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Quem foi Aristóteles? Este homem aprendeu com Platão, ensinou Alexandre O Grande e mudou a filosofia ocidental

Aristóteles
Filosofia
Biografia
Quem foi Aristóteles
Redação Brasil Paralelo

O Filósofo. Aristóteles foi assim chamado por Santo Tomás de Aquino, tendo-o como a referência máxima da filosofia, o modelo exemplar. Procurando saber quem foi Aristóteles, descobre-se um gigante ocidental cujo pensamento não morreu.

“Aquele que chega a conhecer as coisas mais árduas e que apresenta grande dificuldade para o conhecimento humano, este é um filósofo. Além disso, aquele que conhece com maior exatidão as causas e é mais capaz de ensiná-las é, em todas as espécies de ciências, um filósofo”.

Além de estudar sobre quem foi Aristóteles, leia os artigos sobre quem foi Sócrates e sobre quem foi Platão, seu mestre.

O que você vai encontrar neste artigo?

Quem foi Aristóteles?

Aristóteles foi um dos maiores filósofos de todos os tempos. Sem conhecer sua obra, não é possível entender a Filosofia Ocidental. Ele foi discípulo de Platão e mestre do conquistador Alexandre, o Grande. Fundou uma escola de filosofia chamada Liceu e sistematizou o conhecimento da Antiguidade.

Durante vários anos de sua vida, Aristóteles estudou ciências da natureza e isto refletiu-se em toda a sua filosofia. Seu pensamento influenciou a Filosofia Escolástica, a Filosofia Moderna e continua influenciar a Filosofia Contemporânea.

Passando pela Antiguidade tardia e atravessando o Renascimento, Aristóteles escreveu mais de 200 tratados, a maioria dos quais foram perdidos. Apenas 31 sobreviveram.

Foi por causa do método aristotélico que hoje os estudiosos têm acesso a saberes que teriam sido perdidos. Aristóteles sistematizou o conhecimento da Filosofia Antiga, classificando as opiniões existentes e refletindo sobre elas.

Em todas as áreas, a filosofia de Aristóteles despertou iluminação, resistência, debate e interesse no leitor.

Ele escreveu sobre lógica, metafísica, filosofia da mente, ética, política, estética e retórica, além de ter também versado sobre biologia, destacando suas observações e descrições de plantas e animais.

A filosofia aristotélica não é facilmente definida por causa de sua abrangência e distância no tempo.

Ao longo da história, seus textos têm sido apropriados e interpretados de diferentes formas por inúmeros autores. Por mais de dois milênios, filósofos de tradições religiosas (cristãs e árabes) e também seculares têm se baseado em textos aristotélicos.

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Antes de aprofundar na filosofia de Aristóteles, leia um resumo do que se conhece sobre sua vida.

Biografia

Biografia-de-Aristoteles

Aristóteles nasceu em 384 a.C. em Estagira (atual Stavros), na Macedônia. Morreu em 322 a.C. em Chalcis, na ilha de Euboea, Grécia.  

Por causa do lugar onde nasceu, frequentemente é referenciado como “o estagirita”. Seu pai era um médico da família real na Macedônia, nordeste da Grécia.

Quando Aristóteles completou 17 anos, seu pai pôde enviá-lo para estudar na Academia de Platão, em Atenas. Rapidamente tornou-se reconhecido como um jovem admirável por seu comportamento requintado e sua inteligência.

Sobre seu aluno, disse Platão:

“Minha academia se compõe de duas partes: o corpo dos estudantes e o cérebro de Aristóteles”.

Permaneceu ali até a morte de seu mestre em 347 a.C. Não tendo assumido o lugar de Platão, ocupado por um ateniense, partiu.

Neste tempo aprendeu sobre o ser e a essência das coisas, sobre a dialética, a política e sobre as ideias socráticas. Estudou ética e ciências da natureza.

Com o tempo, Aristóteles foi se afastando das ideias de Platão. Ao contrário de seu professor, ele considerava a validade do conhecimento empírico. Platão considerava apenas o conhecimento intelectual da verdade obtido por essências puras.

