O Renascimento trouxe um avanço artístico jamais visto na história. Além das artes, esse movimento histórico foi uma verdadeira revolução nas ciências humanas, criando uma nova visão de mundo — a base do que seria a Idade Moderna e até mesmo a Idade Contemporânea. Foi nessa época que surgiram o humanismo, o racionalismo, o cientificismo e o ressurgimento das artes clássicas.
Como afirma o professor Guilherme Almeida, no Núcleo de Formação da Brasil Paralelo, o Renascimento é a Era de Protágoras: O homem é a medida de todas as coisas.
O Renascimento foi um movimento social e artístico que reviveu variados elementos da cultura greco-romana. Por haver sucedido numa Europa já cristianizada, o movimento também se caracteriza por trazer à tona também os elementos pagãos da Antiguidade.
Para além de um reavivamento da Antiguidade, o renascimento também desenvolveu elementos originais, principalmente nas ciências humanas.
As principais características do Renascimento são:
As principais causas para o surgimento do Renascimento foram: as cruzadas, fortalecimento da burguesia e o reaparecimento de obras pagãs na Europa.
As cruzadas geraram diversas despesas para a nobreza europeia, o estamento social responsável pelas guerras.
O grande custo das guerras enfraqueceu os nobres, abrindo espaço social para um novo grupo: os burgueses.
As cruzadas aumentaram o comércio com outras regiões do mundo e importaram uma grande quantidade de culturas diferentes espalhadas pelo Oriente.
A união dos povos europeus e os acordos de paz após as batalhas com as nações de outros continentes fizeram com que o mundo ficasse mais pacífico, auxiliando o desenvolvimento do comércio e da vida nas cidades (que antes era prejudicada pela grande quantidade de guerras internas na Europa).
Os burgueses, depois da Igreja Católica, foram os principais financiadores das principais características do Renascimento. Foram os comerciantes dos burgos que investiram no urbanismo e nos ateliês da renascença.
Após paulatinamente aumentarem seu poder político, os burgueses consolidaram as novidades renascentistas na sociedade através do poder político, gerando a Idade Moderna na transição dos séculos XIV e XV.
Com a valorização do homem e do mundo temporal e a influência da Antiguidade Grega, as artes foram extremamente valorizadas, passando a se preocupar com os mínimos detalhes.
Grandes artistas surgiram nesse período. Alguns dos principais são:
Todas as artes foram influenciadas pelo movimento, desde o teatro até a pintura e arquitetura.
Muitos artistas ainda faziam arte sacra, mas grande parte das suas obras passa a focar em aspectos da vida temporal.
Suas principais referências foram os artistas da Grécia clássica.
A música clássica foi criada nesse período. Graças ao retorno às artes gregas, a orquestra toma forma baseada na antiga orkestra dos teatros gregos.
As artes passaram a ser tão valorizadas, que cada cidade buscava ter seus próprios artistas, já que grande parte da Europa ainda era de cidades-Estado.
Reaparece com força o mecenato.
Praticamente todas as famílias nobres e burguesas passam a investir em artistas e ateliês de todos os tipos de arte.
Os principais mecenas da época foram Cosme de Médici, político e banqueiro italiano; Galeazzo Maria Sforza, duque de Milão; e Francisco I, rei da França.
Algumas das principais obras de arte do período são:
Devido aos estudos das Universidades medievais e o foco das realidades naturais no período, o Renascimento trouxe grandes descobertas no campo das ciências naturais.
As principais descobertas do período foram:
A união entre o abundante dinheiro renascentista e a filosofia universal medieval favoreceu a ciência.
Contudo, a mudança filosófica do Renascimento — abordada no próximo tópico — gerou uma série de dificuldades para o mundo das ciências.
A apreciação pelas ciências naturais alcançou um nível ideológico, por isso o nome “cientificismo”, e não apenas apreço pela ciência.
Muitos acreditavam que o desenvolvimento das ciências naturais aperfeiçoaria o homem por completo, desde suas necessidades corporais a até mesmo as espirituais.
Contudo, muitas das descobertas do Renascimento foram refutadas por cientistas posteriores.
Isaac Newton, um dos maiores expoentes do Renascimento, teve boa parte de suas teorias refutadas.
Uma das suas ideias, a atração universal, foi desbancada por Einstein.
Na cosmovisão de Newton e Descartes, o mundo natural era visto como um relógio.
Hoje, sabe-se que essa afirmação é incorreta. As descobertas de Planck e Heisenberg mostram que o mundo natural é muito mais complexo do que parece.
Planck e Heisenberg descobriram a Física Quântica, um campo de estudos ainda misterioso para a humanidade.
Recentemente, outra descoberta promete desbancar mais teses de Newton junto com algumas de Einstein.
As certezas comprovadamente falsas dos cientistas renascentistas escondem convicções ocultas que ainda hoje são pouco conhecidas: suas práticas ocultistas e o abandono à filosofia clássica.
O humanismo foi a principal característica do pensamento humano do Renascimento. A cosmovisão pagã dos antigos gregos e romanos não tinha o homem como centro da criação, isso surgiu no renascimento.
Para as antigas mitologias, os deuses eram muito superiores aos homens, cabendo às pessoas a busca por uma vida heróica de acordo com a ajuda ou maldição dos deuses.
Já para os renascentistas, o homem passa a ser o centro da realidade.
A arquitetura demonstra essa mudança de pensamento: na Idade Média os templos cristãos eram as maiores construções, as de maior destaque, mas a partir do Renascimento, os prédios do poder público passaram a ser o foco das atenções.
Um dos principais responsáveis por essa mudança foi Guilherme de Ockham.
O pensamento de Ockham era contrário a tudo que foi feito durante a Escolástica.
