Em outubro de 1917, o governo provisório russo foi derrubado pela Revolução Vermelha. Os mencheviques comandavam o parlamento que regia o país, mas foram incapazes de entregar as reformas que a população desejava.
Para compreender os eventos da Revolução Vermelha, é necessário entender como as ideias revolucionárias dominaram a Rússia.
Sophie Friederike Auguste, princesa de von Anhalt-Zerbst, mais conhecida como Catarina, a Grande, era filha de nobres prussianos. Aos 15 anos de idade foi enviada a Moscou, capital da Rússia, para conhecer seu futuro esposo, o Grão-duque Pedro Holstein-Gottorp.
Desde o início, procurou instruir-se na cultura russa, aprendendo o idioma e estudando a religião cristã ortodoxa, na qual foi batizada em 1745. Seu nome de batismo é Catarina Alexeievna.
Em 1745, casou-se com o Grão-duque Pedro. Em 1761, ele ascendeu ao trono russo e ficou conhecido como Pedro III. Pedro nunca tomou conhecimento da ambição de sua esposa de comandar o trono.
Em 1762, ele foi deposto e posteriormente assassinado. Os militares envolvidos no golpe, supostamente orquestraram o plano junto à Catarina, que assumiu a Rússia como czarina.
Assim Catarina, a Grande, assume a regência de um reino agrário, semifeudal, de realidade bem distante do restante das nações europeias.
A czarina, apesar do atraso de seu país, estava em contato com as novas ideias que surgiam na França e na Alemanha.
Catarina era admiradora dos pensadores iluministas e gostava de passar tempo nos salões de Paris. Lá ela mantinha contato com intelectuais como Voltaire, Montesquieu e Rousseau.
Na Alemanha, teve contato com outros pensadores iluministas: Hegel e Kant. Seu sonho era levar essas ideias para a Rússia, um país onde 80% da população era composta de camponeses analfabetos.
Seu desejo acabou sendo realizado, e esses famosos pensadores iluministas ajudaram a fundar escolas e universidades pela Rússia.
Aos poucos, as ideias que levaram o Império Russo à sua queda foram ganhando espaço dentro do regime. Uma classe de intelectuais foi formada nas novas universidades.
A intelligentsia russa
Liev Tolstoi e outros escritores russos membros da Intelligentsia russa.
Os russos que se formaram nas novas escolas e universidades beberam das ideias iluministas. Desejavam uma nova sociedade, onde prevalecesse os ideais das luzes de liberdade e igualdade.
O grupo de letrados formou clubes literários e de debate para divulgar as novas ideias pela Rússia. Este grupo ficou conhecido como intelligentsia.
Para alcançar os ideais iluministas que almejavam, seria necessário:
contar com o czar para promover reformas;
ou mudar as estruturas de poder.
A segunda opção não era ainda vislumbrada. E o desejo de maior liberdade, sem a anuência do monarca, era apenas um sonho utópico. Restava pressionar o governante por mudanças.
A pressão da intelligentsia gerou diversos atritos com o czar. Houve até manifestações contra o governo, mas as agitações eram sempre contidas pelo exército. O braço armado impedia que a crise atingisse o monarca.
Mas em 1840 surgiram novas ideias que abalaram o mundo. As teorias rapidamente se difundiram entre os intelectuais russos e a monarquia viu-se verdadeiramente ameaçada.
O fortalecimento das ideias revolucionárias na Rússia
Em 21 de fevereiro de 1848, Karl Marx e Friedrich Engels publicaram o Manifesto Comunista. A obra apresentou novas ideias revolucionárias para o mundo.
Leitura recomendada: as principais ideias de Karl Marx.
O socialismo científico está entre as principais ideias, e é ele que leva ao comunismo. Em resumo, trata-se de uma doutrina que orienta as práticas necessárias para instaurar a revolução. Somente assim Marx e os socialistas crêem que conseguirão uma sociedade igualitária.
O socialismo pode ser entendido em duas formas básicas:
Socialismo utópico: corrente de pensamento que pretende alcançar uma sociedade ideal de forma lenta, gradual e pacífica.
Socialismo científico: é a principal ideia de Karl Marx, em que ele ensina que é preciso uma revolução e uma luta armada para mudar a sociedade e acabar com as injustiças. Por isso, ele fez uma análise crítica e científica do capitalismo.
A Revolução Vermelha dos Bolcheviques aproxima-se mais das ideias do Socialismo científico.
Existem outras versões do socialismo e nem todas envolvem a violência. Mas a essência permanece sendo a teoria da luta de classes e a abolição da propriedade privada.
Não ter propriedade privada é não possuir nada próprio. Tudo há de ser do Estado, o qual terá a responsabilidade de distribuir tudo igualmente. Na prática, o governo passa a ser o único detentor de propriedades. Isso recebe o nome de capitalismo de Estado ou Partido Único.
A nova mentalidade revolucionária toma conta da intelligentsia russa e agora elas atraem adeptos entre o povo.
O Czar Alexandre III, promove reformas estruturais na Rússia. Para modernizar suas estruturas, sua economia, e para apaziguar os ímpetos revolucionários, construiu novas ferrovias e escolas.
Mas as lentas reformas não foram capazes de frear o ímpeto revolucionário. As ideias socialistas alcançaram também a classe artística, o Balé Bolshoi, e escritores russos como Fiodor Dostoiévski.
Novos grupos políticos surgiram, e vinham dessa vez com a intenção de tomar o poder.