Depois disso, partiu para Assos, na Ásia Menor, onde hoje se encontra a Turquia.

Continuou suas atividades filosóficas, mas também expandiu suas pesquisas em biologia marinha. Após três anos, mudou-se para uma ilha próxima a Lesbos. Por mais dois anos, continuou pesquisas tanto filosóficas quanto empíricas.

Foi em Lesbos que ele casou-se com Pítias e teve uma filha chamada Desequisa.

Em 343 a.C., Aristóteles mudou-se para Pella, capital da Macedônia. Foi ensinar o filho do Imperador Filipe II, Alexandre, que tinha 13 anos na época e que mais tarde ficaria conhecido como Alexandre, o Grande.

Aos 15 anos, Alexandre já estava servindo como vice-comandante militar de seu pai. Neste ponto, há divergências entre os historiadores. Para alguns, sua relação com Aristóteles durou apenas dois anos, enquanto outros defendem um tempo mais longo.

Pouco se sabe sobre o período da vida de Aristóteles que vai de 341 a 335 a.C. Foram mais de cinco anos em Estagira antes de rever Atenas pela segunda e última vez.

Quando retornou, ele fundou sua própria escola, o Lyceum, aos 49 anos de idade. Seus alunos eram chamados de peripatéticos, por causa do peripatus (ambulatório) que ficava na escola. Localizava-se na área destinada ao deus Apolo Lykeios.

Eles estudavam: botânica, biologia, lógica, música, matemática, astronomia, medicina, cosmologia, física, história política, teoria governamental e política, retórica e artes. No Lyceum os manuscritos coletados destas pesquisas formaram a primeira grande biblioteca da Antiguidade.

Quando sua esposa Pítias morreu, ele começou a se relacionar com Herpílis.

Após 13 anos, Aristóteles deixou Atenas pela segunda vez. Surgia entre os atenienses um sentimento antimacedônico após a morte de Alexandre, o Grande, na Babilônia.

Lembrando-se de Sócrates, Aristóteles partiu temendo por sua segurança, pois não deixaria a cidade pecar duas vezes contra a filosofia.

Um ano depois, em Chalcis, ele morreu de causas naturais.

Para saber realmente quem foi Aristóteles, os relatos biográficos não são suficientes. É preciso conhecer sua filosofia. Antes dos resumos de suas principais ideias, é necessário entender como ele sistematizou o conhecimento.

O que é o corpus aristotélico?

Basicamente, é o conjunto de suas obras, que sobreviveu ao tempo. Em suas obras, Aristóteles utilizou terminologias muito técnicas, o que pode dificultar a leitura para os iniciantes.

A estrutura de suas frases pode também ser um empecilho para alguns. Outro problema está na organização dos capítulos e, em alguns casos, de tratados inteiros.

Pode ter ocorrido de Aristóteles não ter publicado os tratados como são vistos em suas formas atuais. Eles podem ter sido organizados por editores posteriores ao filósofo.

Mesmo assim, Cícero foi o maior estilista em prosa latina e crítico talentoso do estilo dos outros, tanto em latim quanto em grego. Ele observou, fazendo uma comparação, que a prosa de Platão era prata e a de Aristóteles um rio de ouro fluindo.

Supõe-se que ele acessou mais obras de Aristóteles do que as que estão disponíveis hoje.

Entretanto, não foram os diálogos que sobreviveram ao tempo, mas sim as notas de palestras, rascunhos de primeiros escritos, registros de investigações contínuas e compilações destinadas a um público interno, não à audiência geral.

Em algumas composições, Aristóteles mencionava escritos exotéricos, que seriam para o público não-iniciado.

As obras lidas hoje em dia são inacabadas ou em andamento.

Apesar disso, a capacidade de lidar com o conteúdo filosófico de suas obras não foi perdida.

As 31 obras julgadas autênticas, que compõem o corpus aristotélico, contêm o que é reconhecido como doutrina aristotélica. A maioria possui uma clara pretensão básica.