Ele afirmava (a partir de questões filosóficas profundas, como a querela dos universais) que o mundo da Fé e o mundo da razão são totalmente diferentes, não havendo possibilidade de contato entre ambos.
Sua teoria fazia com que a fé se tornasse mera credulidade, de maneira que só o que era verdadeiramente real e cognoscível é o mundo natural.
Conforme dito pelo professor Guilherme Almeida no curso do Núcleo de Formação:
“Uma nova realidade precisa ter novos padrões de conduta”.
Com o alastramento das teses de Ockham, foi preparado o terreno para que o homem se tornasse o centro da vida pessoal e social da Europa renascentista.
A partir das obras dos criadores do movimento, percebe-se que o principal objetivo do Renascimento era suplantar o cristianismo para criar uma civilização na qual o ser humano e suas vontades são o centro de tudo.
Uma das principais revoluções humanistas da Renascença foi a obra do matemático e filósofo, René Descartes.
Em sua obra, Descartes afirmou de forma implícita que a res cogitans é superior à res divina.
Descartes afirmou que o pensamento do homem é a base da realidade: Penso, logo existo.
Essa visão de mundo se alastrou por toda a Europa, influenciando grande parte dos intelectuais do velho continente.
Ao unir a filosofia cartesiana com as obras de arte da Antiguidade, dava-se início ao humanismo.
A queda de Constantinopla, em 1453, trouxe mais obras da Antiguidade de volta à Europa.
Em muitos dos poemas e teatros gregos e romanos, as paixões humanas e os prazeres carnais eram exaltados e tidos como o caminho da felicidade.
Essas obras, somadas ao movimento trovador, geraram uma nova cultura.
O cristianismo, com suas práticas de virtudes e necessidade de ascese, foi deixado de lado na vida de muitas cortes e cidades, sobrando apenas seu aspecto formal.
Muitos europeus adotaram um estilo de vida semelhante à nobreza da Roma antiga: festas com excesso de comida e bebida e uma vida sexual devassa.
Os louvores a Baco ganhavam cada vez mais força, chegando até mesmo a serem explícitos.
Foram encomendadas diversas obras que exaltam e louvam bacanais e libertinagens morais.
A filosofia renascentista negava a metafísica, defendendo um puro subjetivismo.
Neste período, o agnosticismo de muitos dos intelectuais levou a ideia de que o homem poderia e deveria fazer o que achasse melhor em todos os âmbitos da vida, sem se submeter a uma ordem superior.
O agnosticismo, somado ao cientificismo, gerou a paralaxe cognitiva, distúrbio filosófico comentado pelo filósofo Olavo de Carvalho.
Nas palavras de Olavo sobre a filosofia renascentista:
“O mecanicismo se impôs porque dava aos homens uma demencial ilusão de poder. ‘Saber é prever, prever para poder’, proclamava Comte. Se a realidade era uma máquina, bastava saber apertar os botões certos para obter os resultados desejados.
Daí à ‘física social’ e à economia planejada, foi um piscar de olhos. Uns 150 milhões de seres humanos pereceram vítimas desse experimento científico. E tudo começou com um relógio.
[...] Se você acha que as pessoas são relógios, nada mais lógico do que matá-las porque se recusam a funcionar como relógios. Robespierre, Lenin e Hitler nada fizeram senão tirar as conseqüências das premissas lançadas por Descartes e Newton.
Viktor Frankl dizia isso: se o homem é apenas um produto industrial, não há nada de mais em jogar alguns fora no controle de qualidade. Cada vez mais acho que ele tinha razão. Auschwitz e o Gulag não são propriamente filhos da ciência, mas são filhos do esquema imaginativo imbecil e inumano que a ciência moderna [renascentista] criou ad hoc para poder se desenvolver.”
Uma das consequências da filosofia racionalista do Renascimento foi gerar seu oposto: o empirismo.
Essa filosofia negava a alma e defendia que o único mundo real é apenas o mundo dos sentidos, o mundo material.
Uma forte influência nas principais características do Renascimento veio a partir de grupos secretos herméticos.
Isaac Newton é um exemplo.
Muitos historiadores afirmam que Newton participava de grupos secretos.
Os estudos sobre os quais Isaac Newton se debruçou tinham um foco diferente do que é normalmente imaginado: seus maiores interesses eram a alquimia e o misticismo.
Recentemente, seus escritos sobre alquimia e teologia foram revelados, demonstrando que Newton escreveu muito mais sobre esses temas do que sobre Física.
A Fundação do Patrimônio Químico (CHF, na sigla em inglês), dos EUA, comprou o material em um leilão e fez a divulgação.
O objetivo de sua vida era encontrar uma fórmula para a juventude eterna e a criação de uma religião própria.
Newton buscava desenvolver uma teologia que deixasse de lado a ideia de Deus como uma Trindade Una, sendo apenas uma unidade.
Muitos outros nomes famosos do Renascimento participavam de grupos secretos de magia.
Um destes é Giovanni Pico Della Mirandola. O filósofo humanista participava declaradamente de grupos secretos de cabala, tendo se arrependido e convertido ao catolicismo no final de sua vida.
Marsílio Ficino, mestre da Academia Platônica de Florença, estudava e ensinava magia dos povos antigos, também conhecida como hermetismo. Alguns de seus alunos foram Leonardo da Vinci, Sandro Botticelli e Michelangelo.
Dados importantes sobre esse tema podem ser encontrados na obra de D. P. Walker, Spiritual and Demonic Magic from Ficino to Campanella (University of Notre Dame Press, Notre Dame – London, 1969).
Grande parte dos filósofos renascentistas participavam de alguma seita obscurantista.
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