O número de pais que adotam dietas vegetarianas ou veganas para si e para seus filhos vem aumentando. O que não tem recebido muita atenção são as consequências disso principalmente em crianças e adolescentes. O impacto da deficiência de proteínas na saúde é um dos principais problemas que está deixando pediatras e nutricionistas sob alerta.
Estudos recentes mostram que o baixo consumo de proteína em crianças está associado a deficiência cognitiva.
Os principais problemas infantis associados à baixa ingestão de proteína são:
- deficiência cognitiva;
- menor índice de interações sociais;
- redução das funções neurológicas;
- redução da massa corporal;
- redução da performance psicomotora e psicoeducacional.
“Uma dieta com quantidades adequadas de proteína animal, principalmente para crianças, é essencial para o desempenho cognitivo, motor, visual e também comportamental, afetando a pessoa por toda a vida.
Quanto melhor alimentarmos nossas crianças fornecendo bovinos, aves, suínos, ovinos e pescados, incluindo as vísceras desses animais, mais vitaminas e minerais biodisponíveis estaremos ofertando para a formação de hormônios, neurotransmissores, estruturas (vísceras, pele, cabelo, músculos) e para a produção de energia, que são elementos essenciais para o bom funcionamento do organismo e da vida humana como um todo.” afirma a Doutora Nicole Ollivieri.
A Doutora Nicole Ollivieri é Médica e Psicoterapeuta, pós-graduada em nutrologia e psiquiatria, a declaração foi dada em entrevista exclusiva ao Portal da Brasil Paralelo.
Os principais estudos consultados pela doutora que foram utilizados para elaboração deste texto são:
- Recomendaciones del Comité de Nutrición y Lactancia Materna de la Asociación Española de Pediatría sobre las dietas vegetarianas - 2020;
- Early protein intake predicts functioRecomendaciones del Comité de Nutrición y Lactancia Materna de la Asociación Española de Pediatría sobre las dietas vegetarianas - ScienceDirectnal connectivity and neurocognition in preterm born children - estudo feito pelo departamento de pediatria e outros grupos de universidades como a Western University, University of Toronto, University of Waterloo e University of Auckland, em 2021;
- Nutritional Support of Neurodevelopment and Cognitive Function in Infants and Young Children - An Update and Novel Insights - pesquisa feita em parceria por diversos institutos ao redor do mundo, como a University of Surrey, o Departamento Geral de Psicologia da University of Padova e o Departamento de Pediatria do Universitas Idonesia;
- Nota Técnica sobre a Vitamina B12 do Conselho Regional de Farmácia do Estado de Minas Gerais.
Estudos sobre famílias com dietas vegetarianas
Segundo estudos do Comitê de Nutrição e Lactância Materna da Associação Espanhola de Pediatria, na Europa o número de famílias que adota uma dieta vegetariana chega a:
- 1,2 - 1,5% da população em Portugal e na Espanha;
- 7% da população do Reino Unido;
- 10% da população da Alemanha.
Ainda segundo o Comitê de Nutrição e Lactância Materna da Associação Espanhola de Pediatria, tabelas nutricionais de suplementação tem sido o caminho para contornar o problema:
“Existe uma escassez de dados sobre o impacto a médio e longo prazo de eliminar os produtos de origem animal da dieta das crianças, em especial dos menores. Porém, nos últimos anos estão sendo publicadas ferramentas (tabelas de intercâmbio de alimentos, recomendações de suplementação) que facilitam o cumprimento de uma dieta vegetariana diminuindo o risco de deficiências”.
Esse Comitê de Nutrição afirma que há uma redução do risco, mas a suplementação é incapaz de suprir plenamente as necessidades de proteína das crianças. Além disso, alimentos de origem natural são trocados por processados e sintéticos.
Para a Doutora Nicole Ollivieri:
“Comer, digerir e biologicamente processar ‘alimentos de verdade’ é fisiologicamente superior à suplementação, que pode sim complementá-los em caso de deficiências, mas jamais substituí-los.”
Segundo a associação espanhola, as famílias que elegem estilos de alimentação veganos ou vegetarianos, fazem a escolha com base em “razões éticas ou ecológicas, e com menos frequência por razões de saúde”.
Para a Sociedade Europeia de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição Pediátrica, as consequências da deficiência de proteína podem ser graves.
A Academia Americana de Nutrição e Dieta considera que uma dieta vegetariana ou vegana é possível para crianças e adolescentes, ao mesmo tempo em que é provado que eles terão a tendência de apresentar um menor índice de massa corporal.
O vegetarianismo ou veganismo adotado pelas famílias como estilo de vida, por razões ecológicas ou éticas, pode estar prejudicando severamente o desenvolvimento das crianças e adolescentes.
Quais são os riscos do baixo consumo de proteína em crianças?
Atraso cognitivo, baixa energia, menor índice de interação social e com os pais, estresse e inatividade são alguns dos problemas apontados pelos estudos da pesquisa Nutritional Support of Neurodevelopment and Cognitive Function in Infants and Young Children - An Update and Novel Insights que mostram o risco da deficiência de proteína nas crianças e adolescentes.
A necessidade de ingestão da proteína vem desde o período da gravidez. O estudo apresentou uma pesquisa com crianças nascidas prematuras e observadas até os 7 anos. As crianças que indicam resultados melhores no desenvolvimento cognitivo e nas funções neurológicas, são os filhos das mães que ingeriram doses maiores de proteína.
Outro resultado apresentado foi que a nutrição associada a doses maiores de proteína pode proteger a estrutura cerebral e seu desenvolvimento funcional em prematuros. Nas crianças que foram observadas a maior ingestão do macronutriente, observou-se um maior volume cerebral, o que está diretamente relacionado a QIs mais altos.
Importância da vitamina B12, absorvida em alimentos de origem animal
Além da proteína, vitaminas essenciais como a B12 são absorvidas em alimentos de origem animal. Uma pesquisa realizada no Nepal demonstrou que crianças de até 24 meses que possuem mães repletas de vitamina B12, apresentaram melhor desenvolvimento, performance social e habilidades visuais e espaciais na idade de 5 anos.
“Aos 18 meses de intervenção, as mães das crianças que receberam suplementos (vitamina B12) puderam observar interações mais complexas com seus filhos, que eram mais incansáveis, ativos, exigentes e desobedientes que os não suplementados. Os resultados sugerem um efeito benéfico da suplementação de proteína (e energia) nos padrões de comportamento junto à família, com as crianças mais ativas provocando mais os estímulos dos pais.”.
Segundo os pesquisadores, os resultados indicam que a suplementação de proteína durante a infância melhorou a performance psico-educacional das crianças. O teste foi feito com crianças da Guatemala:
“As crianças guatemalnesas que foram expostas à suplementação de proteína obtiveram resultados significativamente maiores que as demais nos testes de conhecimento, amplitude numérica, leitura e vocabulário, em comparação com crianças que receberam suplementação de energia”.
Segundo uma nota técnica do Conselho Regional de Farmácia do Estado de Minas Gerais, a vitamina B12 “é de uma família de compostos denominados de cobalaminas. É uma vitamina hidrossolúvel, sintetizada exclusivamente por microrganismos, encontrada em praticamente todos os tecidos animais e estocada primariamente no fígado na forma de adenosilcobalamina. A fonte natural de vitamina B12 na dieta humana restringe-se a alimentos de origem animal, especialmente leite, carne e ovos”.
A vitamina B12 é exclusiva de origem animal, obrigando vegetarianos e veganos a suplementá-la.



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