A suposta trama de golpe de Estado teria envolvido diferentes figuras, cada uma com papéis específicos na organização do alegado plano. A Polícia Federal (PF) afirma que Jair Bolsonaro (PL-RJ) era o principal articulador do plano.
O ex-presidente é acusado de “disseminar informações falsas sobre as urnas eletrônicas” e "buscar apoio de militares para se manter no poder”.
O documento da PF ainda alega que Bolsonaro:
Sabia do suposto plano para matar Lula, Alexandre de Moraes e Geraldo Alckmin;
- Propagou o que os agentes chamam de “narrativa falsa sobre as urnas eletrônicas”, o que teria “incitado apoiadores”;
- Reuniu os comandantes das Forças Armadas para discutir e apresentar a minuta do suposto documento “golpista”;
- Persuadiu o general Estevam Theófilo, que lidera o Comando de Operações Terrestres do Exército (Coter), a apoiar o suposto golpe, após o comandante do Exército ter se recusado a fazê-lo;
- Ajudou a elaborar a minuta do alegado “decreto golpista”;
Segundo o inquérito, outras pessoas também teriam participado do suposto esquema, com participações distintas. Veja abaixo algumas delas e o que teriam feito:
Tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro
Cid trabalhou com Bolsonaro durante todo o seu mandato. Na elaboração do alegado plano, ele teria tido a função de “grande operador de Bolsonaro”.
O militar teria sido responsável por:
- Produzir e difundir "estudos sobre supostas inconsistências nas urnas produzidas antes de 2020”. Os relatórios foram usados no pedido do PL para anular a eleição;
- Participar de uma reunião organizada por Braga Neto em 12 de novembro de 2022, dias depois de o suposto plano "Punhal Verde Amarelo" ser impresso;
- Articular a "Carta ao Comandante do Exército de Oficiais Superiores da Ativa do Exército Brasileiro" e o que os investigadores chamam de “disseminação de ataques contra os comandantes da Força que resistiram ao golpe”;
- Acompanhar um suposto monitoramento de Alexandre de Moraes. As provas seriam mensagens entre ele e Marcelo Câmara.
Além disso, Cid teria respondido com "Se o EB [Exército Brasileiro] sair dos quartéis...e [é] para aderir" a uma mensagem de sua esposa, Gabriela Cid.
A comunicação conteria fotos dos atos na Esplanada dos Ministérios no dia 8 de janeiro de 2023. Mauro Cid fechou um acordo de delação premiada com a PF, o qual teria sido desrespeitado. Entenda mais clicando aqui.
General Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice na chapa de Bolsonaro
Braga Neto trabalhou como ministro da defesa de Bolsonaro entre 2019 e 2022. Ele seria responsável por aprovar o “plano de golpe” em uma reunião na sua casa, ocorrida em 12 de novembro de 2022.
Também teria pressionado os comandantes da Aeronáutica e do Exército a aderirem ao suposto plano. Para isso, teria orientado militares a atacá-los pessoalmente, bem como a seus familiares.
Além disso, a PF alega que Braga Neto:
- Tentou acessar informações sobre acordo de delação premiada de Mauro Cid;
- Obstruiu as investigações.
General Augusto Heleno, ex-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional)
Heleno comandou o órgão responsável por assessorar diretamente o Presidente da República em questões de segurança, além de supervisionar a segurança da informação no governo federal.
No contexto da alegada trama, ele teria divulgado “informações falsas sobre as urnas eletrônicas”. Também teria participado de reuniões para discutir o alegado plano e tentado obstruir as investigações do caso.
Heleno apareceria em anotações como envolvido no suposto esquema e é apontado como “líder do gabinete de crise após o golpe”.
Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin:
Ramagem trabalhou como chefe da Agência de Inteligência Brasília (Abin), responsável por fornecer informações e análises estratégicas para o governo, visando a proteção da segurança nacional.
Em 2022, foi eleito deputado federal pelo PL do Rio de Janeiro. Também foi o candidato do partido à prefeitura do Rio nas eleições de 2024, sendo derrotado.
Na época do suposto plano, ele teria a função de utilizar sua posição para atacar instituições democráticas e elaborar relatórios falsos supostamente contra o sistema eleitoral. Ele também é acusado de tentar interferir em investigações da PF.
General Mário Fernandes, ex-secretário-executivo da Presidência
Fernandes teria criado o plano “Punhal Verde Amarelo”. Ele também teria elaborado uma minuta para “instalar um gabinete de crise” assim que a operação fosse concluída.
Ele também é acusado de liderar os manifestantes que foram às ruas em Brasília. Para a PF, ele teria incentivado as pessoas a continuar o movimento mesmo após o suposto fracasso da alegada trama.
Além desses, mais 26 pessoas também foram indiciadas. O relatório da PF segue agora para a Advocacia-Geral da União, que pode ou não denunciá-los pelos crimes. Caso decida pela acusação, o processo ainda precisa ser aceito pelo STF.
Padre José Eduardo de Oliveira e Silva, da diocese de Osasco (SP):
De acordo com os investigadores, o religioso, famoso por suas pregações nas redes sociais, teria sido responsável por ajudar a escrever a chamada “minuta do golpe”, documento que alegadamente explicava as diretrizes da relatada ação.
Além disso, a PF alega que o fato de ele ter pedido orações por generais seria um indício de sua participação. Segundo os agentes, a propagação da prece teria incentivado as pessoas na ideia de “golpe”.
O texto dizia:
"Que todos os brasileiros, católicos e evangélicos, os incluam em suas orações, os nomes do ministro da Defesa e de outros 16 generais quatro estrelas 'pedindo para que Deus lhes dê a coragem de salvar o Brasil, lhes ajude a vencer a covardia e os estimule a agir com consciência histórica e não apenas como funcionários públicos de farda'".
A mensagem teria sido compartilhada com outros religiosos, entre eles Frei Gilson, que ficou popular por reunir milhares de pessoas em orações na madrugada.
O colunista do UOL Ronilson Pacheco disse não estar surpreso com o envolvimento do padre, associando os cristãos como parte fundamental da ideia. Em sua coluna do UOL News, do dia 27 de novembro, ele escreveu:
“Acho que sem essa unção religiosa, esse movimento inclusive não teria acontecido”.

Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho, empresário:
O neto do ex-presidente Figueiredo teria a responsabilidade de divulgar informações alegadamente falsas nas redes sociais, fazendo com que militares se voltassem contra os comandantes militares.
Paulo ganhou fama nas redes sociais por suas opiniões fortes, tendo sido apresentador do programa “Os Pingos nos Is”, da Jovem Pan.
Em 2021, Paulo foi afastado da programação da rádio, sendo demitido em janeiro de 2023. Seu desligamento estava relacionado a uma investigação do Ministério Público Federal (MPF) por suposta disseminação de desinformação na emissora.
Em nota pública, ele classificou o indiciamento como “um esforço para silenciá-lo, já que atua ativamente nos Estados Unidos denunciando o alinhamento do Brasil com a China”.

Filipe Garcia Martins, ex-assessor de Bolsonaro:
Martins assumiu o cargo de assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República em janeiro de 2019, logo no início do governo Bolsonaro.
Ele atuava como intermediário entre o ex-presidente e o Ministério das Relações Exteriores. Nas redes sociais, identifica-se como professor de política internacional e analista político. Ele não fez novas publicações desde as eleições presidenciais de 2022.
Martins é descrito no inquérito como um dos principais articuladores jurídicos do alegado plano. Segundo o documento,. ele também teria forjado sua saída do Brasil no final de 2022, algo que sua defesa nega.
Valdemar Costa Neto, presidente do PL
O ex-deputado federal por São Paulo foi eleito pela primeira vez nas eleições de 1990, exercendo 3 mandatos seguidos. Em 2005, renunciou ao cargo. Retornou em 2007 e permaneceu na Casa até 2013, quando novamente renunciou.
Foi filiado ao Partido da República (PR) até 2019, quando o grupo se tornou parte do Partido Liberal (PL). Neto é presidente da legenda e supostamente colaborou com Bolsonaro na disseminação de um relatório tido como fraudulento sobre as urnas.



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