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Psicologia
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min de leitura

Como encontrar o sentido de sua vida com Viktor Frankl?

Entenda o que é a logoterapia, conheça seus conceitos fundamentais e saiba como encontrar o sentido da sua vida com Viktor Frankl

Por
Redação Brasil Paralelo
Publicado em
2/9/2021 12:18
-

Viktor Frankl tornou-se famoso por seu bestseller internacional Em busca de sentido. No livro, o psiquiatra relata suas experiências nos campos de concentração nazistas e explica seu método terapêutico, a logoterapia, que o ajudou a sobreviver.

Ele observou que um aspecto fundamental predizia se seus companheiros de reclusão iriam morrer ou viver: a percepção de um sentido para a vida.

Frankl sustenta, no entanto, que encontrar um sentido para a vida não é necessário somente nessas situações extremas.

O sentido da vida de Viktor Frankl serve para qualquer pessoa que queira se realizar.

Por isso, criou uma psicoterapia baseada na busca pelo sentido da vida.

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O que você vai encontrar neste artigo?

Quem foi Viktor Frankl?

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Viktor Emil Frankl foi um neuropsiquiatra cuja biografia é prova de sua obra intelectual e com esta se confunde.

Da infância à especialização em Psiquiatria

Ele nasceu em Viena em 1905, em uma família de origem judaica extremamente religiosa. Sua mãe, Elsa, inclusive era descendente do famoso rabino Loew de Praga.

Na sua adolescência, a psicanálise atraía atenção de diversos intelectuais da sociedade vienense, o que permitiu que seu interesse pela psicologia se manifestasse desde cedo.  

Com apenas 15 anos, ainda no ensino secundário, Frankl começou a se corresponder com Sigmund Freud, fundador da Primeira Escola Vienense de Psicoterapia.

Um ano depois, ele apresentaria sua primeira conferência dentro dessa área, com o título A respeito do sentido da vida.

Nesse mesmo período, foi funcionário da Juventude Trabalhadora Socialista e, em 1924, tornou-se presidente dos estudantes socialistas de toda a Áustria.

A continuidade de seus estudos o levaram a ingressar na sociedade de psicologia individual de Adler, fundador da Segunda Escola Vienense de Psicoterapia, da qual acabou sendo expulso por divergir de suas opiniões.

Frankl formou-se em Medicina e se especializou em Neurologia e Psiquiatria. Com uma carreira promissora, tornou-se diretor do “pavilhão de suicidas” na clínica psiquiátrica do Hospital Steinhof.

O primeiro texto sobre a logoterapia foi publicado já em 1938. Nele, o psiquiatra abordou o problema da inserção da espiritualidade na psicoterapia.

Da invasão nazista ao fim da vida

Com a invasão da Áustria pelos nazistas, ele foi obrigado a atender apenas judeus. Ele salvou muitos deles da eutanásia de Hitler através de diagnósticos falsos.

Nesta época, apesar de ter um visto para fugir do regime nazista para os Estados Unidos, Frankl decidiu permanecer em Viena.

Em 1941, ele havia acabado de escrever sua principal obra sobre logoterapia ‒ que posteriormente foi traduzida para o português como Psicoterapia e sentido da vida ‒, quando foi preso pelos nazistas.

Frankl foi enviado para o campo de Theresienstadt, o primeiro dos quatro de que seria prisioneiro sob a identificação do número 119.104.

No livro Em busca de sentido, ele conta que quando chegou a Auschwitz, o segundo campo para o qual foi enviado, tentou manter consigo o manuscrito do livro, mas foi forçado a entregá-lo.

Frankl foi libertado em 1945, pesando apenas 25 quilos. Após sua libertação, descobriu que sua mãe, seu irmão e sua esposa, Tilly Grosser, com quem havia casado em 1942 e que estava grávida quando fora presa, não haviam sobrevivido aos campos de concentração.  

A extensão dessas tragédias não foi suficiente para abater Viktor Frankl; antes, foi o que ele chamou de experimentum crucis, que o auxiliou a comprovar a validade de suas teorias psicoterapêuticas.  

Por isso, com apenas nove dias de liberdade, escreveu Em busca de sentido ‒ um psicólogo no campo de concentração, no qual narra sua vida nos campos, intercalando seu relato com explicações de sua perspectiva terapêutica.

Em 1947, Frankl casou-se novamente, com Eleonore Schwind. No ano seguinte, doutorou-se em Filosofia, com o tema O Deus Inconsciente.

Alguns anos depois, passou a ocupar o cargo de professor de Neurologia e Psiquiatria na Faculdade de Medicina da Universidade de Viena, tendo lecionado sua última aula aos 91 anos de idade.