Como Aristóteles sistematizou o conhecimento das ciências?

Pela ótica sistemática, os estudos filosóficos estavam desorganizados. O conhecimento não era classificado em grupos de acordo com sua função e seu objeto.

Neste contexto, ciências (epistêmai) foram divididas em ramos da aprendizagem. Estes são conjuntos relacionados e já concluídos para apresentação, ao contrário dos registros de pesquisas, que são contínuos.

As três ciências aristotélicas são:

  • Teóricas: buscam o conhecimento para seu próprio bem;
  • Práticas: buscam conduta e bondade na ação, tanto individual quanto social;
  • Produtivas: buscam criar objetos bonitos ou úteis.

Ciências teóricas

As ciências teóricas incluem o que Aristóteles chamou de primeira filosofia. Trata-se da metafísica, incluindo a matemática e a filosofia natural ou física.

No escopo do conhecimento teórico, a ciência natural abrange tanto atividades empíricas (percebidas pelos sentidos) quanto não-empíricas, ou seja, puramente intelectuais.  

A física estuda o mundo natural como um todo. É como se a realidade fosse composta por quebra-cabeças conceituais. Eles estão relacionados à natureza e não à pesquisa empírica.

Inclui a teoria da explicação causal e a prova do primeiro motor imóvel, primeira e última causa de todo movimento.

Os quebra-cabeças incluem o paradoxo do movimento de Zenão, a problematização do tempo, a natureza do lugar e as dificuldades encontradas para pensar o infinito.

A filosofia natural contém em si mesma o escopo das ciências especiais também, incluindo a biologia, a botânica e a teoria astronômica.

Ciências práticas

As ciências práticas abordam a conduta da ação, individual e coletiva. A política e a ética estão enquadradas neste ramo. Elas serão mais detalhadas nos próximos tópicos.

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Ciências produtivas

As ciências produtivas se concentram no artesanato, produzindo artefatos, mas não necessariamente objetos. Pode ser qualquer produção humana em uma interpretação mais ampla. Exemplos são a construção naval, a agricultura, a medicina, a música, o teatro e a dança.

A retórica também é uma ciência produtiva, tratando da fala em diferentes momentos e ambientes, nos quais o público também varia.

De acordo com Aristóteles, estas ciências demandam um instrumento muito importante, necessário na busca da verdade.

A lógica aristotélica

Foi Aristóteles quem desenvolveu o primeiro sistema formalizado de lógica e inferência válida. Isto quer dizer que ele sistematizou os princípios do raciocínio correto.

No quadro lógico do filósofo, ela não pertence a nenhuma ciência, mas formula os princípios da argumentação que podem ser utilizados em todas as áreas de investigação.

A lógica é responsável por sistematizar as regras para uma inferência válida e aceitável. Ao mesmo tempo, revela os padrões de inferências incorretas que devem ser evitados por aqueles que buscam a verdade.

Ele investigou estilos informais de argumentação e procurou revelar quais são os padrões mais comuns de falsos raciocínios.

Estes trabalhos chegaram a estudiosos contemporâneos, como Organon. Eles tratam da categoria, da doutrina das proposições e dos termos, da estrutura da teoria científica e, até certo ponto, dos princípios básicos da epistemologia.

Aristóteles desenvolveu a teoria da dedução, também conhecida como silogismo.

Dedução ou silogismo

Uma dedução é um argumento válido ou aceitável.

“Um argumento no qual quando certas coisas são estabelecidas algo mais segue de necessidade em virtude de seu ser assim”.

A dedução é o tipo de argumento cuja estrutura garante sua validade, independentemente da verdade ou falsidade de suas premissas.

  • Todos os A são B.
  • Todos os B são C.
  • Portanto, todos os A são C.

Quaisquer termos que ocuparem os lugares de A, B, C manterão a dedução. Alguns argumentos serão deduções válidas e outros não.

Ao pensar nelas, é necessário seguir alguns princípios que, se negados, causarão contradições.

