Facções determinaram que os habitantes de áreas controladas pelo crime organizado em Salvador deixem as portas de suas casas abertas.

O objetivo por trás da ordem é facilitar a fuga dos traficantes durante operações policiais.

Isso porque portas destrancadas garantem que criminosos entrem nas casas e se escondam com facilidade. 

Ao menos 19 famílias já se tornaram reféns nas mãos dos bandidos apenas em 2025, segundo o jornal Correio 24.

Quem se recusa a deixar as portas destrancadas pode se tornar vítima de sessões de tortura e até assassinato.

Um morador que não quis se identificar falou ao Correio 24 que já foi acordado por bandidos em fuga:

“Moro lá há 30 anos. Criei meus filhos e minha família aqui e nunca vi isso que está acontecendo. Agora tenho que dormir com as portas abertas e várias noites já me peguei acordando com gente armada dentro de casa mandando eu calar a boca porque eles estavam fugindo da polícia"

O mesmo morador explicou que a regra é mais rígida em lugares próximos aos pontos de venda de drogas:

“Quanto mais perto da “boca”, essas regras são mais fortes. Aqui isso existe há anos e, quando eu morava na região do Campo do Areal, já entraram na minha casa. Me saí de lá por isso e hoje estou em um lugar mais tranquilo no bairro”.

Os criminosos também usam outras estratégias que colocam a população em risco para dificultar a ação da polícia.

Eles chegam a obrigar as crianças da região a brincar na rua para atrapalhar as incursões das autoridades.

Sob as leis do crime

O que acontece em Salvador não é um caso isolado. Um estudo divulgado na Cambridge University Press aponta que um número entre 50,6 e 61,6 milhões de brasileiros vivem em áreas controladas pelo crime organizado.

Isso significa que aproximadamente 26% do país tem que obedecer leis impostas por facções.

O Brasil é o país mais afetado por essa situação na América Latina, com o dobro da porcentagem no segundo colocado, a Costa Rica que aparece com 13% da população.

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A pesquisa foi conduzida por quatro professores de universidades americanas em 18 países da América Latina.