Escalada de críticas e acusações de antissemitismo
As falas desta terça-feira dão sequência a uma série de críticas de Lula ao governo de Benjamin Netanyahu.
No último fim de semana, o presidente classificou a ação israelense em Gaza como uma "vingança do governo israelense.
Na ocasião, também disse que até mesmo os judeus estariam rejeitando a continuação do conflito:
"Essa guerra, nem o povo judeu quer ela. A maioria do povo judeu não concorda com essa guerra, o povo de Israel não quer essa guerra"
Seguiu alegando que o objetivo de acabar com o Hamas era apenas uma fachada para tomar a região da Palestina:
"Por detrás do massacre em busca do Hamas, o que existe na verdade é a ideia de assumir a responsabilidade e ser dono do território de Gaza".
Essas declarações provocaram uma reação da Confederação Israelita do Brasil (CONIB).
Em nota divulgada no domingo (1º), a entidade acusou o presidente Lula de promover o "antissemitismo entre seus apoiadores" e de se dedicar a "deturpar a realidade para atacar e vilificar o Estado judeu":
"Israel não pratica genocídio em Gaza, e quem promove este libelo antissemita o faz buscando ganhos oportunistas ou ignorando os fatos. O que Israel efetivamente faz é se defender de uma organização terrorista que se esconde atrás de civis palestinos, o que fica comprovado diariamente. [...] O presidente da República, com suas falas antissemitas e irresponsáveis, parece querer criar problemas para a nossa comunidade ao promover o antissemitismo entre seus apoiadores, numa atitude irresponsável e destrutiva."
Embaixada de Israel Reage a "Repetidas Acusações"
Na noite de segunda-feira (2), a Embaixada de Israel em Brasília também divulgou um comunicado.
Sem citar Lula, a representação diplomática comentou sobre o avanço das narrativas de grupos terroristas como o Hamas:
"Diante das repetidas acusações contra as atividades de Israel na Faixa de Gaza, é importante esclarecer as coisas e não se deixar levar pela propaganda e notícias falsas da organização terrorista Hamas."
A nota da embaixada também afirmou que Israel "não tem a intenção de prejudicar pessoas não envolvidas" e que permite a entrada de ajuda humanitária, enquanto o Hamas utilizaria a população de Gaza como "escudo humano".
Histórico de Tensões e Posição Brasileira
A relação entre o governo Lula e o Estado de Israel tem sido marcada por tensões desde o início do conflito em Gaza, em outubro de 2023.
O Brasil tem defendido um cessar-fogo permanente e a entrada irrestrita de ajuda humanitária.
O Itamaraty também condenou "nos mais fortes termos" a aprovação de 22 novos assentamentos israelenses na Cisjordânia, classificando a decisão como uma "ilegalidade flagrante perante o direito internacional".
O chanceler brasileiro, Mauro Vieira, já se referiu ao que acontece em Gaza como "carnificina" e "atrocidades".
Ano passado, o governo isralelense chegou a classificar Lula como persona non grata por “antissemitismo”.
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