Uma igreja polonesa foi construída dentro de uma mina, a mais de 100 metros abaixo da terra. A Capela de Santa Cunegundes da Polônia foi esculpida totalmente em rocha de sal e fica na de Mina de Sal Wieliczka, a cerca de 13 km de Cracóvia, a segunda maior cidade do país. 

A construção tem 12 metros de altura e levou mais de 70 anos para ficar pronta. Suas paredes possuem obras em baixo relevo, nas quais estão retratadas passagens bíblicas da vida de Jesus. Uma delas é a fuga da Sagrada Família para o Egito. 

O chão da capela é feito de um único bloco de sal e o teto ostenta lustres elaborados, também produzidos a partir do mineral. O altar exibe estátuas de Santa Cunegundes (Kinga em polonês), São José e São Clemente, todas esculpidas por Józef Markowski, e abriga relíquias da santa. 

Um crucifixo no presbitério representa as quatro principais minas de sal da Polônia: Wieliczka, Bochnia, Kłodawa e Sieroszowice. 

Uma escavação de 800 anos

As Minas de Wieliczka começaram a ser exploradas oficialmente no século XIII, o que as torna umas das mais antigas do mundo. No total, foram abertos mais de 300 quilômetros de túneis, alcançando 327 metros de profundidade. 

No entanto, apenas 2% de toda a área é aberta a visitantes, o que corresponde a mais ou menos 2km. As minas de sal de Wieliczka são reconhecidas como Patrimônio Mundial da UNESCO e abrigam ainda outras capelas também esculpidas em rocha salina. 

Os templos foram criados pelos mineiros como espaços sagrados para a prática da fé durante o trabalho. Para visitar essas maravilhas subterrâneas, os turistas devem embarcar em um passeio guiado que os leva por este labirinto de belezas naturais e artísticas. 

A entrada principal da mina é facilmente acessível a partir de Cracóvia, com transporte público e opções de excursões disponíveis.

Por que homenagear Santa Cunegundes?

Cunegundes nasceu em 5 de março de 1224. Era filha do rei húngaro Bela IV e de Teodora Laskaris, além de irmã da Beata Iolanda e de Santa Margarida da Hungria.

Ela foi enviada à Polônia em 1239 para conhecer seu futuro marido, o príncipe Boleslau, do principado de Cracóvia. O casamento foi celebrado em 1247, como parte de uma aliança estratégica contra a invasão tártara. 

Após a vitória sobre os invasores, Cunegundes e Boleslau fizeram um voto de castidade perpétua como forma de agradecimento pelo triunfo. Com isso, não tiveram mais vida conjugal. 

Durante o casamento, ela demonstrou lealdade e compaixão, dedicando-se a ajudar os pobres e os leprosos. Também tinha influência no governo, servindo como conselheira do marido em decisões de Estado. 

Após a morte de seu marido em 1279, distribuiu suas posses aos necessitados e ingressou no mosteiro das Clarissas Pobres. 

Lá, viveu em oração até sua morte em 24 de julho de 1292. Foi beatificada pelo Papa Alexandre VIII em 1690 e canonizada em 16 de junho de 1999 pelo Papa São João Paulo II. Hoje, Cunegundes é a padroeira da Polônia e da Lituânia.

Em homenagem ao Pontífice, uma estátua de sal do Papa polonês foi instalada na capela. Ela é a única do mundo feita inteiramente de sal.

Com uma história rica e uma estrutura impressionante, a Capela de Santa Cunegundes, na Mina de Sal de Wieliczka, não é apenas um passeio turístico. 

Trata-se de uma imersão na história e na cultura da Polônia, além de um testemunho da devoção e resiliência dos mineiros da do século XIII. Essa fé chega aos dias de hoje, servindo de inspiração para muitos cristãos que enfrentam momentos difíceis. 

Alguns deles contaram suas histórias no Especial de Natal 2024 da Brasil Paralelo. No dia 17 de dezembro, pessoas como frei Gilson e o casal Victor e Laise Salles, irão compartilhar suas histórias de fé e resiliência. 

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