Os 3 princípios da lógica aristotélica

  • Princípio de identidade – Uma proposição é sempre ela mesma, igual a si mesma e não diferente, não outra coisa. A = A e B = B. Parece algo banal, mas muitos modernos começaram a negar que as coisas são o que são.
  • Princípio de não-contradição – Uma proposição não pode ser falsa e verdadeira ao mesmo tempo. Por exemplo, não é possível que um animal seja um cachorro e não seja um cachorro ao mesmo tempo.
  • Princípio do terceiro excluído – Não existe terceira hipótese para uma proposição. Ela deve ser necessariamente falsa ou verdadeira.

Algumas coisas podem parecer simples e muito óbvias, outras podem parecer obsoletas. Por esta razão, convém questionar-se sobre o motivo do estudo da lógica.

Para que serve a lógica?

Ao estudar quem foi Aristóteles, vimos sua categorização das ciências e que a lógica permaneceu não incluída em nenhuma das três divisões fundamentais. Na filosofia aristotélica, a lógica não é uma ciência teórica, prática ou produtiva.

Então, como ele vê esta área do conhecimento?

O estudo da lógica não possui um fim em si mesmo, mas é usado para investigar e explicar a ação humana. A lógica é uma ferramenta que desempenha seu papel na investigação científica.

O papel da ciência

Ele deixa claro que a ciência emprega argumentos que vão além das deduções. A ciência busca revelar a natureza genuína e independentes das coisas.

A ciência explica o que é menos conhecido pelo que é mais conhecido e mais fundamental. Não se trata de apenas perceber as prioridades causais das coisas, mas sim seus padrões invariáveis e profundos.

A primeira premissa de uma dedução científica tem que ser necessária, um axioma. É uma verdade óbvia que todos podem perceber e ninguém pode negá-la.

A ciência vai além da dedução porque busca a demonstração. Trata-se de uma dedução com premissas que revelam as estruturas causais do mundo.

Na busca de um acordo sobre o que é percebido no mundo, é preciso usar o debate.

Dialética

Certamente, Aristóteles aprendeu com Platão a importância da dialética na busca pela verdade.

Como explicado, Aristóteles sistematizou o conhecimento da Antiguidade. Ele refletiu sobre as opiniões dos filósofos que vieram antes dele. Estudou o que eles disseram sobre os fenômenos que os cercavam.

Contrastando opiniões, usou o método dialético, uma importante forma de raciocínio. Segundo o filósofo, a dialética poderia ser negativa (destrutiva) ou positiva (construtiva).

Portanto, ou constrói uma dedução para alcançar a verdade ou destrói uma opinião que apresenta erros.

Em sua filosofia, Aristóteles concebe três formas de uso para a dialética. Estas são três funções na investigação intelectual. É possível treinar, trocar conversas e investigar ciências de tipo filosófico.

Busca-se o que é verdadeiro ou falso, o que é primário. Para isso, é preciso submeter as opiniões a interrogatório.

Mesmo tendo a dialética em comum com seu mestre, Aristóteles também teve muitas discordâncias com ele.

Qual é a diferença entre Platão e Aristóteles?

Para Platão, o mundo era uma divisão entre o sensível (as aparências percebidas pelos cinco sentidos) e o inteligível (a essência das coisas, aprendida somente pela razão). Devido a esta separação, Platão ensinou que os objetos da realidade não representavam a si mesmos.

O conhecimento seguro, neste caso, seria alcançado apenas por meio da razão. Esta doutrina ficou conhecida como idealismo e Aristóteles a criticou.

Para o estagirita, o mundo era um só. O conhecimento seguro envolveria os sentidos e o intelecto. Aristóteles não defendia a ideia da existência de um objeto em si mesmo. A partir daí, explicou o que seria a substância.

A pintura abaixo ilustra bem a diferença entre o mestre e o discípulo.

