Trump afirmou que o uso de Tylenol durante a gravidez pode estar associado a um aumento no risco de autismo.
O presidente comentou que comunidades que não tomam vacinas ou remédios têm uma incidência menor de autismo:
"Posso dizer que há certos grupos de pessoas que não tomam vacinas e não tomam nenhum remédio, e não têm autismo... os amish, por exemplo, eles essencialmente não têm autismo."
Segundo o presidente, a Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA) passará a recomendar que gestantes evitem tomar o remédio durante a gravidez:
“Eles estão recomendando fortemente que as mulheres limitem o uso de Tylenol durante a gravidez, a menos que seja clinicamente necessário. Por exemplo, em casos de febre extremamente alta”.
Algumas gestantes que não apoiam o presidente estão divulgando vídeos usando o medicamento para contradizer as recomendações dele.
Nos vídeos, inserem legendas com críticas ao governo americano ou afirmam ter certeza que seus filhos não terão autismo:
A Agência Europeia de Medicamentos (EMA), órgão da União Europeia que supervisiona medicamentos, emitiu uma nota afirmando que não vai mudar a política sobre o Tylenol.
Segundo o departamento, o paracetamol pode ser usado durante a gravidez, mas em menor dose e pelo menor tempo possível.
Estudos realizados pelo órgão em 2019 não estabeleceram nenhuma ligação entre o uso do medicamento por gestantes e distúrbios do neurodesenvolvimento.
“O paracetamol continua sendo uma opção importante para tratar dor ou febre em mulheres grávidas… Não encontramos evidências de que o uso de paracetamol durante a gravidez cause autismo em crianças”, afirmou o diretor médico da EMA, Steffen Thirstrup.
O porta-voz da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tarik Jašarević, também se posicionou contra o anúncio de Trump.
Durante uma coletiva de imprensa na sede da organização em Genebra ele chegou a dizer que “as evidências permanecem inconsistentes”.
A Organização também chegou a liberar uma nota afirmando que a fala de Trump não condiz com a realidade:
“A Organização Mundial da Saúde (OMS) enfatiza que atualmente não há evidências científicas conclusivas que confirmem uma possível ligação entre o autismo e o uso de paracetamol (também conhecido como paracetamol) durante a gravidez.”
A Organização alega que estudos realizados ao longo das últimas décadas poderiam refutar as declarações do presidente americano:
“Pesquisas extensas foram realizadas na última década, incluindo estudos em larga escala, investigando as ligações entre o uso de paracetamol durante a gravidez e o autismo. Até o momento, nenhuma associação consistente foi estabelecida.”
O ministro da Saúde do Brasil, Alexandre Padilha divulgou um vídeo em sua conta no X no qual ele afirmou que o remédio não causa autismo:
“Não existe nenhum estudo que comprove uma relação entre o Paracetamol e o Tylenol com o autismo.”
Ele seguiu afirmando que o anúncio do ex-presidente “coloca a vida da mulher e a vida do seu bebê em risco”.
Apesar disso, a própria conta da Tylenol publicou uma mensagem em 2017 afirmando que os medicamentos não eram recomendados para gestantes:
“Na realidade, nós não recomendamos nenhum de nossos produtos durante a gravidez. Obrigado por tomar seu tempo para falar sobre suas preocupações hoje.”
Padilha seguiu falando que o Sistema Único de Saúde tem criado novas políticas para atender pessoas com autismo:
“Nós, do governo federal, estamos inovando no SUS novos métodos diagnósticos, formação dos profissionais e novos serviços para cuidar de forma digna e não desrespeitar quem vive com Transtorno do Espectro Autista.”
O doutor Marty Makary, comissário responsável pela Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA), falou sobre o anúncio.
Ele comentou que o número de diagnósticos de autismo tem crescido exponencialmente ao longo das últimas décadas e não há um motivo confirmado:
“Nós temos uma epidemia de autismo que aumentou 400% nas últimas décadas e nós não temos uma causa conhecida.”
Diante desse cenário, avalia que é necessário alertar os pais diante da suspeita de que o Tylenol pode causar o transtorno:
“Agora, isso pode ser uma causa, mas quando você tiver suficiente evidência para sugerir uma associação e você não tem outra causa plausível, nós temos a responsabilidade de notificar parentes e médicos.”
Um estudo realizado pelo departamento de saúde pública de Harvard aponta para a possibilidade de correlação entre o uso do medicamento e transtornos como autismo e TDAH.
A pesquisa recomenda que gestantes evitem o consumo do medicamento durante a gravides, porém não é conclusivo sobre a correlação entre o medicamento e o transtorno.
Cientistas não podem realizar ensaios clínicos para ver os impactos do medicamento nos fetos humanos, pois seria antiético.
Isso faz com que as pesquisas sejam realizadas em ambientes não controlados, principalmente porque Tylenol é um remédio de venda livre amplamente difundido.
Como um veículo independente, não aceitamos dinheiro público. O que financia nossa estrutura são as assinaturas de cada pessoa que acredita em nossa causa.
Quanto mais pessoas tivermos conosco nesta missão, mais longe iremos. Por isso, agradecemos o apoio de todos.
Seja também um membro da Brasil Paralelo e nos ajude a expandir nosso jornalismo.
Cupom aplicado 37% OFF
Cupom aplicado 62% OFF
MAIOR DESCONTO
Cupom aplicado 54% OFF
Assine e tenha 12 meses de acesso a todo o catálogo e aos próximos lançamentos da BP