Lula disse que o governo israelense precisa "parar com esse vitimismo" e classificou a situação na Faixa de Gaza como um "genocídio".
Ele também acusou Israel de tratar os palestinos como um "povo de segunda classe" durante uma entrevista no Palácio do Planalto.
Tudo começou quando ele foi questionado sobre uma nota da Embaixada de Israel, que criticava "líderes internacionais" por "comprarem mentiras" do Hamas.
Ao iniciar a resposta, falou que os judeus deveriam olhar para os palestinos de outra forma:
"É exatamente por conta do que o povo judeu sofreu na História que o governo de Israel tinha que ter respeito e humanismo com o povo palestino. Eles tratam os palestinos como povo de segunda classe.”
Afirmou também que o governo israelense estava se vitimizando e acusou o país de praticar um genocídio na Faixa de Gaza:
“E vem dizer que isso é antissemitismo? Precisa parar com esse vitimismo. O que está acontecendo na Faixa de Gaza é um genocídio."
Lula também destacou sua visão de que a ofensiva israelense em Gaza não se trata de uma guerra convencional:
"O que está acontecendo em Gaza não é guerra, é um Exército matando mulheres e crianças. Inclusive, gente de Israel critica que não é uma guerra, é um genocídio."
As falas desta terça-feira dão sequência a uma série de críticas de Lula ao governo de Benjamin Netanyahu.
No último fim de semana, o presidente classificou a ação israelense em Gaza como uma "vingança do governo israelense.
Na ocasião, também disse que até mesmo os judeus estariam rejeitando a continuação do conflito:
"Essa guerra, nem o povo judeu quer ela. A maioria do povo judeu não concorda com essa guerra, o povo de Israel não quer essa guerra"
Seguiu alegando que o objetivo de acabar com o Hamas era apenas uma fachada para tomar a região da Palestina:
"Por detrás do massacre em busca do Hamas, o que existe na verdade é a ideia de assumir a responsabilidade e ser dono do território de Gaza".
Essas declarações provocaram uma reação da Confederação Israelita do Brasil (CONIB).
Em nota divulgada no domingo (1º), a entidade acusou o presidente Lula de promover o "antissemitismo entre seus apoiadores" e de se dedicar a "deturpar a realidade para atacar e vilificar o Estado judeu":
"Israel não pratica genocídio em Gaza, e quem promove este libelo antissemita o faz buscando ganhos oportunistas ou ignorando os fatos. O que Israel efetivamente faz é se defender de uma organização terrorista que se esconde atrás de civis palestinos, o que fica comprovado diariamente. [...] O presidente da República, com suas falas antissemitas e irresponsáveis, parece querer criar problemas para a nossa comunidade ao promover o antissemitismo entre seus apoiadores, numa atitude irresponsável e destrutiva."
Na noite de segunda-feira (2), a Embaixada de Israel em Brasília também divulgou um comunicado.
Sem citar Lula, a representação diplomática comentou sobre o avanço das narrativas de grupos terroristas como o Hamas:
"Diante das repetidas acusações contra as atividades de Israel na Faixa de Gaza, é importante esclarecer as coisas e não se deixar levar pela propaganda e notícias falsas da organização terrorista Hamas."
A nota da embaixada também afirmou que Israel "não tem a intenção de prejudicar pessoas não envolvidas" e que permite a entrada de ajuda humanitária, enquanto o Hamas utilizaria a população de Gaza como "escudo humano".
A relação entre o governo Lula e o Estado de Israel tem sido marcada por tensões desde o início do conflito em Gaza, em outubro de 2023.
O Brasil tem defendido um cessar-fogo permanente e a entrada irrestrita de ajuda humanitária.
O Itamaraty também condenou "nos mais fortes termos" a aprovação de 22 novos assentamentos israelenses na Cisjordânia, classificando a decisão como uma "ilegalidade flagrante perante o direito internacional".
O chanceler brasileiro, Mauro Vieira, já se referiu ao que acontece em Gaza como "carnificina" e "atrocidades".
Ano passado, o governo isralelense chegou a classificar Lula como persona non grata por “antissemitismo”.
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