Qual-a-diferenca-entre-Aristoteles-e-Platao

Platão aponta para cima, dizendo que o conhecimento está no mundo das ideias, segurando seu diálogo Timeu, que fala da formação da natureza no plano ideal, sendo o material imperfeito.

Aristóteles, por sua vez, está com a mão espalmada para baixo e segura o livro Ética, simbolizando que se deve olhar também para o mundo prático, sensorial e material. Esta posição levou Aristóteles a ser pioneiro no empirismo.

A importância do conhecimento prático

Aristóteles foi o primeiro a abordar a importância do conhecimento prático para a compreensão do mundo. Ele foi chamado de empirista porque defendeu que o conhecimento da verdade passa pelos sentidos do corpo e depois é recebido pelo intelecto.

A capacidade sensorial é responsável pelo primeiro e mais básico aprendizado, que é recebido pelo intelecto. Primeiro, os dados são coletados e depois são relacionados a conceitos puros.

Pensar em conceito puro conduz à sua filosofia mais famosa.

O que é metafísica?

Metafísica foi um termo usado por um aluno de Aristóteles, Andrônico de Rodes. Ele queria classificar os textos que estudavam a relação dos seres com suas essências para além das relações físicas.

A metafísica, antes da física e além dela, investiga o ser enquanto ser. Não se trata de conhecer um ser específico da realidade, conhecendo-o pelos sentidos. A metafísica busca entender o que significa ser.

Antes que um objeto possa ser estudado, ele deve primeiro ter ser. A primeira instância é ser.

Esta realidade transcende a experiência dos sentidos, mas, mesmo assim, é ela que fornece o fundamento das realidades físicas.

Por esta razão, investiga as causas dos seres. Aristóteles encontrou uma primeira causa incausada e a chamou de o primeiro motor imóvel. Mas seu argumento não pode ser compreendido sem o conceito de substância.

O que é substância?

O que torna a coisa em si? O que é comum a todas do mesmo tipo?

Em outras palavras, o que faz com que o cão seja um cão? E o que é comum a todos os cães que já existiram, que existem e que existirão?

A resposta é: a substância. Algumas tradições também a chamam de essência. Aristóteles usou este conceito para definir o que é cada ser.

A substância ou essência é aquilo que permanece, mesmo quando a aparência muda. Assim, podemos reconhecer cães de raças diferentes como sendo cães da mesma maneira.

Estes são conceitos básicos e iniciais, mas necessários para explicar os pontos a seguir.

Não deixe de conhecer o passo a passo para melhorar sua vida de estudos.

A admiração como ponto de partida da filosofia, os fenômenos e o método endóxico

Aristóteles parte do pressuposto de que o ser humano pode confiar em seus cinco sentidos e em sua cognição. Na maioria das vezes, estamos em contato direto com as características do mundo, não sendo necessária uma postura cética em relação a ele.

Considera-se como o mundo aparece e reflete-se sobre as contradições que surgem na realidade.

Para ele, o ser humano começa a fazer filosofia por causa da admiração, por causa das coisas estranhas e por causa das coisas maiores e intrigantes.

A filosofia começa com o fenômeno, ou as aparências. Em seguida, coletam-se opiniões (endoxa), que não são simples “achismo”, mas opiniões respeitáveis, críveis.

“Como em outros casos, devemos definir as aparências (phainomena) e correr através de todos os quebra-cabeças em relação a eles. Dessa forma, devemos provar as opiniões críveis (endoxa) sobre esse tipo de experiência – idealmente, todas as opiniões confiáveis, mas se não todas, então a maioria delas, aquelas que são as mais importantes. Pois se as objeções forem respondidas e as opiniões críveis permanecerem, teremos uma prova adequada”. (EN 1145b2-7).

Em geral, a preferência é conservar as aparências o máximo possível, porque elas tendem a rastrear a verdade.

Segundo o filósofo, temos órgãos do sentido e poderes de espírito muito bem estruturados para fornecer dados e colocar-nos em contato com o mundo.

Nossas habilidades não são infalíveis, mas também não são enganosas ou sistematicamente mal direcionadas.

