Pronera é uma política federal criada para ampliar o acesso à educação de populações do campo, como assentados, acampados, quilombolas e educadores rurais. O programa financia cursos da alfabetização à pós-graduação, em parceria com universidades públicas, com foco na formação de profissionais que atuem nas comunidades rurais.
De acordo com a UFPE, o projeto tem caráter experimental e pretende formar médicos para regiões rurais e comunidades tradicionais.
A disputa judicial
O curso foi alvo de ações populares e liminares que questionaram sua legalidade. Em 1º de outubro, uma decisão judicial suspendeu o edital após pedido do vereador Tadeu Calheiros (MDB-PE). Dias depois, em 9 de outubro, uma nova liminar manteve a suspensão.
A Advocacia-Geral da União (AGU) recorreu e obteve decisões favoráveis, alegando que o curso cumpre os objetivos do Pronera e respeita a autonomia universitária.
Apesar da liberação, as ações seguem tramitando no Supremo Tribunal Federal e na Procuradoria Geral da República.
Segundo o programa, o Enem tradicional não leva em conta as desigualdades de infraestrutura e escolarização no campo.
Defensores da medida, entre eles o MST, afirmam que o objetivo é reduzir desigualdades históricas e adaptar a formação médica à realidade rural.
Eles também destacam que as vagas não são exclusivas ao MST. Podem se inscrever todos os beneficiários do Pronera que comprovem vínculo com a reforma agrária e sejam aprovados na seleção.
Entidades defendem critérios iguais
A criação do curso gerou reação imediata de entidades médicas e parlamentares da oposição.
O Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), o Sindicato dos Médicos e a Associação Médica de Pernambuco divulgaram nota afirmando que o edital “afronta os princípios da isonomia e da credibilidade acadêmica”.
As entidades defendem que todos os candidatos de Medicina sejam avaliados pelos mesmos critérios, como o Enem, para garantir igualdade de acesso e mérito.
A decisão do TRF-5 voltou a colocar em pauta como devem ser definidos os critérios de ingresso no ensino superior e até que ponto políticas públicas podem direcionar a formação de profissionais.
As universidades têm se tornado, cada vez mais, espaços de ampla propaganda política. Para entender melhor essa realidade, a Brasil Paralelo levou suas câmeras para dentro das instituições e investigou os problemas de perto. O resultado está no documentário "Unitopia". Assista ao primeiro episódio agora mesmo.
Leia a nota completa
“O Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) notificou formalmente a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) a respeito de graves vícios de legalidade e inconstitucionalidade identificados no Edital nº 31/2025, referente ao processo seletivo do curso de Medicina vinculado ao Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA).
Entre os principais pontos questionados, destacam-se:
A destinação exclusiva de 100% das vagas a um único grupo, o que fere o princípio da isonomia e vai além do que prevê a jurisprudência sobre ações afirmativas;
Prazos exíguos de inscrição e recurso, dificultando o acesso e violando a publicidade dos atos administrativos;
Critérios avaliativos inadequados, que ignoram disciplinas essenciais para a formação médica;
Risco à qualidade da formação médica, com reflexos diretos na assistência à saúde da população.
Além da notificação enviada à UFPE, o Cremepe também protocolou uma Notificação Extrajudicial e encaminhou Representação formal ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE), requerendo a apuração dos fatos e adoção das medidas legais cabíveis.
O Conselho ressalta que reconhece e valoriza a autonomia universitária, bem como as políticas afirmativas, mas defende que estas devem observar os limites constitucionais, com respeito à razoabilidade, impessoalidade, isonomia e eficiência, especialmente quando se trata da formação de médicos que atuarão diretamente na promoção da saúde da população.
O Cremepe seguirá atento e atuante na defesa da boa prática médica e da saúde pública”.
O jornalismo da Brasil Paralelo existe graças aos nossos membros
Como um veículo independente, não aceitamos dinheiro público. O que financia nossa estrutura são as assinaturas de cada pessoa que acredita em nossa causa.
Quanto mais pessoas tivermos conosco nesta missão, mais longe iremos. Por isso, agradecemos o apoio de todos.
Seja também um membro da Brasil Paralelo e nos ajude a expandir nosso jornalismo.