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História do Brasil
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Entenda como foram os primeiros contatos entre portugueses e indígenas. Curiosamente, as escolas não ensinam assim

Em 1500, com a chegada da frota de Cabral, houve os primeiros contatos entre portugueses e indígenas. Entenda de uma vez por todas como foi esse encontro.

Por
Redação Brasil Paralelo
Publicado em
3/9/2021 13:21
Portugueses se encontram com os índios

Violência, extermínio e submissão. Ainda hoje vigora a narrativa de que o primeiro contato entre portugueses e indígenas foi assim.  Será que essa narrativa está realmente alinhada a todos os fatos?

Os índios nunca tinham visto pessoas como aquelas e com tais roupas. Nunca tinham visto tantos utensílios nem animais diferentes. Por outro lado, os portugueses tiveram uma primeira reação inesperada.

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O que você vai encontrar neste artigo?

Como foi o primeiro contato dos portugueses com os índios?

O primeiro contato entre portugueses e índios foi marcado pelo espanto diante do novo, do diferente. Inicialmente, não houve violência, mas sim um contato amistoso e movido por boa disposição.

Os próprios índios, ao avistarem as caravelas no mar, algo completamente novo, tomaram suas embarcações e navegaram ao encontro dessa novidade. Os portugueses se depararam com um povo completamente diferente, que trajava poucas roupas e falava uma língua estranha.

Não foi a violência da dominação portuguesa, nem a agressividade do indígena. A curiosidade foi a marca deste evento. Os diferentes povos buscaram maneiras de se comunicar e se fazer entender.

Em 22 de abril de 1500, a frota de Pedro Álvares Cabral aportou na Bahia, em um local ocupado pelas tribos Tupi-Guarani. Esse fato foi importante e singular. Pois nessa região, as tribos tinham um caráter menos violento, facilitando a primeira conversa entre portugueses e índios.

A história seria outra se os portugueses tivessem desembarcado perto de tribos como a dos Aimorés ou dos Botocudos, conhecidos pela violência e instinto guerreiro.

No encontro, os índios se interessaram pelos adornos e trajes portugueses, seus pingentes de ouro e rosários pendurados no pescoço. Muitos trocaram cocares por esses objetos.

Devido à recepção amigável e à curiosidade face a uma nova cultura, o olhar atento e interessado estava presente nos dois lados, tanto portugueses, como indígenas.

Dois animais que foram trazidos pelos portugueses despertaram a curiosidade dos indígenas: o cachorro e a galinha. Nenhum deles era uma espécie encontrada no território sul americano.

Pero Vaz de Caminha relata a cômica cena de índios fugindo de uma pequena galinha. Os índios igualmente ofereceram objetos raros na troca, como penas de araras, que adornavam o cocar de membros mais imponentes da tribo.

Outros objetos portugueses foram oferecidos: machados, facões e espelhos. Em troca, os índios entregaram o Pau-Brasil, árvore que atendeu uma grande demanda financeira dos europeus.

Contexto do Reino de Portugal

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Portugal foi pioneiro nas Grandes Navegações europeias do século XV. Os principais fatores que explicam seu pioneirismo são:

  1. Localização geográfica litorânea;
  2. Centralização precoce do Estado;
  3. Financiamento do rei e da burguesia;
  4. Desenvolvimento de técnicas e tecnologias navais.
  • Você pode ler sobre o início da aventura portuguesa no mar. Antes deles velejarem, lutaram por séculos contra os muçulmanos. Leia o artigo com a história da Reconquista da Península Ibérica.

Em 1415, Portugal empreendeu sua primeira grande navegação no Oceano, alcançando a ilha de Ceuta, no norte da África. O desejo português era encontrar uma nova rota para o oriente, já que o Império Otomano havia fechado as portas do comércio oriental para a Europa.

Era necessário atravessar todo o contorno do continente africano, o chamado Périplo Africano, para se alcançar a Ásia.

Porém, o caminho não era tão simples. Na parte sul da África havia uma corrente marítima que afundava qualquer caravela que tentasse atravessá-la: o Cabo das Tormentas.