Frankl percorreu boa parte do mundo como conferencista e recebeu 29 títulos Honoris causa. Além de ter sido professor convidado em mais de 209 universidades, incluindo as Universidades de Harvard e Cambridge.

Ele faleceu em 1997, com 92 anos, em sua cidade natal.  

A LOGOTERAPIA

“Quem tem por que viver suporta quase qualquer como”. — Nietzsche.

O que é logoterapia?

A logoterapia, também chamada de Terceira Escola Vienense de Psicoterapia, foi elaborada por Viktor Frankl na primeira metade do século XX.

Ela se distingue das psicoterapias anteriores de Freud e Adler por partir de uma dimensão mais elevada do ser humano: o espírito.

A logoterapia é uma psicoterapia que propõe a cura através do sentido da vida. Por esta razão, é também conhecida como a psicologia do sentido.

Muitos acreditam que a logoterapia foi criada a partir das experiências de Frankl nos campos de concentração, mas, na verdade, sua elaboração as antecede.

O termo foi utilizado por ele pela primeira vez em 1926, quando se referiu a uma psicoterapia que tratava dos problemas psicológicos e das pressões da dimensão mental do homem.

Pressupostos fundamentais

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O pressuposto fundamental da logoterapia é que a vida humana sempre tem um sentido, independentemente das circunstâncias. Por causa disso, diz-se que o sentido é incondicionado.

Além disso, os seres humanos desejam e buscam esse sentido, tanto para sua existência quanto para cada situação particular.

Assim, o sentido é a motivação primária das pessoas. Isto é o que Frankl chama de vontade de sentido.

Uma vez que encontram esse sentido, as pessoas querem realizá-lo. Isso lhes dá uma perspectiva de futuro.

De acordo com a logoterapia, a perspectiva de futuro é algo indispensável para que as pessoas possam existir propriamente.

Isso porque, quando não vivem em função de um alvo ‒ de um futuro, portanto ‒, os seres humanos perdem aquilo que lhes dá apoio interior. Como consequência, experimentam um processo de decadência.

Frankl teve esta percepção ainda jovem e pôde corroborá-la através de sua experiência nos campos de concentração.

Ele notou que os prisioneiros que se orientavam na direção do futuro, porque ainda tinham algo a realizar, apresentavam maiores chances de sobrevivência.

“Quem já não consegue acreditar no futuro ‒ no seu futuro ‒ está perdido no campo de concentração. Juntamente com a esperança no futuro, essa pessoa perde o apoio espiritual, deixa-se ‘cair’ interiormente e decai física e psiquicamente […]”. — (Em busca de sentido, p. 98).

Para Frankl, pessoas que não conseguem vislumbrar seu futuro imediato, como é o caso dos desempregados, padecem do mesmo mal.

“A pessoa cuja situação não permite prever o final de uma forma provisória de existência também não consegue viver em função de um algo. Ela também não consegue mais existir voltada para o futuro […]. Concomitantemente, altera-se toda a estrutura de vida interior. Começam a aparecer sinais de decadência interior […]. Numa situação psicológica idêntica encontra-se, por exemplo, o desempregado”. — (Em busca de sentido, p. 94).

A partir disso, concluiu que a vontade de sentido apresenta um alto valor de sobrevivência para as pessoas.

Mais do que isso, que a psicoterapia precisa necessariamente visar a reconstrução interior do paciente procurando orientá-lo para um objetivo no futuro.

O que diferencia a logoterapia?

A logoterapia incluiu a dimensão transcendental do homem, que é o espírito, dentro da perspectiva da psicoterapia.  

As escolas anteriores de psicoterapia, de Freud e Adler, respectivamente, tratavam de problemas de natureza somática (corpo) e psíquica (mente).

A logoterapia acrescentou problemas de natureza existencial (espiritual) aos problemas tratados por essas duas abordagens terapêuticas.

O tratamento das neuroses originadas do espírito humano, a que Frankl denomina neuroses noogênicas, é a maior contribuição da logoterapia para a psiquiatria moderna.

Para sanar esses problemas de ordem espiritual, a logoterapia ajuda o paciente a encontrar o sentido em sua vida; e faz isso aprimorando sua percepção e consciência para todos os potenciais sentidos de sua existência.

Por esse conjunto de compreensões, entende-se por que a logoterapia é uma psicoterapia a partir do espírito, que está centrada no sentido da existência humana e na busca da pessoa por este sentido.

Outro aspecto que caracteriza a logoterapia é o fato de ser uma teoria aberta.

Frankl tinha consciência de que a psicoterapia que desenvolveu era insuficiente para solucionar todos os problemas humanos.