Por exemplo: temos certeza de que o tempo passa: phainomenon. Entretanto, há muitas opiniões sobre a categorização da passagem do tempo e sua natureza.

Quais foram as principais ideias de Aristóteles?

Depois deste longo caminho para entender, de forma geral, quem foi Aristóteles, acompanhe os resumos de suas principais ideias retomadas hoje em dia.

As 10 categorias aristotélicas

O livro das categorias, que abre o Organon e o Corpus Aristotelicum, está dividido em duas partes.

  • Prædicamenta: é a primeira e vai do capítulo I ao IX. Desta tem-se certeza de que o autor foi Aristóteles.
  • Post-Prædicamenta: é a segunda parte e vai do capítulo X ao XV. Sobre esta, nem todos os autores são unânimes em atribuir a autoria a Aristóteles.

Nesta obra, o filósofo quis categorizar os tipos de predicados que um ser pode ter. Todos os objetos do mundo podem se adequar a estas 10 categorias:

  1. Substância (ousia);
  2. Quantidade (posón);
  3. Qualidade (poión);
  4. Relação;
  5. Lugar;
  6. Tempo;
  7. Estado;
  8. Hábito;
  9. Ação;
  10. Paixão.

Para ele, as categorias são exaustivas e irredutíveis. Portanto, não é possível eliminar uma categoria em função de outra. Além de falar sobre as categorias, também escreveu sobre as quatro causas.

Teoria das 4 causas aristotélicas

Esta teoria é uma das mais importantes nos debates atuais. Aristóteles viu em todas as coisas, quatro causas para sua existência.

  • Causa material: indica do que é feita a coisa;
  • Causa formal: indica qual é a forma da coisa;
  • Causa eficiente: indica o que dá origem à coisa;
  • Causa final: indica qual é a função da coisa.

Um exemplo clássico é uma estátua de bronze representando um homem. Sua causa material é o bronze; a formal, o homem; a eficiente, o artesão; e a final, encantar pela beleza.

É a partir desta doutrina das quatro causas que se entende outra tão importante quanto esta.

Hilemorfismo – contra a existência de dois mundos

De acordo com esta ideia filosófica de Aristóteles, não existem objetos metafisicamente simples. Todos os objetos comuns são compostos de matéria e forma, não existindo uma matéria desinformada.

Isto é o hilemorfismo. Quando se reconhece alguma coisa, é porque a matéria da qual é composta já possui uma forma.

Com esta filosofia, Aristóteles explicou a mudança. Segundo ele, quando um objeto muda, dois fatores estão envolvidos. Algo permanece sendo o mesmo enquanto outras partes ganham ou perdem características.

Por exemplo, uma pessoa muda sua aparência ao longo da vida sem deixar de ser quem ela é.

Forma (eidos): faz com que uma matéria que é potencialmente F seja realmente F. De acordo com o exemplo, é a forma que faz com que a pessoa seja sempre o mesmo ser. É a responsável pela constância e universalidade.

Matéria (hyle): o que persiste e que é, para alguma faixa de F, potencialmente F. A matéria pode sofrer alterações, mudando sua aparência, que é o fenômeno. Ela marca a particularidade de um ser.

Em outro exemplo, podemos considerar uma cadeira. Todas as cadeiras são reconhecidas como objetos sobre os quais se assenta devido à sua forma. Isto é universal, cadeiras servem para sentar.

Por outro lado, a matéria pode variar. Algumas são feitas de madeira e outras de metal, o que é particular.

Finalmente, todas as cadeiras unem matéria e forma em sua constituição, assim como tudo no mundo.

Um dos principais temas envolvendo o estagirita foi o que ele escreveu sobre a felicidade.

O que felicidade (Eudaimonia) tem a ver com política?

Uma das principais ideias de Aristóteles é certamente seu pensamento de que tudo tende ao bem, pois o bem é o fim de todas as coisas.

Observando o mundo ao seu redor, notou que todas as pessoas desejam levar uma vida boa, ainda que alguns não escolham o melhor caminho para isso.