Somente em 1488, Portugal conseguiu atravessar o Cabo e alcançar a Ásia. A frota de Bartolomeu Dias protagonizou esse grande feito. E assim o Cabo das Tormentas passou a ser o Cabo da Boa Esperança.

Enquanto Portugal enfrentava o contorno da África, a Espanha também entrou na corrida marítima. Em 1492, a frota de Cristóvão Colombo descobriu o novo continente.

A grande teoria que explica a travessia portuguesa é a de que os navegantes utilizaram da circum-navegação. Ao invés de traçar a rota em linha reta, a embarcação descrevia círculos para alcançar seu destino.

Alguns historiadores supõem que, na circum-navegação da África, os navegadores podem ter avistado terra a oeste, quando esperavam avistá-la somente a leste.

Os Principais Tratados de Navegação entre Portugal e Espanha

Portugal e Espanha disputavam os domínios ultramarinos.

Para evitar confrontos, os dois reinos optaram por firmar um acordo de divisão dos territórios além-mar. Com a mediação do Papa Alexandre VI na Bula Inter Caetera, dividiram o mundo em duas partes: o leste para Portugal e o oeste para a Espanha.

O traço firmado na divisão de 1493 estava a 100 léguas da ilha de Cabo Verde. Mas Portugal, sabendo da possibilidade de terras a oeste da África no Hemisfério Sul, elaborou um novo tratado com a Espanha: o famoso Tratado de Tordesilhas.

Assim, a divisória passaria a 372 léguas a oeste da ilha de Cabo Verde. O que foi o suficiente para Portugal ter direito à posse do litoral brasileiro.

No dia 22 de abril de 1500, Pedro Álvares Cabral, Grão-Mestre da Ordem de Cristo, conduziu 13 caravelas portuguesas que chegaram ao Brasil.

  • Embora a história do Brasil esteja repleta de heróis e feitos marcantes, grande parte do ensino moderno não aborda esses episódios com a devida atenção. Para mudar isso, a Brasil Paralelo produziu uma série de documentários exclusiva - assista aqui gratuitamente!

Descobrimento do Brasil? Invasão? Achamento?

Quando se discute como foram os primeiros contatos entre portugueses e indígenas, outro tema sempre vem à tona: Qual o termo adequado para a chegada dos portugueses?

Quem defende o descobrimento, é bombardeado por defensores da tese que o Brasil já havia sido descoberto pelos índios. Nesse caso, os portugueses tomaram as terras que pertenciam aos indígenas por direito.

Para outros, a opção de invasão é adequada à visão de violência e genocídio português. Alguns grupos de historiadores ensinam que os índios viviam tranquilamente quando o europeu chegou semeando a desordem.

E, por fim, existe a opção neutra, a de um achamento. Os portugueses acharam um território novo que já era habitado por outro povo.

Dois pontos são necessários entender para bem considerar essa questão:

  1. Os índios não tinham compreensão de posse ou de propriedade da terra;
  2. Tanto o português quanto o índio experimentaram um grande descobrimento em 1500.

Os índios habitavam uma pequena parcela de um território vasto. Uma grande floresta de vegetação alta e densa. O horizonte parecia ser infinito e os povos preocupavam-se apenas em demarcar a área de suas tribos.

Muitos povos eram até seminômades, tendo ainda menos apego à terra. Portanto, invasão é um termo apropriado apenas para ataques a tribos, quando estes ocorriam.

A ideia de achamento, apesar da neutralidade, traz um erro na sua formulação, como se o território no continente americano fosse um grande fruto do acaso e que os portugueses um dia tiveram a sorte de encontrar.

Essa tese do acaso, em muitas escolas, ainda é ensinada.

Como há um momento de encontro de dois povos que nunca se viram, o termo descobrimento é adequado. Os índios encontraram um homem novo, que portavam objetos, roupas, armas e até animais que nunca viram antes.

Os europeus também se depararam com um território completamente novo, um povo nativo com uma língua nunca ouvida e com hábitos peculiares, além de uma fauna e flora ainda não conhecida.

Desse modo, tendo-se em vista o encontro entre duas culturas desconhecidas, é possível nomear o encontro entre europeus e indígenas de descobrimento.

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