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Primeira fase do modernismo — conheça a 1ª geração do modernismo

Conheça de forma fácil o que foi a Primeira Fase do Modernismo - a história e as principais características do movimento iniciado em 1922, em São Paulo.

Por
Redação Brasil Paralelo
Publicado em
27/1/2022 10:36

Há 100 anos, a primeira fase do modernismo brasileiro causava uma verdadeira revolução no país. Mais do que criar novos tipos de obras de arte, o movimento trouxe uma mudança social robusta que influenciou gerações. O pensamento da 1ª fase modernista ainda influencia o Brasil a ponto de determinar os rumos de grande parte da cultura.

O que você vai encontrar neste artigo?

Primeira fase do modernismo no Brasil — Fase heróica

A primeira fase do modernismo no Brasil teve seu início em 1922, estendendo-se até o ano de 1930. Também é chamada de fase heróica, porque seus membros foram os primeiros a abrir a revolução artístico-social no Brasil.

Seus principais autores, como Oswald de Andrade e Manuel Bandeira, trouxeram ideias modernistas da Europa. Muitos dos primeiros modernistas estudaram artes nas principais academias da França. 

O objetivo do movimento era romper com a tradição da cultura ocidental. Algumas das principais características de que o movimento buscava se desvincular eram:

  • O conceito e busca da Beleza absoluta, harmoniosa e ordenada;
  • O foco dos artistas em temas transcendentes (religiosos), que remontam a busca do homem pelo mundo metafísico; 
  • A moral cristã e a moral do Direito Natural.


  • Entenda o que é e como foi formada a cultura ocidental. O Direito Natural e a Moral Cristã são 2 dos seus 3 fundamentos. 

Os artistas modernistas seguiam os rumos do movimento liberal, preconizado por intelectuais como Guilherme de Ockham, Martinho Lutero, Jean-Jacques Rousseau e muitos outros.

Segundo eles, os homens deveriam ser livres para seguir seus sentimentos, suas paixões, por isso passam a não mais usar a estética tradicional. 

A arte clássica buscava delimitar as formas e apresentar os detalhes das diversas belezas existentes.

Os modernistas buscavam focar nos sentimentos e paixões. Por isso as suas obras não possuíam formas bem delimitadas. A intenção era que a obra se parecesse com um movimento interior, um sentimento que passa pelo apetite.

As obras literárias seguiam a mesma ideia. Exaltavam os desejos carnais, indo contra os valores da sociedade da época.

Uma dessas obras é o poema Vou-me embora pra Pasárgada, de Manuel Bandeira, que diz:

"Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
[...]
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
[...]
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
[...]
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.”

Manuel Bandeira foi membro titular da Academia Brasileira de Letras. Até hoje suas obras influenciam os membros da ABL e de instituições acadêmicas e artísticas. 

O movimento modernista promoveu seus ideais em cada uma das 7 artes.

Os artistas do movimento falavam abertamente sobre política, moral e outros temas não artísticos. 

Grande parte dos principais modernistas filiaram-se ao partido comunista brasileiro. Alguns deles são Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti e muitos outros.  

  • A internacional comunista, contemporânea da semana de arte moderna, foi um plano real de dominação mundial ou isso é fake news?

Buscando expandir seu pensamento para todo o Brasil, os modernistas do início do século XX se organizaram e promoveram a famosa Semana da Arte Moderna, em São Paulo, no ano de 1922.

Semana da Arte Moderna, a Semana de 22

artistas-modernistas
Alguns artistas presentes na Semana da Arte Moderna.

Considerada o principal marco da arte moderna no Brasil, a Semana de 22 foi a primeira a exibir em conjunto e sem pudor as obras da primeira fase do modernismo brasileiro. 

Os principais organizadores do evento foram:

  • Mário de Andrade;
  • Oswald de Andrade; e
  • Di Cavalcanti. 

O pintor Di Cavalcanti, que também expôs suas obras no teatro, assim a descreveu:

“Seria uma semana de escândalos literários e artísticos, de meter os estribos na barriga da burguesiazinha paulista”.

As principais apresentações do evento foram:

  • palestras sobre arte moderna;
  • concertos musicais;
  • declamações de poesias;
  • apresentações de pinturas, esculturas e maquetes arquitetônicas. 

O evento teve grande repercussão no Brasil, muitos criticaram os modernistas e seu estilo de arte. A principal crítica será exposta no último tópico. 

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