Em que consiste a melhor vida possível?

Entendendo quem foi Aristóteles, não se espera que ele responda que cada um decida o que é melhor para si. Descobrir como viver bem não é uma questão de preferência subjetiva.

É necessário viver de acordo com a razão. Uma vez que todos buscam o bem, este bem final, último, deve:

  • Ser perseguido por sua própria causa;
  • Ser tal que desejamos as outras coisas para tê-lo;
  • Ser tal que não o desejemos para conseguir outras coisas;
  • Ser completo, sempre digno de escolha;
  • Ser autossuficiente, sua presença é suficiente e nada lhe falta.

A vida dos prazeres, da busca por dinheiro ou fama, não satisfaz estes critérios. A felicidade Eudaimonia, sim. É a felicidade na qual as capacidades humanas são realizadas no mais alto grau.

Ora, ela é o fim último. As pessoas buscam os prazeres, o dinheiro e a fama por querer ser feliz e não o contrário.

Se alguém alcança a felicidade, não precisa de mais nada. Não quis ser feliz para ser outra coisa, nada lhe falta, alcançou um bem completo e sem carência.

De acordo com Aristóteles, a felicidade é a função do ser humano. A cadeira foi feita para sentar. Da mesma forma, o homem foi feito para ser feliz.

Para isso, é preciso usar a razão de modo excelente, por meio das virtudes. Em sua ética, ele escreve sobre a melhor forma de se viver.

Assim como foi possível pensar a felicidade a partir da filosofia, também é possível entender o que é família utilizando os conceitos filosóficos, incluindo os aristotélicos.

A felicidade está intimamente ligada à vida virtuosa, assunto da ética.

Ética aristotélica

No livro Ética a Nicômaco, Aristóteles fala de sua teoria moral. Ele fala sobre a ética eudêmia, algo como uma voz que guia o pensamento e as ações humanas. A ética deveria ser guiada pela prudência e pela moderação.

Segundo Aristóteles, é preciso seguir a mediana entre os extremos morais, ruins e viciosos. A virtude está no meio. Por exemplo, a coragem é a virtude entre dois vícios: a temeridade e a covardia.

Enquanto a ética caracteriza a melhor forma de vida humana, a política caracteriza a melhor forma de vida social. A pólis (cidade grega) deve ser julgada pelo objetivo de promover a felicidade humana.

As formas políticas de organização melhoram a vida do homem, político por natureza.

O ser humano como animal político

Aristóteles explicou que as formas legítimas de governo são a monarquia, a aristocracia e a democracia. Ele analisou os regimes políticos e as formas de Estado.

Para ele, a cidade (pólis) era anterior ao indivíduo. Portanto, o indivíduo se realizaria apenas na vida em sociedade, na vida política. São seres políticos, animais políticos, que vivem em sociedade.

Para Aristóteles, também contrariando Platão, a politia era a forma mais justa de governo.

Uma das habilidades mais necessárias para a vida na pólis, segundo ele, é a de persuadir. Isto também foi marcante na filosofia aristotélica.

Qual é o papel da retórica e das artes?

Tanto a retórica quanto a arte criam produtos humanos: artefatos óbvios são navios e edifícios, mas outros são a agricultura e a medicina. A retórica, por sua vez, é a produção do discurso persuasivo. A tragédia, por outro lado, visa a produção de um drama edificante.

A retórica, diz Aristóteles, “é o poder de ver, em cada caso, as possíveis formas de persuadir”.

Os três contextos da persuasão são:

  1. Político ou deliberativo: procura persuadir ou dissuadir;
  2. Epidítico ou demonstrativo: procura elogiar ou censurar;
  3. Judicial: procura acusar ou defender.

Três vias da persuasão:

  1. O caráter do orador, sua autoridade, confiabilidade;
  2. A constituição emocional da plateia, pela alegria ou pela tristeza, por exemplo;
  3. O argumento geral da fala, ou seja, a lógica do argumento.