Por isso, aceitou que a ela fossem adicionadas contribuições de outras teorias e dos conhecimentos advindos de sua própria evolução.

O sentido da vida em Viktor Frankl

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Como mencionado, o sentido da vida de Viktor Frankl ocupa um papel central na logoterapia. Assim, é fundamental compreender qual o entendimento de Frankl sobre o termo.

O que é o sentido da vida?

O sentido é aquilo que a vida demanda que façamos em cada circunstância concreta, no aqui e agora, em uma ação na qual não podemos ser substituídos.

Isso significa que o sentido não pode ser atribuído aleatória e arbitrariamente por parte do indivíduo, mas deve ser extraído no apelo das situações em que ele se encontra.

Este conceito de sentido proposto pela logoterapia traz algumas implicações.

Tal como a situação e a pessoa que a vivencia, a possibilidade de sentido é única e irrepetível.

Esta unicidade faz com que o sentido varie não apenas de pessoa para pessoa, mas também para a mesma pessoa, de acordo com o momento.

Além disso, por que deve ser captado dentro das circunstâncias, somente a própria pessoa pode descobri-lo.

Uma vez que compreendemos o que é o sentido, precisamos saber como descobri-lo.

Como descobrir o sentido da vida?

Segundo Frankl, encontramos o sentido da vida ao assumir a responsabilidade de realizar o que ela nos demanda, através da conduta correta.

“Em última análise, viver não significa outra coisa se não arcar com a responsabilidade de responder adequadamente às perguntas da vida, pelo cumprimento das tarefas colocadas pela vida a cada indivíduo, pelo cumprimento da exigência do momento”. — (Em busca de sentido, p. 102).

E é a nossa consciência pessoal que detecta que conduta é essa.

É a consciência que nos permite identificar o sentido no interior de uma determinada situação e assim nos habilita a responder às questões do dia a dia, empenhando nossa existência, ou seja, assumindo responsabilidade.

  • Para meditar melhor sobre a vida, é aconselhável pensar sobre a morte. Faça o exercício do Necrológio.

Em razão disso, a consciência pessoal é o órgão do sentido, e é também definida como a geradora de responsabilidade.

E como assumir responsabilidade é o que nos permite agir, a perspectiva logoterápica entende esta última como a essência da existência humana.

Resumidamente, percebemos o sentido quando, a partir da nossa consciência, identificamos a conduta correta para dada situação e assumimos a responsabilidade de levá-la a cabo.

Respondendo adequadamente às demandas que a vida nos traz, encontramos sentido na vida e, consequentemente, nos realizamos.

Aula A Formação do Ser
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O sentido da vida em Viktor Frankl e a unicidade individual

Há um último aspecto que também concorre para a percepção dos sentidos e que é digno de ressaltar. Trata-se da unicidade e exclusividade de cada pessoa humana.

Estar consciente de que é insubstituível, de que somente ele poderá levar a termo aquilo que a vida lhe demanda, desperta no ser humano a dimensão da responsabilidade que recai sobre si.  

“Esse fato de que cada indivíduo não pode ser substituído nem representado por outro é, no entanto, aquilo que, levado ao nível da consciência, ilumina em toda a sua grandeza a responsabilidade do ser humano por sua vida e pela continuidade da vida. A pessoa que se deu conta dessa responsabilidade em relação à obra que a espera ou perante o ente que a ama e espera, essa pessoa jamais conseguirá jogar a vida fora. Ela sabe do porquê da sua existência ‒ e por isso também conseguirá suportar quase todo ‘como’”. — (Em busca de sentido, p. 105).

As três possibilidades de sentido

Embora o sentido da vida de cada um seja único e irrepetível, a perspectiva logoterápica aponta que existem três experiências principais para descobri-lo:

  1. Criando um trabalho ou praticando um ato (valores de criação);

Como exemplo, temos o serviço a um ideal.

  1. Experimentando algo ou encontrando alguém (valores de vivência);

Isso abrange amar a alguém, ou experimentar a beleza ou a natureza.  

  1. Pela atitude que tomamos em relação ao sofrimento inevitável (valores de aceitação).
    Não se trata de qualquer tipo de sofrimento, mas precisamente daquele que o ser humano não tem como escapar, aquele que é imposto pelo seu destino. Deve-se entender que, nestes casos, o sentido é possível a despeito do sofrimento.

Desde a época em que a logoterapia foi elaborada, as pessoas ficavam intrigadas como uma vida podia permanecer tendo sentido conquanto os seus aspectos trágicos.

Isto é possível justamente através dos valores de aceitação.

Frankl esclareceu essa questão do sofrimento a partir da ideia de tríade trágica e de otimismo trágico.

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