O PCC é a facção criminosa mais poderosa do Brasil, apenas na Operação Carbono Oculto foram descobertos mais de R$30 bilhões do grupo.
A Justiça aponta que Marcos Herbas Willians Camacho, mais conhecido como Marcola, é o nome mais poderoso e respeitado dentro da organização.
Ele cumpre penas que somam mais de 300 anos e está detido na Penitenciária Federal de Brasília, uma das mais seguras no país.
Preso desde 1999, Marcola já passou por 19 presídios estaduais até a ida ao sistema federal.
Um dos nomes que tiveram grande influência na forma como Marcola lidera a facção é o chileno Maurício Hernández Norambuena, conhecido como “Capitão Ramiro”.
Ex-militante do Partido Comunista do Chile e integrante da Frente Patriótica Manuel Rodríguez (FPMR), Norambuena pegou em armas contra o regime de Pinochet.
Em 1986, esteve envolvido em um atentado contra o general. Seu grupo cercou uma caravana a caminho de Cajon del Maipo e atirou contra o carro do presidente, que conseguiu escapar.
Norambuera foi condenado à prisão perpétua no Chile pelo assassinato do senador Jaime Guzmán e pelo sequestro de Cristián Edwards, herdeiro do El Mercurio.
No entanto, ele deixou o presídio em 1996, a bordo de um cesto de pano amarrado a uma corda içada de um helicóptero que sobrevoava as instalações.
Após a fuga, Norambuena veio ao Brasil, onde liderou o sequestro do publicitário Washington Olivetto, em 2001.
O empresário foi sequestrado durante uma falsa blitz e foi mantido em cativeiro por 53 dias enquanto os criminosos cobravam R$10 milhões em resgate.
Em fevereiro de 2002, o dono da chácara em que Olivetto estava sendo mantido refém desconfiou e entrou em contato com a polícia.
Norabuena foi detido pelas autoridades e cooperou, indicando o local do cativeiro e possibilitando o resgate do publicitário.
O guerrilheiro foi preso na penitenciária de Presidente Bernardes, sob Regime Disciplinar Diferenciado (RDD).
Nesse regime, o preso fica sozinho na cela 22 horas por dia e tem direito a duas horas de banho de sol.
Apesar das regras rígidas, ele conseguiu estabelecer contato e criar uma amizade com Marcola.
A convivência entre os dois teria mudado a estrutura do PCC, que adotou uma forma de organização mais descentralizada.
Com isso, as sintonias, núcleos especializados em funções específicas, passaram a ter mais autonomia e independência para agir.
A Sintonia Geral Final é a última instância da facção, responsável pelas decisões mais importantes, porém outros grupos se dedicam a atividades específicas.
Norambuena também ensinou algumas táticas de terrorismo para a facção. Segundo o Ministério Público de SP, ele teria incentivado o grupo a atacar agências bancárias para “desestabilizar a ordem financeira”.
Um dos conselhos dele era que os atentados acontecessem após o expediente, para não ferir funcionários e causar a antipatia do povo. Esses métodos foram aplicados pelo PCC durante os ataques de 2006.
Em 2005, o governo de São Paulo impediu uma tentativa de fuga do presídio, que libertaria Marcola, Norambuena e Fernandinho Beira-Mar.
O plano foi estimado em mais de R$100 milhões e envolvia mercenários estrangeiros, dois helicópteros de guerra, lança-mísseis e metralhadoras.
Na época, a Justiça chegou a parar o aeroporto de Presidente Bernardes por medo de que o plano fosse posto em prática:
"Há enorme preocupação com o aeroporto municipal, pois [fica] muito próximo ao estabelecimento prisional, permitindo logística para atuação de referida organização criminosa", estava escrito no despacho do juíz que determinou a interdição.
O STF autorizou a extradição de Norambuena em 2004, porém o Chile deveria mudar a pena para que o terrorista cumprisse apenas 30 anos, como determinado na lei brasileira.
O acordo só foi aceito pela Justiça chilena após anos de negociação, em 2019. O então presidente Bolsonaro chegou a comemorar a ação em seu X:
“É nossa política cooperar com outros países e não abrigar criminosos ou terroristas. Hoje, depois de superar as questões burocráticas entre Brasil e Chile, estamos extraditando Norambuena, sequestrador do publicitário Washington Olivetto em 2001”.
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