A retórica examina as técnicas de persuasão de acordo com estas áreas.

Na Poética, o objetivo da tragédia é a catarse, purificação das emoções despertadas em uma performance trágica. A função da tragédia é “aprender, ou seja, descobrir o que cada coisa é” (Poet. 1448b16-17). Na visão de Aristóteles, a tragédia nos ensina sobre nós mesmos.

Um exemplo grandioso do uso destas características da retórica é o discurso de Martin Luther King. Leia o artigo com o discurso na íntegra e sua análise.

Em resumo, estes foram os principais tópicos das ideias do filósofo. Finalmente, para ter uma visão geral de quem foi Aristóteles, veja os títulos mais importantes que sobreviveram de suas obras.

Quais são as principais obras de Aristóteles?

  • Organon
  • Categorias (Gato.)
  • De Interpretatione (DI) [Na Interpretação]
  • Análise prévia (APr)
  • Análise posterior (APo)
  • Tópicos (Top.)
  • Refutações Sofísticas (SE)
  • Ciências Teóricas
  • Física (Phys.)
  • Geração e Corrupção (Gen. et Corr.)
  • De Cælo (DC) [On the Heavens]
  • Metafísica (Met.)
  • De Anima (DA) [On the Soul]
  • Parva Naturalia (PN) [Tratados Naturais Breves]
  • História dos Animais (HA)
  • Partes dos Animais (PA)
  • Movimento dos Animais (MA)
  • Meteorologia (Meteoro.)
  • Progressão de Animais (IA)
  • Geração de Animais (GA)
  • Ciências Práticas
  • Ética Nicomacheana (EN)
  • Ética Eudemiana (EE)
  • Magna Moralia (MM) [Grande Ética]
  • Política (Pol.)
  • Ciência Produtiva
  • Retórica (Rhet.)
  • Poética (Poet.)

Algumas das frases mais conhecidas de Aristóteles são:

“O homem é, por natureza, um animal político”.
“O homem é um animal de linguagem”.
“O menor desvio inicial da verdade multiplica-se ao infinito na medida em que avança”.
“As pessoas dividem-se entre aquelas que poupam como se vivessem para sempre e aquelas que gastam como se fossem morrer amanhã”.
“O sábio nunca diz tudo o que pensa, mas pensa sempre tudo o que diz”.
“A alegria que se tem em pensar e aprender faz-nos pensar e aprender ainda mais”.
“Valor fundamental da vida depende da percepção e do poder de contemplação ao invés da mera sobrevivência”.
“Nosso caráter é o resultado da nossa conduta”.

Qual foi o legado de Aristóteles?

Após sua morte, o Lyceum continuou a existir por um tempo, não se sabe quanto. No século seguinte à sua morte, seus escritos diminuíram a circulação. Tempos depois foram redescobertos, traduzidos e voltaram a ser lidos.

Eventualmente, passaram a formar a espinha dorsal da filosofia, sete séculos sob o formato de comentários às suas obras. Influenciaram neoplatônicos, árabes e cristãos.

Em sua reintrodução no Ocidente, suas obras foram traduzidas por monges. Santo Alberto Magno e São Tomás de Aquino foram os maiores nomes a conciliar a filosofia de Aristóteles com o pensamento cristão.

Assim, considerando-se que um dos pilares do Ocidente é a Filosofia Grega, Aristóteles retoma e busca aperfeiçoar Sócrates e Platão. Ele é em si o maior filósofo grego cuja tradição influenciou o Ocidente.

Como se isso não fosse suficiente, também influenciou toda a cristandade com sua filosofia servindo como um subsídio à teologia, principalmente a teologia tomista.

Sua maneira de pensar e de separar o conhecimento, de reconhecer essências e causas, tudo isso permanece a explicar como o mundo de hoje deve ser entendido.

Se você gostou de aprender sobre quem foi Aristóteles, compartilhe este artigo e deixe seu comentário abaixo. Saiba também mais detalhes sobre o trabalho da Brasil Paralelo.

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