O Filósofo. Aristóteles foi assim chamado por Santo Tomás de Aquino, tendo-o como a referência máxima da filosofia, o modelo exemplar. Procurando saber quem foi Aristóteles, descobre-se um gigante ocidental cujo pensamento não morreu.
“Aquele que chega a conhecer as coisas mais árduas e que apresenta grande dificuldade para o conhecimento humano, este é um filósofo. Além disso, aquele que conhece com maior exatidão as causas e é mais capaz de ensiná-las é, em todas as espécies de ciências, um filósofo”.
Aristóteles foi um dos maiores filósofos de todos os tempos. Sem conhecer sua obra, não é possível entender a Filosofia Ocidental. Ele foi discípulo de Platão e mestre do conquistador Alexandre, o Grande. Fundou uma escola de filosofia chamada Liceu e sistematizou o conhecimento da Antiguidade.
Durante vários anos de sua vida, Aristóteles estudou ciências da natureza e isto refletiu-se em toda a sua filosofia. Seu pensamento influenciou a Filosofia Escolástica, a Filosofia Moderna e continua influenciar a Filosofia Contemporânea.
Passando pela Antiguidade tardia e atravessando o Renascimento, Aristóteles escreveu mais de 200 tratados, a maioria dos quais foram perdidos. Apenas 31 sobreviveram.
Foi por causa do método aristotélico que hoje os estudiosos têm acesso a saberes que teriam sido perdidos. Aristóteles sistematizou o conhecimento da Filosofia Antiga, classificando as opiniões existentes e refletindo sobre elas.
Em todas as áreas, a filosofia de Aristóteles despertou iluminação, resistência, debate e interesse no leitor.
Ele escreveu sobre lógica, metafísica, filosofia da mente, ética, política, estética e retórica, além de ter também versado sobre biologia, destacando suas observações e descrições de plantas e animais.
A filosofia aristotélica não é facilmente definida por causa de sua abrangência e distância no tempo.
Ao longo da história, seus textos têm sido apropriados e interpretados de diferentes formas por inúmeros autores. Por mais de dois milênios, filósofos de tradições religiosas (cristãs e árabes) e também seculares têm se baseado em textos aristotélicos.
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Antes de aprofundar na filosofia de Aristóteles, leia um resumo do que se conhece sobre sua vida.
Biografia
Aristóteles nasceu em 384 a.C. em Estagira (atual Stavros), na Macedônia. Morreu em 322 a.C. em Chalcis, na ilha de Euboea, Grécia.
Por causa do lugar onde nasceu, frequentemente é referenciado como “o estagirita”. Seu pai era um médico da família real na Macedônia, nordeste da Grécia.
Quando Aristóteles completou 17 anos, seu pai pôde enviá-lo para estudar na Academia de Platão, em Atenas. Rapidamente tornou-se reconhecido como um jovem admirável por seu comportamento requintado e sua inteligência.
Sobre seu aluno, disse Platão:
“Minha academia se compõe de duas partes: o corpo dos estudantes e o cérebro de Aristóteles”.
Permaneceu ali até a morte de seu mestre em 347 a.C. Não tendo assumido o lugar de Platão, ocupado por um ateniense, partiu.
Neste tempo aprendeu sobre o ser e a essência das coisas, sobre a dialética, a política e sobre as ideias socráticas. Estudou ética e ciências da natureza.
Com o tempo, Aristóteles foi se afastando das ideias de Platão. Ao contrário de seu professor, ele considerava a validade do conhecimento empírico. Platão considerava apenas o conhecimento intelectual da verdade obtido por essências puras.
Depois disso, partiu para Assos, na Ásia Menor, onde hoje se encontra a Turquia.
Continuou suas atividades filosóficas, mas também expandiu suas pesquisas em biologia marinha. Após três anos, mudou-se para uma ilha próxima a Lesbos. Por mais dois anos, continuou pesquisas tanto filosóficas quanto empíricas.
Foi em Lesbos que ele casou-se com Pítias e teve uma filha chamada Desequisa.
Em 343 a.C., Aristóteles mudou-se para Pella, capital da Macedônia. Foi ensinar o filho do Imperador Filipe II, Alexandre, que tinha 13 anos na época e que mais tarde ficaria conhecido como Alexandre, o Grande.
Aos 15 anos, Alexandre já estava servindo como vice-comandante militar de seu pai. Neste ponto, há divergências entre os historiadores. Para alguns, sua relação com Aristóteles durou apenas dois anos, enquanto outros defendem um tempo mais longo.
Pouco se sabe sobre o período da vida de Aristóteles que vai de 341 a 335 a.C. Foram mais de cinco anos em Estagira antes de rever Atenas pela segunda e última vez.
Quando retornou, ele fundou sua própria escola, o Lyceum, aos 49 anos de idade. Seus alunos eram chamados de peripatéticos, por causa do peripatus (ambulatório) que ficava na escola. Localizava-se na área destinada ao deus Apolo Lykeios.
Eles estudavam: botânica, biologia, lógica, música, matemática, astronomia, medicina, cosmologia, física, história política, teoria governamental e política, retórica e artes. No Lyceum os manuscritos coletados destas pesquisas formaram a primeira grande biblioteca da Antiguidade.
Quando sua esposa Pítias morreu, ele começou a se relacionar com Herpílis.
Após 13 anos, Aristóteles deixou Atenas pela segunda vez. Surgia entre os atenienses um sentimento antimacedônico após a morte de Alexandre, o Grande, na Babilônia.
Lembrando-se de Sócrates, Aristóteles partiu temendo por sua segurança, pois não deixaria a cidade pecar duas vezes contra a filosofia.
Um ano depois, em Chalcis, ele morreu de causas naturais.
Para saber realmente quem foi Aristóteles, os relatos biográficos não são suficientes. É preciso conhecer sua filosofia. Antes dos resumos de suas principais ideias, é necessário entender como ele sistematizou o conhecimento.
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O que é o corpus aristotélico?
Basicamente, é o conjunto de suas obras, que sobreviveu ao tempo. Em suas obras, Aristóteles utilizou terminologias muito técnicas, o que pode dificultar a leitura para os iniciantes.
A estrutura de suas frases pode também ser um empecilho para alguns. Outro problema está na organização dos capítulos e, em alguns casos, de tratados inteiros.
Pode ter ocorrido de Aristóteles não ter publicado os tratados como são vistos em suas formas atuais. Eles podem ter sido organizados por editores posteriores ao filósofo.
Mesmo assim, Cícero foi o maior estilista em prosa latina e crítico talentoso do estilo dos outros, tanto em latim quanto em grego. Ele observou, fazendo uma comparação, que a prosa de Platão era prata e a de Aristóteles um rio de ouro fluindo.
Supõe-se que ele acessou mais obras de Aristóteles do que as que estão disponíveis hoje.
Entretanto, não foram os diálogos que sobreviveram ao tempo, mas sim as notas de palestras, rascunhos de primeiros escritos, registros de investigações contínuas e compilações destinadas a um público interno, não à audiência geral.
Em algumas composições, Aristóteles mencionava escritos exotéricos, que seriam para o público não-iniciado.
As obras lidas hoje em dia são inacabadas ou em andamento.
Apesar disso, a capacidade de lidar com o conteúdo filosófico de suas obras não foi perdida.
As 31 obras julgadas autênticas, que compõem o corpus aristotélico, contêm o que é reconhecido como doutrina aristotélica. A maioria possui uma clara pretensão básica.